terça-feira, 18 de novembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Prioridade é reforma administrativa, não reajustes salariais

Por O Globo

Congresso parece mais preocupado em preservar distorções que em tornar Estado mais eficiente, mais justo e mais barato

A multiplicação de aumentos salariais para o funcionalismo público chancelada no Congresso é uma afronta ao bom senso e ao espírito republicano. Apenas o pacote de bondades aprovado na Câmara até o momento supera R$ 22 bilhões em custos, num Orçamento já engessado por gastos fixos que se refletem na crônica crise fiscal vivida por praticamente todos os governos. Evidentemente, como costuma acontecer nessas situações, a pressão de sindicatos por equiparação salarial com outras categorias promete tornar essa conta maior.

Onda conservadora, Por Merval Pereira

O Globo

A prevalência do grupo direitista no Chile fecha um ciclo de renovada onda conservadora na América do Sul

A provável vitória do candidato de ultradireita José Antonio Kast no segundo turno do Chile, onde cerca de 70% dos votos do primeiro turno foram dados para partidos de direita, desenha-se de maneira semelhante à situação atual brasileira. A direita chegou ao segundo turno desunida, mas imediatamente passou de segunda colocada para primeira no fim do primeiro turno. A esquerda estava unida, mas não teve força para obter nem mesmo o mínimo de 30% de votos esperados, embora tenha chegado em primeiro lugar.

A prevalência do grupo direitista no Chile fecha um ciclo de renovada onda conservadora na América do Sul, já governada pela direita na Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador. Na Colômbia, existe a perspectiva de uma vitória da direita, embora o presidente Gustavo Petro, que não pode se reeleger, ainda tenha força política respeitável. Desde a reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos, há uma tendência de união em torno dele do que os críticos já chamam de “internacional reacionária”.

Uma aventura em Belém, por Fernando Gabeira

O Globo

Há muitas questões na Amazônia que continuam insolúveis. A presença do crime organizado é uma delas

A decisão de realizar a COP30 em Belém foi audaciosa. Em termos de público é um sucesso. Cinquenta mil pessoas passaram por aqui. Fisicamente, para mim a COP representou um desafio. Andamos muito, tudo é muito distante. Descrevi o espaço como um gigantesco aeroporto sem cadeiras.

No meu telefone, há um aplicativo que mede meus movimentos. Todos os dias, registrava um recorde e me parabenizava pelo feito, como se fosse um atleta rompendo limites. E eu estava com a língua de fora.

Como em todas as COPs, as negociações se arrastam. Elas tratam dos grandes temas, financiamento, redução de emissões...

Por ser conhecido, tive o privilégio de sentir a diversidade e a riqueza do movimento ambiental. As pessoas me descreviam suas lutas, e gostaria de ter algumas horas de televisão para mostrar tudo isso.

Negociar como um rio amazônico, por Míriam Leitão

O Globo

COP segue seu curso, contorna os obstáculos e os incorpora na busca por consenso climático

A conferência de Belém tem encontrado caminhos sinuosos que contornam obstáculos, mas, ao mesmo tempo, vai negociando os bloqueios e os incluindo na jornada. Lembra um rio amazônico. De início, quatro grandes itens ficaram de fora da agenda. Pois bem, esses quatro agora viraram um só bloco que corre paralelo e pode desembocar no rio principal, o dos temas da agenda. Houve um olho d’água que surgiu inesperadamente, e ele pode desaguar também no comunicado final, o mapa do caminho para a redução gradual dos combustíveis fósseis.

Ontem foi o primeiro dia da etapa decisiva. Esta é a semana dos ministros, dos tomadores de decisão, e eles começaram a chegar para esses cinco dias finais. Um observador me explicou o seguinte: é como se houvesse três grupos, o G-100 com os assuntos que estão na agenda, o G-4, com os itens sobre os quais se conversa em consultas; e o G-Roadmaps, do qual pode sair o roteiro para zerar o desmatamento e abandonar os combustíveis fósseis.

Espionagem com IA, por Pedro Doria

O Globo

Talvez os chineses tenham sido os primeiros. Talvez. O truque, agora, é conhecido. Quem pode já está usando

Em setembro deste ano, a China conduziu um ataque hacker extenso a um grupo de 30 organizações. Não sabemos exatamente quais — governos, estatais, empresas de tecnologia. Sabemos que são, todas, entidades com presença global e que o objetivo do ataque era espionagem. Entrar nos servidores e puxar tanta informação quanto possível. Nada de surpreendente, aí. Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, Israel, os países que têm a capacidade técnica de espionar, espionam. Quem pode conseguir alguma informação que ajude a tomar decisões entendendo os lances que o outro lado está planejando, o faz. Mas esse ataque foi diferente num sentido bastante particular. Os chineses usaram ferramentas de inteligência artificial à disposição de qualquer um. E isso transforma radicalmente o jogo de espionagem.

