*Montesquieu (1689-1755). ‘O Espírito das leis’ (1748), Prefácio, p. 28. Editora Nova Cultura, 2005 (Tradução de Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodrigues)
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
sábado, 27 de dezembro de 2025
Opinião do dia - Montesquieu* (Batalha das ideias)
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
É precipitada a acareação com BC no caso Master
Por O Globo
Decisão de Toffoli antes do Ano Novo e à
revelia da PGR reforça sensação de pressão para intimidar a autoridade
monetária
Tem gerado incômodo e estranheza a pressão sobre os técnicos do Banco Central (BC) que determinaram a liquidação extrajudicial do Banco Master, do banqueiro Daniel Vorcaro. Depois de um pedido de esclarecimentos do Tribunal de Contas da União (TCU) — organismo do Legislativo sem poder de supervisão sobre a autoridade monetária —, o ministro Dias Toffoli, relator do caso Master no Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para a próxima terça-feira uma acareação entre Vorcaro, o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Paulo Henrique Costa e o diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino Santos (Aquino não é investigado).
À espera de 2026. Por Marco Aurélio Nogueira
O Estado de S. Paulo
No próximo ano, a maioria dos eleitores fará escolhas. Sem entusiasmo. Há um mal-estar que gera tédio e cansaço. Justifica o não-voto, alimenta a indiferença
2025 termina. Houve de tudo nele: tensões
entre os Poderes, crime organizado, queda de energia em São Paulo, bloqueio e
desbloqueio de Donald Trump, protagonismo do Supremo Tribunal Federal (STF),
déficit fiscal, insegurança pública, condenação e prisão de oficiais militares,
um ex-presidente na cadeia.
O que nos reservará 2026, um ano de eleições? Tudo indica que a batalha será campal. Inimigos dispostos a esmagar o que houver pela frente. Não por ideias ou projetos, mas por poder e posições. Batalha concentrada no Executivo, sem valorizar o Legislativo. No fim dela, quem serão os derrotados?
2026 demandará sorte e virtude. Por Oscar Vilhena Vieira
Folha de S. Paulo
O sistema político brasileiro dá claros
sinais de que está em transição
Não estou confiante que a vida na nossa
República contribuirá para aplacar nossas angústias cidadãs
Desejo às generosas leitoras e leitores dessa
coluna, mas também a todas e todos que entrarão o ano com o pé direito,
esquerdo ou com os dois pés, como sugere Fernanda
Torres, um excelente ano, ainda que não esteja confiante que a vida
na nossa República contribuirá para aplacar nossas angústias cidadãs.
O sistema político brasileiro dá claros sinais de que está em transição, sabe-se lá para onde. O presidencialismo de coalizão, sob a dominância do Executivo, eleito majoritariamente, que contribuiu para avanços incrementais ao longo das primeiras décadas da Nova República, hoje se organiza sob a dominância do parlamento, eleito proporcionalmente, gerando dúvidas sobre a capacidade de esse modelo promover os mesmos avanços.
O que querem os Bolsonaros? Por Hélio Schwartsman
Folha de S. Paulo
Faz sentido lançar Flávio como candidato, se
clã achar que a eleição já é de Lula
Se eles consideram que direita tem chance, o
lógico seria buscar nome com menos rejeição
Em até quatro meses, o clã precisará definir como se posicionará para o pleito presidencial de outubro. Se os Bolsonaros acharem que a eleição já é de Lula, o mais lógico é seguirem mesmo com a candidatura de Flávio. Seria uma forma de manter em família a força eleitoral da marca Bolsonaro. Se o ex-presidente passar o bastão para Tarcísio de Freitas ou outro postulante da direita, ele abre mão da relevância política que ainda tem.
Os desafios de Lula em 2026. Por Idiana Tomazelli
Folha de S. Paulo
Governo precisa resistir à tentação de pisar no acelerador dos gastos federais
Farra em estados e municípios e situação
ainda frágil de empresas estatais também trazem risco
O governo Lula (PT) chega às portas de 2026 em situação relativamente confortável, com economia crescendo, juros ainda elevados, mas com perspectiva de queda, e avanço em medidas para recompor as finanças (como aumentos de tributos) e honrar promessas ao eleitorado (isenção de Imposto de Renda até R$ 5.000).
