Eles não podem expressar irrefletidamente a
vontade da população, pois têm também um sentido cognitivo. O governo precisa
elaborar problemas urgentes com base nessas decisões sobre diretrizes. Em uma
democracia, eleições políticas não satisfazem sua determinação sistêmica se
meramente registram a distribuição de preferencias e de prejuízos. Os votos
eleitorais alcançam o peso institucional de decisões civis de um colegislador
somente porque procedem de um processo público de formação da opinião e da
vontade, no que esse processo é controlado pelos prós e contras públicos de
opiniões, argumentos e tomadas de posição livremente flutuantes. As opiniões
dos cidadãos devem primeiramente se constituir a partir da maré dissonante das
contribuições, a luz de uma troca de opiniões publicamente articulada.
De maneira ideal, a política deliberativa se
enraíza em uma sociedade civil que faz um uso anarquista de suas liberdades
comunicativas. Mas, em nossas esferas públicas espaçosas, produzidas
primeiramente pela rede comunicativa de mídias de massa, carece-se não só de
informações e impulsos da parte de uma imprensa espontânea e independente, mas,
em primeira linha, da iniciativa, do esclarecimento e da capacidade de
organização dos partidos políticos.”
*Jürgen Habermas (1929), filósofo e sociólogo
alemão que participa da tradição da teoria crítica, membro da Escola de
Frankfurt. Dedicou sua vida ao estudo da democracia, especialmente por meio de
suas teorias do agir comunicativo, da política deliberativa e da esfera pública.
“Na esteira da tecnocracia”, p.172-3. Editora Unesp, 2014.















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