Ninguém conhece o Novo Marco Legal de Combate ao Crime Organizado, por Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

O conceito legal de “facção criminosa” foi alterado diversas vezes, com termos vagos como “organização criminosa ultraviolenta”. O objetivo de Derrite era unir direita e centro

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou a votação do chamado Novo Marco Legal de Combate ao Crime Organizado hoje. “Segurança pública exige firmeza, mas também garantias e eficiência institucional. Por isso, inseri na pauta de amanhã e a Câmara dos Deputados vai votar o Marco Legal de Combate ao Crime Organizado. É a resposta mais dura da história do Parlamento no enfrentamento do crime organizado”, anunciou na manhã de ontem.

Motta reforçou que o texto “aumenta as penas para integrantes de facções e dificulta o retorno às ruas, também cria e integra os Bancos Nacional e Estaduais de Dados sobre as Organizações Criminosas”. A firmeza do presidente da Câmara contrasta com o conteúdo nebuloso da proposta: ninguém sabe ainda qual versão será votada. O relator Guilherme Derrite (PP-SP), licenciado da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e politicamente alinhado ao governador Tarcísio de Freitas, apresentou quatro versões diferentes — todas polêmicas, todas recusadas, ora pelo governo, ora pela oposição, ora por ambos.

O Brasil ante o cerco da direita no continente, por Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Cenário externo, para Lula, será mais desafiador do que aquele de 2022

Num evento empresarial, o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, usou a passagem pela COP30 como escada para a afirmação de que seu país era um dos mais bonitos do mundo: “Perguntei a alguns jornalistas que estiveram no Brasil. Quem de vocês gostaria de ficar aqui? Ninguém levantou a mão. Todos ficaram felizes por termos voltado, principalmente por termos saído daquele lugar onde estávamos”.

Seis meses depois de ter tomado posse, Friedrich Merz já se tornou um dos dirigentes mais impopulares da história alemã, com apenas 25% de aprovação. Como sua eleição foi considerada o que a Alemanha conseguiu de melhor para evitar a ascensão da extrema-direita, Merz revela mais sobre a encruzilhada política do seu país do que sobre o Brasil.

Sua xenofobia afeta menos a perspectiva do acordo Mercosul-União Europeia do que o amor de Emmanuel Macron pelo Brasil, mas a visão, a partir do poder, na maior economia europeia é um aperitivo sobre um ambiente internacional mais hostil ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026, do que aquele que marcou sua volta ao poder em 2022.

O que a eleição no Chile projeta para o Brasil, por César Felício

Valor Econômico

Base que rejeita Bolsonaro, Milei e Kast é heterogênea e tem pontos de contato com a direita

A ultradireita que viceja na América Latina não vive uma ascensão irresistível. Ela tem um teto, que pode ser transposto ou não caso haja uma comunicação eficiente durante a campanha. No caso da eleição presidencial do Chile, que terá seu segundo turno nas próximas semanas, tudo indica que essa transposição do teto vai acontecer. E o caso chileno poderá servir de modelo para a direita brasileira em 2026.

O segundo turno no Chile irá contrapor a comunista Jeannette Jara, que teve 27% dos votos, ao radical de direita José Antonio Kast, que teve 24%. Mas também são de direita, em menor ou maior grau, o terceiro, quarto e quinto colocado, o que dá a Kast amplo favoritismo na rodada decisiva. Antes de qualquer outra análise essa já é uma fotografia que talvez se repita no Brasil ano que vem: uma direita fragmentada no primeiro turno a se unir no segundo turno diante de um governista com rejeição grande.

Das favelas ao crime, por Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Dos “soldados do tráfico”, 63% ganham 2 salários mínimos e 58% trocariam o crime por emprego

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), prometeu para hoje a votação do projeto antifacções, que ele definiu como “a resposta mais dura da história do Parlamento no enfrentamento do crime organizado”. Espera-se que seja, além de dura, eficaz contra os chefões do crime, que se disfarçam em suas mansões e carrões, e não só contra os “soldados e olheiros”, que ganham pouco, servem de escudo para os mandachuvas e morrem cedo – como quantos dos mortos no Rio?

Nem chefões nem “soldados” são santos, todos são criminosos, mas é preciso combater o crime principalmente pela cabeça, não pelo pé, como desde sempre, até porque a oferta de “soldados e olheiros” é farta, imensa: jovens, pretos e criados em favelas, sem oportunidade de estudar, trabalhar e viver dentro da lei. Um destino escrito nas estrelas e na desigualdade social do Brasil.