Quarteto fantástico. Por Alvaro Costa e Silva
Folha de S. Paulo
Amizade e ambição uniram Cortázar, Vargas
Llosa, García Márquez e Fuentes
A Revolução Cubana primeiro encantou os
escritores e depois os separou
O lugar-comum publicitário inventou uma
fórmula para atrair o leitor desacostumado aos livros de não ficção: garantir
que estes podem ser lidos como um romance. Raramente isso é verdade. "As
Cartas do Boom" tem essa mágica, com a vantagem de que o tema
central é a arte
de escrever romances.
Não quaisquer romances. O livro recém-lançado mostra a gestação e registra o impacto de quatro obras —"A Morte de Artêmio Cruz", "O Jogo da Amarelinha", "A Cidade e os Cachorros", "Cem Anos de Solidão"— que obtiveram êxito de público e alta estima crítica, sacudindo a roseira da literatura na segunda metade do século 20.
Guerra na fronteira Norte. Por André Gustavo Stumpf
Correio Braziliense
Donald Trump está esperando a melhor hora
para atacar. Quando, onde e como é a incógnita. O Exército brasileiro tomou
suas cautelas
O presidente Donald Trump não mobilizou um gigantesco aparato militar, com porta-aviões, dezenas de caças de última geração, submarino nuclear, helicópteros moderníssimos e pessoal especializado, para as costas da Venezuela apenas para tirar fotografia e aparecer nas primeiras páginas dos principais jornais do mundo. Militares norte-americanos já abordaram alguns navios que deixavam os portos daquele país e mataram mais de 100 pessoas que viajavam em lanchas rápidas, que, segundo os porta-vozes militares, transportavam drogas. O norte-americano está esperando a melhor hora para atacar. Quando, onde e como é a incógnita.
O Poder Judiciário e a mulher de César. Por Orlando Thomé Cordeiro
Correio Braziliense
É inadiável a criação de um código de conduta
para o STF. Porém, não me parece que devamos nos limitar a qualquer documento
que venha a ser construído exclusivamente pelos magistrados
"Não poderia, nessa direção, deixar de fazer referência à proposta, ainda em gestação, de debatermos um conjunto de diretrizes éticas para a magistratura. Considerando o corpo expressivo que vem espontaneamente tomando o tema no debate público, dirijo-me à eminente ministra e aos eminentes ministros e, também, à sociedade brasileira para dizer que o diálogo será o compasso desse debate. O país precisa de paz — e o Judiciário tem o dever de semear paz."
O País avança, mas tropeça nas sandálias. Por Fabio Gallo
O Estado de S. Paulo
Quando deveríamos discutir educação e produtividade, o ‘pé para virar o ano’ vira questão nacional
Enquanto a Síria é eleita o país do ano, nós ficamos presos à polêmica das sandálias Havaianas. A revista britânica The Economist elegeu o país do Oriente Médio como o que mais evoluiu em 2025, o que mais avançou em termos políticos, sociais e econômicos. A publicação não elegeu o “país mais rico” ou o “mais poderoso”, mas aquele que mais evoluiu com mudanças profundas em várias dimensões da vida nacional.
O avesso da esperança. Por Flávia Oliveira
O Globo
Não é possível que duas crianças feitas órfãs
durante a celebração do nascimento de Jesus não nos façam lutar por um país em
que mães e filhos tenham direito à convivência, à vida, ao futuro
Na noite em que boa parte do chamado Ocidente celebrava, em comunhão, o nascimento de um menino, uma mãe morreu no Brasil. Tainara Souza Santos, vendedora autônoma, 31 anos, dois filhos, partiu na noite de Natal após 25 dias de internação decorrente da brutalidade que ameaça meninas, jovens e mulheres no país. Foi vítima de feminicídio perpetrado por um homem com quem teve breve relacionamento, mas que dela sentia-se dono, senhor da vida, autor da morte. O assassino, Douglas Alves da Silva, 26 anos, atropelou e arrastou Tainara por um quilômetro da Marginal Tietê, em São Paulo, no penúltimo dia de novembro. Ela teve as duas pernas amputadas, passou por cinco cirurgias e, no início desta semana, parou de responder às medicações.
