Valor Econômico
Nos levantamentos de algumas semanas atrás o
apresentador José
Luiz Datena (PSDB) estancou sua queda nas pesquisas eleitorais de São Paulo e até ganhou
alguns pontos, conforme a sondagem. O marco imediatamente anterior havia sido
a cadeirada dada
em Pablo Marçal (PRTB)
no debate da TV Cultura. No Datafolha desta
semana, quem oscilou para cima foi Pablo Marçal e Tabata Amaral (PSB). O
grande fato dos últimos dias foi o soco dado
por um assessor de Marçal em um assessor do prefeito e candidato à
reeleição, Ricardo
Nunes (MDB), no debate do Flow, mesma ocasião em que
Tabata chamou atenção por falar palavrões ao atender jornalistas.
O lamaçal de agressividade em que a campanha de São Paulo foi atirada, aparentemente, premia os exaltados — a julgar pela pesquisa divulgada nesta quinta-feira (26). Pablo Marçal subiu de 19% para 21% e novamente está em empate estatístico com Guilherme Boulos (Psol), que desceu de 26% para 25%. Nada mudou para Ricardo Nunes, com 27%. No pelotão de baixo, Tabata foi de 8% para 9% e Datena permaneceu com seus 6%.
Esse resultado deve estimular Boulos a
desencadear uma campanha de voto útil contra Tabata porque a presença da
esquerda no segundo turno em São Paulo não está assegurada. O candidato do Psol
não tem conseguido engrenar no eleitorado tradicional lulista, que são as
regiões periféricas da cidade e os segmentos de renda mais baixa. Na faixa até
dois salários mínimos, Boulos está 11 pontos percentuais atrás de Nunes. Só lhe
resta, a dez dias da eleição, tentar avançar sobre o eleitorado da quarta
colocada.
Para Nunes o resultado também é perigoso. O
prefeito está liderando na pesquisa estimulada, mas seu índice na espontânea é
muito baixo e não evoluiu. Nunes manteve os 16% da semana passada. Já Marçal
está em uma lenta trajetória de recuperação. Tinha 14% há duas semanas, na
semana passada pontuou 15%, agora 16%. Esse é o voto do eleitor mais convicto.
Nessa métrica, Boulos recuou de 23% para 21%. O resultado na espontânea indica
que a ida de Pablo Marçal (PRTB) ao segundo turno não pode ser descartada. Se Marçal
tem um teto baixo, parece ter um piso alto.
A dez dias da eleição, a pesquisa espontânea
tende a se aproximar da estimulada. Isso é precisamente o que ocorre com Boulos
e com Marçal. Em relação a Nunes a diferença é muito grande. É um sinal
preocupante para o emedebista, que vinha evoluindo bem na espontânea. De 7%
para 10%, depois 14%, depois 16% na semana passada. Agora parou. A avaliação de
governo de Nunes também não vai bem. Conta com 27% de bom e ótimo, ante 23% de
ruim e péssimo. Normalmente a campanha eleitoral de um candidato à reeleição
tende a tracionar para cima a avaliação de sua administração. Não é o que
acontece em São Paulo.
Marçal consolidou-se no patamar de 20% e até melhorou nas duas métricas onde vai pior: entre as mulheres (de 12% para 16%) e na faixa etária acima de 60 anos (de 12% para 13%). Onde ele vai melhor é entre os eleitores que votaram em Jair Bolsonaro para presidente em 2022. Esse recorte não estava disponível em relação ao Datafolha até o momento em que essa análise era escrita, mas na pesquisa Quaest feita entre 21 e 23 de setembro Marçal tinha 44% nesse segmento, ante 35% de Nunes. Bolsonaro está deixando claro desde o dia 7 de setembro que não apoia Marçal nessas eleições, mas o que as pesquisas deixam patente é que o bolsonarismo é maior que Bolsonaro.
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