Balão Flávio, por Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro está inelegível. Eduardo estará. Sobrou Flávio, que, tudo o mais constante, concorreria à reeleição (tranquila) ao Senado – de repente o nome da vez a testar o mercado eleitoral da direita para 2026. O novo nome do bolsonarismo puro-sangue, admitido-avalizado pelo bolsonarismo eduardista, considerada a reivindicação de hereditariedade com a qual a família se projeta-proclama.

O nome ora possível do “bolsonarismo com Bolsonaro” para presidente, reação à jogada corrente-influente por uma chapa “bolsonarista sem (um) Bolsonaro”.

Atalho para onde? Por Jorge. J. Okubaro

O Estado de S. Paulo

A velha CLT continua a ter função e, para parte não desprezível dos trabalhadores, a ser considerada instrumento de garantia e segurança

No Brasil, 25,9 milhões de pessoas trabalham por conta própria . Talvez o dado surpreenda, mas está na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do terceiro trimestre de 2025, divulgada na semana passada. O número equivale a um quarto do total de 102,4 milhões de pessoas ocupadas. Poderia ser interpretado como prova forte do desejo dos brasileiros de tocar sua própria empresa, para fugir dos limites de um contrato formal de trabalho. Reforçaria a interpretação de que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em vigor desde 1943, perde importância de maneira acelerada.

Miscelânea no tempo, por Gilvan Cavalcanti

Acredito que uma revisita às ideias dos pensadores clássicos, ajudaria a pensar o novo mundo e o Brasil, em sua interconexão digital, fenômeno mais visível das mudanças contemporâneas. Poderia se evitar pensar e agir, politicamente, na tentativa de um retorno ao velho, ao antigo, como se novo fosse. É disso que se trata.

Tenho uma convicção. Há um consenso que o mundo material não é estático. Os pensadores da Grécia antiga, já anunciaram: ‘tudo flui’ e ‘nada’ é permanente, exceto a mudança’. Nos tempos modernos, com o surgimento do capitalismo, Marx sentenciou: ‘tudo que é sólido desmancha no ar’. O movimento da história já comprovou essa tendência. É incessante e permanente a mudança, inclusive na ciência e na tecnologia. No pensamento e no agir político, ocorre o mesmo processo continuo de mudança, conflito, interdependência globalista, ou como outros preferem, cosmopolita.

É o instante de pensar o nosso compromisso com o País. Isto sugere tentar desvendar essa complexa sociedade brasileira. Acredito que devemos partir dos elementos embrionários que definam nosso processo de afirmação do capitalismo brasileiro, seu êxito nesses longos anos de profundas modificações moleculares ocorridas. Entender esse caminho facilitaria muito o nosso caminhar futuro. E só a democracia política é o porto seguro para um pensamento reformista. O caminho mais real é debruçar sobre a conjuntura.

Eleitor chileno deixa cenário em aberto para segundo turno em dezembro, por Sylvia Colombo

Folha de S. Paulo

Com fragmentação da direita, comunista Jara sai vencedora em primeira rodada, mas rivais podem se unir em torno de Kast

Retórica de campanha se distanciou do Chile real, com instituições sólidas e indicadores melhores que os da região

O resultado da votação no Chile confirmou o cenário que as pesquisas já vinham indicando: a candidata governista Jeannette Jara foi a mais votada no primeiro turno (26,85%), com o ultradireitista José Antonio Kast logo atrás (23,92%). A participação nas urnas, de 85,4%, foi elevada, impulsionada pela obrigatoriedade do voto —uma reforma em vigor desde 2022— e por um pleito que mobilizou o país em meio a um clima dominado pela pauta da segurança pública.

centralidade do tema contrasta com os indicadores objetivos. Embora tenha aparecido como prioridade em todas as pesquisas de opinião —com eleitores atribuindo-lhe maior peso eleitoral—, o Chile continua entre os países da América Latina com taxas de homicídio comparativamente baixas. O peso excessivo da questão da segurança pública na campanha e no comportamento eleitoral revela uma percepção inflada, capaz de moldar as últimas semanas e favorecer discursos de resposta rápida e medidas de difícil execução, sobretudo no curto prazo.