A dança da solidão. Por Eduardo Affonso
O Globo
Estarmos sós nos obriga a ser inteiros,
autônomos. A não ter medo do silêncio — ou de escutar a própria voz. E isso dá
trabalho
‘Solidão é lava/que cobre tudo’, cantava
Paulinho da Viola. “Triste é viver na solidão”, já tinha dito Tom Jobim. Num
belo artigo publicado no GLOBO dois meses atrás, a cardiologista Ludhmila
Hajjar fez diagnóstico parecido e prescreveu:
— A solidão é uma dor moderna que ameaça nossa saúde tanto quanto as doenças clássicas. Ela fragiliza o corpo e o espírito. O antídoto está na conexão, com a família, os amigos, a comunidade.
O brasileiro esse desconfiado. Por Thaís Oyama
O Globo
Um código de conduta para os juízes do STF
poderia contribuir para elevar os subterrâneos níveis da confiança nacional
O brasileiro não confia em ninguém. Entre cem povos do mundo, o do Brasil só é menos desconfiado que o do Zimbábue. O alto grau de desconfiança nacional foi constatado em pesquisa do World Values Survey divulgada em 2023 e confirmado agora, no recém-lançado livro “O Brasil no espelho”, do cientista político e CEO da Quaest, Felipe Nunes. De acordo com o livro, com base em levantamento com 10 mil pessoas, 6% dos brasileiros concordam com a afirmação: “Podemos confiar na maioria das pessoas”. Os outros 94% ficam com a frase: “É preciso ser muito cuidadoso com as pessoas”.
Delírios imperiais. Por Luiz Gonzaga Belluzzo
CartaCapital
Trump repete, na sua farsa trágica, a desdita
da Inglaterra
No prólogo de O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, famoso texto de Karl Marx, Herbert Marcuse escreve: “A análise que Marx faz do processo de evolução da Revolução de 1848 para o domínio autoritário de Luís Bonaparte antecipa a dinâmica da sociedade burguesa avançada: a liquidação do seu período liberal que se consuma em razão da sua própria estrutura”. Marcuse destaca as alterações que emergiram nas sociedades burguesas promovidas pelas forças que se movem nos subterrâneos. “A liquidação do seu período liberal que se consuma em razão de sua própria estrutura.” Isso permite ao filósofo da Escola de Frankfurt modificar o conhecido parágrafo de abertura do 18 de Brumário. No século XX, diz Marcuse, o horror do nazifascismo exige “uma correção das sentenças introdutórias de O 18 de Brumário: os ‘fatos e personagens da história mundial’ que ocorrem, ‘por assim dizer, duas vezes’, na segunda vez não ocorrem mais como ‘farsa’. Ou melhor: a farsa é mais terrível do que a tragédia à qual ela segue”.
O único poder moderador. Por Eugênia Gonzaga
CartaCapital
Um país democrático submete-se à
Constituição, não aos esbirros dos generais
E do senso comum a ideia de que um poder
autoritário, em regra militar, pode trazer mais segurança para a população. Mas
é muito equivocada. Em um poder autoritário, aqueles que detêm as “armas”
terminam por entrar nos lares, matar e violar cidadãos, como o filme Ainda
Estou Aqui mostrou tão didaticamente ao mundo.
Desde Aristóteles se defende que, entre todas as formas de governo, a República Democrática, que pode não ser perfeita, até porque não existiria regime perfeito, é aquela que de fato é mais eficaz para o enfrentamento de mazelas como a violência, a corrupção e a desigualdade social, às quais todo país pode estar sujeito. E, para ser uma República Democrática, é preciso que o país seja regido por leis (poder civil), não por armas (poder militar ou governos autoritários). Aliás, para evitar que os “coturnos” pisoteiem vidas, é preciso que as “armas’ estejam subordinadas ao poder civil, ou seja, a uma Constituição (ou leis, em sentido amplo).
À beira de uma grande guerra? Por Renato Janine Ribeiro
CartaCapital
O mundo volta a encarar a ameaça de um conflito global
O mundo parece estar enlouquecendo.
A melhor forma de colocar essa questão é comparar o tempo atual com o da Primeira Guerra Mundial. O que a deflagrou foi um pequeno estopim: um tiro disparado por um jovem doentio, matando o herdeiro do Império Austro-Húngaro em Sarajevo, na Bósnia então ocupada pelos austro-húngaros e disputada pelos sérvios. Isso levou a Áustria-Hungria a dirigir um ultimato à Sérvia, aliada da Rússia, que por sua vez tinha uma aliança com a França, aliada também da Inglaterra. Daí houve todo um conjunto de alianças que levou à guerra, com os alemães e os turcos otomanos dando apoio à Áustria-Hungria. Rapidamente, em pouco mais de um mês, a Europa estava conflagrada. Gente que tinha saído para as férias de verão subitamente se viu privada de voltar, detida em território inimigo. Amigos e parentes estavam uns em guerra contra os outros. (Quem quiser, veja o lindo filme Jules e Jim, de François Truffaut.)
Adeus século XX. Por Jamil Chade
CartaCapital
Os EUA implodem a ordem mundial que garantia
a sua hegemonia
O ano de 2025 colocou fim ao século XX, ao menos na estrutura de poder, nas regras, alianças, acordos e tarifas desenhadas. Desde sua posse, em janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desmontou as instituições criadas após a Segunda Guerra Mundial e que garantiam a hegemonia norte-americana. Trump suspendeu os financiamentos às Nações Unidas e obrigou suas agências a demitir centenas de funcionários e a fechar programas de auxílio. A partir de decretos presidenciais ou rupturas abruptas, colocou um fim ao direito internacional como conhecíamos, relativizou o conceito de soberania, ameaçou invadir territórios estrangeiros, chantageou, deportou, impediu a entrada de refugiados, rasgou as regras internacionais do comércio, do direito humanitário e adotou o nacionalismo econômico e industrial como base de seu modelo de crescimento. Alianças de segurança que pareciam inabaláveis estão em ruínas. Parcerias de 80 anos foram suspensas e a maior máquina militar do mundo agora tem um Departamento da Guerra, não de Defesa.
E o robô vem aí para trabalhar. Por Ivan Alves Filho
sexta-feira, 26 de dezembro de 2025
Opinião do dia – Hannah Arendt*
Surgia assim o problema de como o homem, se tem de viver numa polis, pode viver fora da política. Esse problema, que por vezes apresenta uma estranha semelhança com a nossa própria época, muito rapidamente se converteu na questão de como é possível viver sem pertencer a nenhuma comunidade politicamente organizada, vale dizer, em condições de apolitismo ou o que diríamos em condições de não-cidadania. Ainda mais sério foi o abismo que imediatamente se abriu, e desde então nunca mais se fechou, entre pensamento e ação. Todo pensamento que não seja o mero cálculo dos meios necessários para se obter um fim pretendido ou desejado, mas se ocupe do significado no sentido mais geral, veio a desempenhar o papel de um ”pós-pensamento”, isto é, um pensamento posterior à ação que decidiu e determinou a realidade. A ação, por sua vez, foi relegada à esfera sem significado do aleatório e do fortuito. “
*Hannah Arendt (1906-1975). ‘A promessa da política’, pp.45-6, Difel, Rio de Janeiro, 2008
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
Lula quer fazer diplomacia com dinheiro do BNDES
Por O Globo
Era incensada por ele foi período de
escândalos de corrupção e calotes cobertos com recursos do contribuinte
Na visita que fez a Moçambique no
final de novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva anunciou “estar trabalhando” para que o BNDES volte
a financiar a “internacionalização” de empresas brasileiras. Na prática, Lula
deseja a volta dos anos em que empreiteiras brasileiras, estimuladas pelo
governo, lançaram-se a executar projetos em Cuba, Moçambique ou Angola, com
financiamento do BNDES. Várias dessas operações, realizadas em seus dois
primeiros mandatos e na gestão Dilma Rousseff, resultaram em calotes, bancados
pelo Tesouro — ou seja, pelo contribuinte.