Os ventos do continente sopram para a direita, por Joel Pinheiro da Fonseca

Folha de S. Paulo

Maioria dos fatores que elegeu a direita em nossos vizinhos está presente aqui também

Esquerda se mostra muito mais dependente de Lula do que o outro lado do espectro é de Bolsonaro

O primeiro turno da eleição presidencial do Chile foi vencido por Jeanette Jara, do Partido Comunista. O problema: não só o segundo colocado, José Antonio Kast, como os próximos três são todos de direita. É muito provável, portanto, que a direita vença o segundo turno. Gabriel Boric, outro dia a promessa de uma nova esquerda, assiste ao seu país dar uma guinada na direção contrária.

Depois da mudança na Bolívia, que depois de 20 anos elegendo a esquerda elegeu Rodrigo Paz em outubro, e do triunfo de Milei nas eleições legislativas, a mudança no Chile marca um padrão. O pêndulo da política sul-americana está indo para a direita.

Se bobear, Cláudio Castro vende até o Cristo Redentor, por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Maracanã encabeça a lista de ofertas para reduzir o rombo orçamentário

Numa jogada política, compra do estádio é negociada com o Flamengo

Por enquanto o Cristo Redentor escapou da bacia das almas. Mas nada impede que amanhã seja incluído no balcão de ofertas, posto à venda para reduzir a dívida e mitigar a crise fiscal do Rio de Janeiro. O rombo orçamentário previsto para 2026 é de quase R$ 19 bilhões, o maior em cinco anos.

Daí que Cláudio Castro —acusado de abuso de poder político e econômico na campanha de reeleição em 2022— teve a brilhante ideia de preparar, com a ajuda da bancada do Partido Liberal na Assembleia Legislativa, uma black friday particular, ofertando o complexo do Maracanã; o terreno onde fica o estádio Nílton Santos, arrendado ao Botafogo; o histórico prédio da Central do Brasil; o Terminal Rodoviário Américo Fontenelle, no centro da cidade. São mais de 60 imóveis em liquidação total, a custo de banana, pois o governador deixará o cargo.

Voto obrigatório afetou eleição no Chile? Por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

País andino reintroduziu o voto compulsório, com multa pesada para quem deixar de ir à urna

Parte dos especialistas crê que mudança pode ter acentuado tendência antissistema

A esquerdista Jeannette Jara e o ultradireitista José Antonio Kast se enfrentarão no segundo turno da eleição presidencial chilena no próximo dia 14. Como previsto pelas pesquisas, Jara chegou à frente de Kast, mas a diferença de menos de três pontos percentuais foi bem menor do que apontavam as principais sondagens.

Como a direita saiu dividida, e a esquerda, unida, a tendência agora é que o voto conservador se aglutine em torno de Kast e ele vença o pleito. Essa não seria a primeira vez que institutos de pesquisa subestimam a votação de candidatos da ultradireita, mas, no caso chileno, pode haver um outro fator que contribuiu para o bom desempenho dos postulantes mais radicais.

Poesia | Por Victor Maia - No mundo há muitas armadilhas, de Ferreira Gullar

 

Música | Jards Macale - Dona de Castelo

 

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Leis de IA não podem incentivar o ‘roube primeiro, acerte depois’

Por O Globo

Europeus têm aplicado multas por violação de direitos autorais, mas recuo em regras de privacidade é preocupante

O Brasil precisa ficar atento aos movimentos de regulação da inteligência artificial (IA) na Europa. A legislação europeia foi inspiração da brasileira na proteção de dados e à privacidade. O PL das Redes Sociais, infelizmente ainda parado no Congresso, se inspira no regramento europeu ao atribuir às plataformas digitais corresponsabilidade pelo conteúdo que veiculam, exigindo que retirem posts do ar assim que notificadas da ilegalidade, em vez de esperar decisão judicial — que, lenta, é insuficiente para reparar danos quando tomada. A IA impôs novas questões aos reguladores e, mais uma vez, a União Europeia (UE) adotou regras que embasam as propostas em discussão no Congresso. Mas é motivo de preocupação o recuo encetado pelas autoridades europeias.

Reality da pré-prisão, por Miguel de Almeida

O Globo

Em pouco tempo, o brasileiro acostumou-se a votar para presidente e a acompanhá-los depois no curioso reality da pré-prisão

Até o Natal, deveremos ter dois ex-presidentes presos. Collor, por corrupção; Bolsonaro, por tentativa de golpe contra a democracia. Desde a redemocratização, já houve outros dois: Lula por corrupção e Michel Temer, sob acusação de maracutaias diversas e cabeludas. A Presidência só perde para o cargo de governador do Rio. Já passaram pela cadeia Moreira Franco, Cabral, Pezão, Garotinho, Rosinha, Witzel, enquanto Castro dá seus tiros para mostrar resistência.