A era incensada por Lula foi também um período de escândalos de corrupção envolvendo essas empreiteiras, desmascarados pela Operação Lava-Jato. Denúncias de pagamento de propinas no exterior, em torno de projetos financiados pelo Brasil, causaram crises políticas profundas nos países onde as empreiteiras brasileiras atuavam. No Peru, dois ex-presidentes — Alejandro Toledo e Ollanta Humala — foram condenados por receber propina da Odebrecht. Na gestão Toledo, o alvo da empreiteira era o projeto de construção de trechos da rodovia Interoceânica Sul. Com Humala, Odebrecht e OAS eram as fontes do financiamento ilegal de campanhas. Outro presidente peruano, Alan Garcia, foi investigado sob a acusação de receber propinas para favorecer a Odebrecht, mas se matou em 2019, quando sua prisão preventiva foi decretada.
As costuras do PT pela reeleição de Lula. Por César Felício
Valor Econômico
Candidaturas a governador encabeçadas pelo
número 13 não devem passar de nove
A divisão da oposição e o foco do
bolsonarismo na disputa pelo Senado criaram uma janela de oportunidade para o
lulismo avançar na construção de palanques regionais que poderão dar
sustentação à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.
Nos últimos meses, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, peregrinou pelo país, tentando tecer esse entramado. Já ficou definido que poucas serão as candidaturas a governador encabeçadas pelo número 13. Não devem passar de nove. São ambições partidárias modestas, dado que em 2022, disputando na oposição, o PT teve cabeça de chapa em 13 Estados. Ou, por outro ângulo, há mais ambição nas alianças.
A revolução urbana na favela. Por José de Souza Martins
Valor Econômico
Heliópolis, que recentemente ganhou um teatro de alto padrão para sua sinfônica, tem se beneficiado de uma sucessão de iniciativas de origem popular
Um mês antes deste Natal, a favela de
Heliópolis, em São Paulo, inaugurou o Teatro Baccarelli, com 530 lugares, de
acústica de alto padrão. Ali é a casa da Orquestra Sinfônica de Heliópolis,
regida pelo maestro Isaac Karabtchevsky, e do Coral Jovem Heliópolis, regido
pelo maestro Otávio Piola.
A orquestra tem se apresentado em diferentes
salas de concerto da cidade de São Paulo, do estado e de outros estados. A
competência profissional de seus músicos tem atraído a visita de grandes nomes
da música interessados em conhecer a experiência.
Sensibilizado por um incêndio, ocorrido em 1996, que destruiu barracos na favela, o maestro Silvio Baccarelli, mineiro, ex-padre, professor de música, morador das proximidades, começou a dar aulas de música para crianças do lugar. A iniciativa expandiu-se e deu nascimento ao Instituto Baccarelli.
Master, ameaça sistêmica à superestrutura financeira e jurídica do país. Por Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
Ao entrar no coração de uma crise bancária
ainda em investigação, o STF corre o risco de ser associado não à solução, mas
à amplificação do problema
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender a acareação determinada no caso do Banco Master e manteve a audiência entre o dono do Master, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Paulo Henrique Costa e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino. Esse procedimento é utilizado em investigações policiais e processos judiciais para confrontar pessoas que apresentaram versões diferentes sobre os mesmos fatos.
Aplique-se a lei de Heloísa. Por Bernardo Mello Franco
O Globo
“Quem for podre que se quebre”, disse
deputada ao defender abertura de CPI
Ao reassumir um mandato parlamentar depois de
18 anos, Heloísa Helena defendeu a abertura de uma CPI para investigar as
traficâncias do Banco Master. A deputada justificou a ideia com um ditado do
sertão: “Quem for podre que se quebre”.
O escândalo do Master não se limita à
aventura de Daniel Vorcaro. O banqueiro só fez o que fez porque contava com
cúmplices no mercado e na política. Ao que tudo indica, sua teia também chegou
ao Judiciário.
A Faria Lima já lavou as mãos. Corretoras que indicaram títulos podres do Master embolsaram o lucro e terceirizaram o prejuízo. Quem investiu mais de R$ 250 mil não poderá apelar ao Fundo Garantidor de Créditos para reaver o que perdeu.