De todos, Bolsonaro é o mais lamuriento. À beira da cela, comporta-se sem heroísmo. Seus parceiros plantam notícias da decadência de seu estado de saúde para angariar empatia. Compungido, o ex-ministro José Dirceu, uma de suas nêmesis, defende que ele cumpra a pena em prisão domiciliar. Este parece ser o tema a dominar as conversas de bar sob a atual primavera sem personalidade — onde Bolsonaro estará nos próximos anos?

Segurança tardia, por Irapuã Santana

O Globo

Brasil enfrenta gargalos profundos: baixo índice de resolução de crimes, excessiva sensação de impunidade

Durante décadas, a segurança pública foi tratada como tema secundário, embora seja, há anos, a principal preocupação da população brasileira. O medo da violência molda rotinas, influencia eleições e destrói vidas. Agora, finalmente, o país parece disposto a discutir o tema de frente — com a PEC da Segurança Pública e a Lei Antifacção reacendendo o debate sobre como proteger melhor a sociedade e restaurar a confiança nas instituições.

É preciso foco e paciência. A segurança não se resolve com discursos inflamados nem com medidas apressadas. O Brasil enfrenta gargalos profundos: o baixo índice de resolução de crimes, a excessiva sensação de impunidade e leis brandas, muitas vezes mal aplicadas pelo sistema de Justiça. Apenas uma resposta articulada entre polícia, Ministério Público, Judiciário e sociedade civil pode romper esse ciclo.

Insegurança tem custo alto, por Carlos Alberto Sardenberg

O Globo

Empresas evitam o país ou certas regiões, não apenas pelos gastos com segurança, mas também para não expor seus funcionários

Antigamente era o “dinheiro do ladrão”. Hoje, o “celular do assaltante”. Esse antigamente é de décadas atrás. Os mais velhos diziam que não se devia sair de casa sem algumas notas no bolso. No caso de topar com algum meliante, você teria aquela reserva para entregar e evitar um desfecho mais desagradável do episódio. Hoje não se anda mais com dinheiro. Nem os assaltantes querem dinheiro, querem um celular, de preferência desbloqueado.

Como se carrega tudo no celular, de conversas íntimas a contas bancárias, incluindo a carteira de investimentos, o roubo do aparelho tem um custo econômico que pode ser desastroso. Além dos danos morais e psicológicos. Vai daí, muitas pessoas saem com um celular mais simples, apenas com os aplicativos de comunicação e localização. Os aplicativos financeiros ficam noutro aparelho, bem guardado em casa.

Inflação e mercado de trabalho, por Benito Salomão

Correio Braziliense

No processo de desinflação do Brasil, um fato chama a atenção: essa queda tem se dado simultaneamente a reduções consecutivas da taxa de desemprego

É conhecido por todos que a economia brasileira vem passando por um duro processo inflacionário, desde a saída da pandemia. Apenas recentemente, diante de contínuas quedas nas taxas de inflação, houve a convergência para a meta. Porém, nesse processo de desinflação, um fato chama a atenção: essa queda tem se dado simultaneamente a reduções consecutivas da taxa de desemprego.

A inflação é um dos fenômenos macroeconômicos mais difíceis de interpretar, e os economistas divergem sobre as suas causas. Uma interpretação desse fenômeno se deve a Alban Phillips, que estudou nos anos 1950 a inflação para o Reino Unido e verificou que, quando o desemprego caía, a inflação acelerava, e vice e versa. Em suma, haveria uma relação inversa na relação entre desemprego e inflação que ficou conhecida como Curva de Phillips.

O canal de transmissão de um desemprego baixo para uma inflação elevada seria exatamente o salário. Economias com desemprego baixo — como a brasileira — geram acirramento da concorrência entre as firmas por trabalhadores, isso as torna mais propensas a pagarem salários maiores, pressionando seus custos que serão consequentemente transmitidos aos preços.

A volta das doações empresariais e o voto distrital, por Bruno Carazza

Valor Econômico

Sistema político brasileiro pode ser aprimorado, desde que medidas sejam pensadas de forma estrutural e não oportunista

Nas últimas semanas têm sido observadas, nos corredores do poder em Brasília, movimentações para alterar as condições de disputa eleitoral no Brasil. De um lado, um projeto de lei estabelecendo o voto distrital misto tem ganhado tração na Câmara, enquanto uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal pretende reinstituir as doações de empresas nas campanhas eleitorais. Ambas podem modificar radicalmente o sistema político atual, embora tenham um forte componente oportunista.

Para entender o que está em jogo, é preciso desconsiderar as justificativas oficiais, entender que eleições são disputas resolvidas em geral na base do dinheiro (muito dinheiro) e, antes de descartar as propostas, pensar que elas podem trazer ganhos para a sociedade - se forem ajustadas.