Crise do Supremo invade o Natal. Por Pablo Ortellado
O Globo
O STF parece contar com a gratidão que julga
merecer por ter julgado com determinação os golpistas do 8 de Janeiro. Mas isso
não lhe garante imunidade contra erros
A semana do 25 de dezembro costumava ser uma
semana “morta” no jornalismo. O jornalista que ficava de plantão via esses dias
como ônus duplo: privação do convívio com a família, mas também uma espécie de
sacrifício profissional, porque em geral nada de relevante acontecia. A regra
não se aplica a 2025: cassação de Ramagem e Eduardo Bolsonaro, ação da PF
contra fraude no INSS, adiamento da assinatura do acordo UE-Mercosul, tudo isso
a uma semana ou menos do Natal.
Mas o assunto mais grave destes últimos dias é a crise do Supremo. O STF tem se envolvido em escândalos sucessivos, num momento em que vive crise de confiança aguda. A condução das investigações e do julgamento das “mobilizações antidemocráticas” colocou a Corte no centro do conflito político brasileiro. A dinâmica da polarização fez com que tenha ganhado apoio e confiança de parte da cidadania e, no mesmo movimento, rejeição e desconfiança da outra parte.
O Estado e a insegurança pública. Por Antonio Cláudio Mariz de Oliveira
O Estado de S. Paulo
Reação estatal encobre a deficiência do
sistema de Segurança Pública e dá a falsa impressão de que o Estado está ativo
na impropriamente chamada ‘luta contra o crime’
É inacreditável, chega às raias da
irracionalidade, a movimentação que o Estado brasileiro faz em face do crime,
em especial aquele que abala a opinião pública. Basta uma retrospectiva para
verificar a exatidão desse fato. Crime ocorrido, reação do Legislativo
imediata, na forma de leis punitivas mais rigorosas. O Executivo as promulga e
o Judiciário as cumpre, por vezes, mesmo que inconstitucionais.
Essa já histórica reação tem por objetivo lançar uma cortina de fumaça sobre o olhar da sociedade. Ela encobre a deficiência do sistema de Segurança Pública e passa a dar a falsa impressão de que o Estado está ativo na impropriamente chamada “luta contra o crime”.
Ensinem os filhos a não atropelar meninas. Por Raquel Landim
O Estado de S. Paulo
Na véspera do Natal, morreu Tainara Souza Santos, aos 31 anos, mãe de dois filhos, vítima de feminicídio. Ela sofreu por quase um mês, após ter sido atropelada e arrastada por quase um quilômetro na Marginal do Tietê, ter as duas pernas amputadas e passar por diversas cirurgias.
O nome do assassino é Douglas Alves da Silva. Ele não nega o atropelamento, só diz que não tinha relacionamento com a vítima. O caso é brutal, mas está longe de ser isolado. O Brasil registrou 1.492 feminicídios em 2024, o maior número desde que o crime foi tipificado em 2015. É uma média de quatro mulheres assassinadas todos os dias. É uma epidemia.
Lula poderia acender uma vela para o dólar fraco e para o Banco Central. Por Vinicius Torres Freire
Folha de S. Paulo
Inflação da comida caiu muito ao longo do ano,
o que deu uma força ao prestígio do governo
Moeda fraca dos EUA, arrocho de juros, queda do preço mundial da comida e China ajudaram
A inflação da
comida chegou 8,8% ao ano em dezembro de 2024. Ficou entre 7% e 8% de outubro
do ano passado a maio deste 2025. Terminou
o ano em menos de 2%, na medida do IPCA-15. Deve ficar pouco acima de 1%,
na medida do IPCA, que sai em janeiro.
Quem sabe no Natal o presidente Luiz
Inácio Lula da
Silva tenha feito um agradecimento pela baixa mundial do dólar e do preço da
comida e ao Banco Central,
que contribuíram para conter o preço dos alimentos e a inflação em geral.
No primeiro semestre a popularidade de Lula raspava no fundo do tacho e a oposição dava tapas e rasteiras no governo. A campanha da direita com mentiras sobre o pix e impostos sangrara o prestígio presidencial em janeiro. A carestia fazia uma outra parte do estrago.
Lula deixa direita no chinelo, mas erros vão ser cobrados. Por Marcos Augusto Gonçalves
Folha de S. Paulo
Correios, escândalo do INSS e contas públicas
são problemas do governo que estarão presentes na eleição de 2026
Presidente tem acertos e vai bem em
pesquisas, mas se não sinalizar correções poderá ser ameaçado até por
candidatura biruta
Embora as pesquisas de intenção de voto
mostrem que Lula vai
deixando, em todos os sentidos, a direita no chinelo, o governo, com méritos a
reconhecer, está longe de ser uma maravilha —como mencionei na coluna
passada ao comentar problemas do chamado mercado e da oposição no
cenário para 2026.
Mesmo entre progressistas, alguns equívocos de Lula 3 chamam a atenção. São conhecidas, por exemplo, as reações ao descaso do presidente em relação à diversidade, com a escassa indicação de negros e mulheres para funções de maior destaque. Ambientalistas também têm seus motivos para críticas, caso da polêmica exploração de petróleo na Foz do Amazonas, para ficar no mais clamoroso.
Lula critica, mas cede ao Congresso. Por Dora Kramer
Folha de S. Paulo
O presidente condena volume de emendas, mas
aceita o aumento do valor em troca de folga fiscal no Orçamento
Se há motivo de revolta contra atos do
Legislativo, há também razão para desconfiar da boa-fé dos ataques do Executivo
Mobilizações populares são bem-vindas, úteis
e diria mesmo indispensáveis quando é o caso defender a legalidade, preservar
ou reivindicar direitos ou protestar contra abusos do poder público em quaisquer instâncias da
República.
Mas há sempre o risco de a massa se prestar a manobras de cunho político/eleitoral. Convém, portanto, aos frequentadores desses eventos cívicos avaliar se os legítimos pleitos estarão ou não a serviço de um grupo específico.
A jornalista e o juiz. Por Alex Solnik
Justiça não aceita “off”
Minha colega de profissão, Malu Gaspar, tem
todo o direito de afirmar, sem provas, que nas conversas entre o Juíz Alexandre
de Moraes e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, houve menção ao
Banco Master. O “off” é permitido nas regras do Jornalismo. Os jornalistas são
protegidos pelo “segredo da fonte”.
Para a Justiça, no entanto, as regras são
outras. Não há “off”, nem “segredo da fonte”. Se Malu, uma hipótese, disser a
um juíz que “uma fonte” lhe passou essa informação, ele vai perguntar,
primeiramente: quem foi? Mas não só isso. Para a Justiça não basta dizer que
Fulano disse isso. O juíz vai perguntar: que provas o Fulano tem? Há uma
gravação? Há uma mensagem de texto?
A Justiça trabalha com provas concretas.
Ninguém pode ser condenado porque Fulano disse isso ou aquilo. Se não provar.
O “furo” da Malu não tem valor jurídico.
Começa e termina nas páginas do jornal. Vira assunto de conversa, às vezes até
brigas, não mais que isso.
De outra parte, tanto Galípolo quanto Moraes têm o direito de processar a jornalista por calúnia. E ela terá de mostrar as provas ou, se não as tiver, desmentir seu “furo” para se livrar da condenação."
Malu Gaspar, o Grupo Globo e a Folha: jogo jogado. Por Cláudio Guedes
Buscam uma Lava-Jato 2. O objetivo é quebrar o STF, logo após o tribunal se afirmar como guardião da Constituição e da Democracia.
Em seguida, criar um novo quadro, de país à deriva, para as eleições do ano que vem.