Fazenda e BC travam disputa de dados, por Alex Ribeiro

Valor Econômico

Uma contenção fiscal pode segurar a atividade econômica e baixar a inflação, mas se a credibilidade for fraca, provoca aumento dos prêmios de risco e atrapalha na ancoragem das expectativas

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assumiu uma posição mais vocal pela redução da taxa básica de juros nas últimas semanas. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, respondeu que “não pode brigar com os dados” - ou seja, a economia segue sobreaquecida e a inflação ainda não caiu para a meta.

A Fazenda, então, passou a citar seus dados que apoiariam um corte na Selic - em uma entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao jornal Estado de S. Paulo, e numa entrevista coletiva do secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, para divulgar o Boletim Macrofiscal.

Câmara vota amanhã PL Antifacção, que pode ter mais ajustes, por Murillo Camarotto

Valor Econômico

Hugo Motta não está disposto a novos adiamentos; governo continuará criticando o texto, que também não agrada a oposição

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), não está disposto a patrocinar um novo adiamento da votação do PL Antifacção. Prevista para terça-feira (18), a análise do projeto de lei em plenário vai acontecer por sistema híbrido, ou seja, por meio presencial e remoto. Não se descarta, porém, que haja novas mudanças no relatório mais recente apresentado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP). O governo seguirá apontando problemas no texto a fim de desgastar o parlamentar, adversário político. E a oposição também não está contente com a proposta.

Secretário licenciado de Segurança Pública de São Paulo, Derrite jantou na última quarta-feira (12) com os ex-presidentes da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e Eduardo Cunha, mas desconversou sobre o teor da reunião. Ele já apresentou quatro versões do seu parecer, cada uma com algum recuo em relação às queixas vocalizadas por governo, Polícia Federal (PF) e associações de procuradores. Também viu pedidos de adiamento da votação serem empilhados por governadores e parlamentares da oposição.

O governo Lula e a segurança pública, por Diogo Schelp

O Estado de S. Paulo

O combate ao crime organizado se tornou nota de rodapé das verdadeiras intenções da atual gestão

O que deveria ser o objetivo central do Projeto Antifacção, melhorar o combate a milícias e organizações criminosas, tornouse secundário, praticamente uma nota de rodapé das verdadeiras intenções do governo Lula, que queria usar o texto original apresentado à Câmara dos Deputados para rebater a percepção popular de que é mole com bandidos, e da oposição bolsonarista, que não quer dar essa colher de chá para Lula, nem que para isso tenha que destruir algo potencialmente positivo para a segurança pública.

Os governos do PT foram historicamente negligentes com o tema, com equívocos ideológicos como a vitimização sociológica de criminosos à frente da capacidade de encontrar soluções para o problema.

Segurança e violência, por Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

A segurança e o dizer não à violência tornaram-se bandeiras eleitorais. Finalmente!

A violência foi muito tempo tolerada no Brasil, diria quase normalizada, graças aos discursos e governos petistas que não lhe deram nenhuma atenção, salvo a de sempre frisar a mesma coisa: a de que sua causa seria exclusivamente social. A repetição foi se intensificando enquanto a esquerda no poder nada fazia. Nesse processo, em que discursos-enfeite encobriam uma terrível realidade tomando conta do País, territórios foram abandonados ao narcotráfico e às milícias, além de apoderar-se de outras esferas do aparato estatal. Um “Estado” foi se formando dentro do Estado, com suas próprias regras e “polícias”, além de seus modos próprios de imposição de tributos. Esse novo tipo de “Estado” tomou para si o monopólio da violência, impondo o terror a seus habitantes, com crimes, tiroteios e estupros, controlando, assim, a distribuição de gás, de internet, de eletricidade, além de extorquir os comerciantes da região. A população desses redutos extra-estatais tornou-se subjugada, não tendo a quem apelar.

Boas intenções não são suficientes para produzir mudanças na representação política, por Lara Mesquita

Folha de S. Paulo

Reformas eleitorais não devem desconsiderar ação e estratégia partidária

Mudanças exigem diagnóstico preciso do problema, análise da experiência internacional e compreensão das regras

Pesquisas de opinião sobre confiança nas instituições políticas e sociais brasileiras são unânimes ao indicar que partidos políticos e o Congresso Nacional figuram entre aquelas com menor credibilidade. A pesquisa mais recente sobre o tema, publicada em setembro pela Quaest, mostra que apenas 36% dos brasileiros confiam nos partidos e 45% confiam no Congresso.