Nada de novo, no ataque às instituições, na pauta a reciclada e velha bandeira de combate à "corrupção". Reúne quase os mesmos operadores do passado.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2025
Opinião do dia - Montesquieu*
*Montesquieu (1689-1755), ‘Do espirito das leis’, p.31, Editora Nova Cultura, 2005
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
STF fracassa em transparência e prestação de contas
Por O Globo
Levou duas semanas para Corte se manifestar
sobre vínculo entre Moraes e Master
Duas condições são críticas para o funcionamento pleno das instituições numa República. Primeiro, elas precisam ser transparentes. Segundo, devem prestar contas regularmente de suas atividades ao público. Em ambos os quesitos, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem falhado sistematicamente. É constrangedor que o Supremo tenha levado tanto tempo para se manifestar sobre as revelações do GLOBO a respeito do caso mais rumoroso que chegou à Corte nos últimos tempos, as suspeitas de falcatruas envolvendo o Banco Master. Mais constrangedor ainda é o processo continuar sob sigilo.
Lula ganha de Motta presente de Natal de R$ 20 bi em aumento de receita. Por Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
No fundo, a reaproximação é um pacto de
sobrevivência para 2026. Motta precisa operar a Câmara sem paralisia; Lula,
evitar que cada votação vire uma crise
Quem estava lá até estranhou o clima de jingle bell no Palácio do Planalto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) — que andavam se estranhando —, na posse do novo ministro do Turismo, Gustavo Feliciano, indicado pelo União Brasil. Ele ocupa a vaga do deputado Celso Sabino (PA), que foi expulso da legenda por insistir em permanecer no cargo quando o partido decidiu derivar à oposição. Com a sigla dividida, uma ala decidiu manter o apoio ao governo.
Em pronunciamento de Natal, Lula cita realizações de 2025 e antecipa bandeiras de 2026
Por Sofia Aguiar / Valor Econômico
Entre elas, o fim da escala 6x1, a segurança
pública e o combate à violência contra a mulher
Em seu tradicional pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão no Natal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou realizações de seu governo e antecipou algumas bandeiras que serão utilizadas na campanha à reeleição de 2026. Entre elas, aparecem o fim da escala 6x1, a segurança pública e o combate à violência contra a mulher. Entre os ativos de 2025, mencionou o enfrentamento ao crime organizado, no qual “nenhum dinheiro ou influência” vai impedir a Polícia Federal “de ir adiante”, e as negociações que amenizaram o tarifaço aplicado pelos Estados Unidos contra o Brasil.
O que acontecia com batatas, árvores, deputados e Havaianas no Natal de 1925. Por Vinicius Torres Freire
Folha de S. Paulo
Parlamentar entrava com o pé direito,
tubérculo virava borracha e fascistas incomodavam
Como ler a Folha natalina de um século
passado e lembrar das notícias de agora
Na véspera do Natal de
1925, a primeira página desta Folha contava
que "chimicos alemães conseguiram, com grande successo, produzir uma
especie de borracha synthetica, fabricada de batatas".
No "dia de hontem no Congresso", o
Senado tratava de "projectos de concessão de favores". As emendas e
os diamantes são eternos.
A Câmara acabava de aprovar a devolução de sete contos de réis para o bispado de Santos, dinheiro bastante para pagar 280 assinaturas anuais da Folha de então ou cinco pianos "nacionaes". O deputado Marrey Junior elogiava um colega estreante, que desaprovara esse projeto "inconstitucional": "O novo deputado entrou com o pé direito", talvez porque não pudesse usar Havaianas.
Febejapá de Natal 2025. Por Conrado Hübner Mendes
Folha de S. Paulo
O Festival de Barbaridades Jurídicas que
Assolam o País deseja boa comilança
Sem vale-peru mas com vale-champanhe, Natal dispensa código de ética
A República brasileira é um "ajuntamento
de piratas mais ou menos diplomados", escreveu Lima Barreto. "‘Comem’
os juristas, ‘comem’ os filósofos, ‘comem’ os médicos, ‘comem’ os advogados,
‘comem’ os poetas, ‘comem’ os romancistas, ‘comem’ os engenheiros, ‘comem’ os
jornalistas: o Brasil é uma vasta ‘comilança’."
"Piratas mais ou menos diplomados" juntam a fome com a vontade de jantar. E com a vontade de pagar entrada em todos os camarotes da vida social: voar no jatinho, navegar no iatinho, participar dos festivais do arranjinho em destinos do vira-latismo colonial, como Lisboa.




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