A baixa confiança nas instituições é mais um sintoma da insatisfação com a representação política e com a própria democracia. Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil e ocupa posição central no nosso debate público.

Dirigentes políticos não são indiferentes ao descontentamento e buscam medidas para reduzir esse mal-estar.

Para entender o shutdown do governo nos EUA, por Marcus André Melo

Folha de S. Paulo

Foi a estratégia dos senadores democratas minoritários para mostrar oposição a Trump diante das críticas de que eram inertes

O país está dividido e não há vencedores claros no episódio

Não há registro na literatura comparada de algo como o shutdown do governo americano causado pelo impasse Legislativo-Executivo. O atual durou 43 dias e foi o mais longo da história. As implicações são severas: paralisia de serviços e dispensa temporária de funcionários.

Nos últimos 30 anos já ocorreram seis shutdowns. Trata-se, portanto, de evento raro, mas que tem se intensificado. O ponto de discórdia foram os cortes de programas de alimentação e saúde para 2026, e os protagonistas os senadores democratas. Curiosamente, o país está dividido e não há vencedores claros no episódio: 47% atribuem o shutdown aos republicanos, enquanto 50% responsabilizam os democratas.

Nos últimos cinquenta anos, o Congresso só aprovou "o orçamento" segundo o calendário previsto em quatro ocasiões. Outra especificidade americana é que não há exatamente uma lei orçamentária, mas doze, aprovadas nas doze subcomissões orçamentárias setoriais (appropriations), do Senado e da Câmara. Na maioria das vezes, só parte das doze são aprovadas. Só nas últimas décadas é que têm sido integradas em uma lei ônibus ampla. O prazo oficial para votá-las é 1º de outubro, mas nos últimos 15 anos, o prazo só foi cumprido duas vezes!

“Hoy inicia una nueva elección”: Discurso completo de Jeannette Jara tras triunfo electoral

 

Jeannette Jara e José Antonio Kast disputam o segundo turno no Chile

 

Poesia | Esperança, de Mário Quintana

 

Música | Ladeira da memória com Chico Buarque

 

domingo, 16 de novembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais /Opiniões

Combater facções é fator crítico para preservar Amazônia

Por O Globo

Crime organizado se tornou um dos maiores responsáveis pela devastação florestal, revelam estudos

O crime organizado é um dos maiores vetores de destruição da Floresta Amazônica. As facções criminosas são responsáveis não apenas pela explosão de violência na região, mas também por dificuldades para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Por isso se tornaram objeto de estudos recentes e tema de debates na COP30, em Belém.

“O crime organizado se tornou um grande agente de desmatamento. Ele fragmenta a floresta e as comunidades”, diz o climatologista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia (SPA), uma rede de cientistas e líderes indígenas. Em relatório recém-lançado, o SPA constata que as quadrilhas do tráfico, do garimpo ilegal e da grilagem encontraram na devastação florestal uma fonte de lucro, usado para ocupar território e lavar dinheiro, como relatou reportagem do GLOBO.

A quem interessa? Por Merval Pereira

O Globo

O momento é de disputa com o crime organizado, não entre as instituições públicas responsáveis pelo bem-estar da população

O debate sobre a segurança pública no país, que pela primeira vez em muito tempo está saindo do papel para entrar na realidade do cotidiano dos brasileiros, pode estar gerando uma ação política eficaz se os lados que se contrapõem entenderem que o momento é de consenso, e não de disputa. Ou melhor, o momento é de disputa com o crime organizado, não entre as instituições públicas responsáveis pelo bem-estar da população. Pelo andar dos debates, ainda não se convenceram disso, e a dificuldade maior está no momento em que ele se dá, vésperas da eleição presidencial.

Derrite contra a Polícia Federal, por Elio Gaspari

O Globo

Secretário de Segurança de São Paulo produziu um monstrengo revelador dos interesses estabelecidos na máquina da segurança do país

Se Guilherme Derrite fosse um transeunte laçado na Praça dos Três Poderes para redigir um projeto de combate ao crime organizado, teria sido compreensível a barafunda que ele produziu com as várias versões de seu relatório para o projeto de lei contra as facções criminosas.

Infelizmente, Derrite é um veterano policial e secretário de Segurança do governador Tarcísio de Freitas, possível candidato a presidente da República. Mais: Derrite é um deputado federal e provável candidato ao Senado em nome do que seria um desejo do eleitorado por mais segurança. Foi laçado pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, para relatar o projeto de lei contra as facções criminosas.

Com quatro versões, Derrite produziu um monstrengo revelador dos interesses estabelecidos na máquina da segurança do país.

A direita e a segurança, por Míriam Leitão

O Globo

A direita tomou para si a pauta da segurança, mas não apresenta políticas eficazes de combate a este problema que tanto aflige a população

No Brasil, há um mito de que a direita sabe como fazer política de segurança. A extrema direita governou o país por quatro anos, de 2019 a 2022, e não apresentou qualquer proposta boa. Ao receber das mãos de Hugo Motta a relatoria do projeto do governo contra as facções criminosas, teve nova chance. Foi um fiasco. O secretário licenciado de segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, fez um relatório inicial perigoso porque enfraquecia a Polícia Federal, além de abrir um flanco para ações militares de outros países em território brasileiro. Quatro recuos depois, o relatório ainda tem defeitos.

O fim do caso dos 9 chineses, por Bernardo Mello Franco

O Globo

Regime torturou e condenou estrangeiros sem provas; caso levou 21.930 dias para ser encerrado

Aconteceu em 3 de abril de 1964, nas primeiras horas do golpe. A polícia do governador Carlos Lacerda, fervoroso apoiador da quartelada, prendeu nove cidadãos chineses que viviam no Rio. Sem acusação formal, eles foram espancados e levados à sede do Dops. Penaram um ano em prisões militares até serem expulsos do país.

Para a ditadura, os chineses obedeciam ordens de Pequim e queriam implantar um regime maoíosta nos trópicos. Tudo paranoia. Dois deles eram jornalistas da agência estatal Xinhua e cumpriam a tarefa revolucionária de correr atrás de notícias. Os outros sete integravam missões comerciais.

Indiferença ao mal, por Dorrit Harazim

O Globo

Mulheres e idosos podiam ser mortos gratuitamente. Quando o alvo era uma criança ou homem, havia cobrança adicional

O preço do silêncio é sempre alto. Os mortos no Valle de los Caídos (hoje Valle de Cuelgamuros) na Espanha, em Auschwitz, Sarajevo ou Gaza não puderam falar. E os que ousaram abrir nossos olhos não foram ouvidos à sua época. Os muitos abismos de indiferença humana levam tempo até receber uma primeira lufada de verdade. Mas, uma vez aberta a comporta, ela — a verdade — emerge e matura, ora em jorro, ora aos pingos. E graças a uma característica tão humana quanto a indiferença: a perseverança. A busca por justiça, mesmo que tardia, responde a nossa incontornável obrigação de confrontar traumas coletivos e responsabilizar seus perpetradores.

— Toda a bondade e o heroísmo ressurgirão, para depois ser destruídos e ressurgir novamente. Não é que o mal vença (nunca vencerá), mas ele apenas não morre — escreveu John Steinbeck a um amigo no auge da Segunda Guerra.

O sonho acabou: chilenos vão às urnas neste domingo sob o signo do medo, Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

O governo Boric chega enfraquecido ao fim do mandato. Sua agenda de reformas — tributária, previdenciária e trabalhista — esbarrou no Congresso conservador

Como aconteceu com as últimas eleições na Bolívia, no Equador e na Argentina, o Chile vota neste domingo polarizado entre a esquerda e a ultradireita. Jeannette Jara (Partido Comunista do Chile), apoiada pelo presidente Gabriel Boric, e José Antonio Kast (Partido Republicano, pinochetista), lideram a disputa.

Durante décadas, o país alternou presidências de esquerda e de direita moderadas, tornando-se um “case” de crescimento alto, estabilidade macroeconômica, redução da pobreza e instituições sólidas. Governos de centro-esquerda e centro-direita partilharam o mesmo “sonho chileno”: transformar o país em desenvolvido até 2020. Esse ciclo ruiu com o tsunami social de 2019, que expôs os limites do modelo: desigualdade social, serviços públicos precários, sistema de pensões privatizado e endividamento das famílias.

Tarcísio de volta ao jogo, por Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Quanto mais pesadelo Lula tem, mais Tarcísio sonha com o Planalto em 2026

O impacto da operação policial mais letal da história não apenas conteve o embalo do presidente Lula como empurrou o governador Tarcísio de Freitas de volta para a disputa de 2026. Depois de sucessivos erros, idas e vindas e pedidos de desculpas, Tarcísio está se poupando e avaliando para onde os ventos – e as candidaturas – vão.

Desde o início, Tarcísio e seu principal mentor político, Gilberto Kassab, combinam duas táticas. A primeira é jamais admitir uma candidatura presidencial já em 2026, para evitar as chuvas, trovoadas e ataques, naturais contra quem se destaca. A outra é monitorar quais as condições de vitória, antes de qualquer decisão.