O Globo
Enquanto o poder se isola, pessoas comuns
usam o brilho da inteligência para resolver o que o Estado ignora
Nos últimos anos, as notícias têm jogado na
nossa frente um Brasil de privilégios, em que alguns são mais iguais que os
outros. São casos que mostram a completa ausência de ética, moralidade e
vergonha por parte de nossas autoridades, de todos os espectros políticos,
revelando que a República, de fato, nunca existiu no país. Mas nossa nação não
é feita apenas disso. Na verdade, nosso povo é feito de luta e solidariedade, e
o dia a dia do Brasil profundo, aquele real, mostra isso.
É nesse Brasil real, longe dos gabinetes de Brasília e dos privilégios de castas, que a verdadeira inovação e a decência florescem. Enquanto o poder se isola, pessoas comuns usam o brilho da inteligência para resolver o que o Estado ignora.
Temos o exemplo de Lennon Medeiros, na
Baixada Fluminense. Ele não esperou por verbas que nunca chegam ou por
promessas de campanha para proteger seu povo e, usando inteligência artificial
e dados, criou soluções de monitoramento para salvar vidas em áreas de risco de
desabamento. É a tecnologia de ponta servindo à periferia, provando que a
segurança não precisa de autoridade, precisa de compromisso com o próximo.
No Maranhão, encontramos a força de Karina
Penha. Num país que muitas vezes vira as costas a suas raízes, ela levantou a
voz das quebradeiras de coco-babaçu. Sua luta não se encerra no meio ambiente e
segue em busca da dignidade econômica de quem vive da terra, transformando o
saber ancestral em modelo de negócio justo e sustentável, mostrando que a
verdadeira riqueza do Brasil não está no extrativismo predatório, mas na
proteção das nossas comunidades.
Além disso, há o brilho de Anna Luísa
Beserra, que, olhando para a sede secular do sertanejo, decidiu que a solução
viria do céu. Com o Aqualuz, ela usa a luz do sol (maior recurso do nosso
Nordeste) para purificar água e levar saúde a famílias esquecidas pelas
políticas públicas. É a ciência brasileira, jovem e feminina, resolvendo com
simplicidade o que décadas de burocracia não quiseram resolver.
Lennon, Karina e Anna Luísa são o Brasil que
já deu certo. E, como eles, outros tantos fazem de sua energia um instrumento
de mudança para seus pares e suas comunidades. São a prova de que, enquanto a
“República” oficial falha, a Nação Brasileira resiste e cria.
Não somos um povo da letargia, somos um grupo
que sorri, apesar das adversidades, acreditando sempre num futuro melhor. Não
somos um algoritmo que repercute apenas coisas ruins, mas gente que levanta e arregaça
as mangas, construindo escadas e desbravando caminhos para quem vem depois
passar com mais calma e estabilidade.
Se olharmos para trás, apesar de tudo,
seguimos avançando. Então, proponho que olhemos para o copo meio cheio. Todas
as informações negativas, há alguns anos, jamais viriam à tona e tudo seguiria
sendo feito no escuro. Interpretemos todos esses escândalos como luzes, sob as
quais, para limpar a sujeira, primeiramente precisamos enxergar.
Tenhamos a certeza de que nossa esperança
para 2026 não reside em quem ocupa o trono, mas em quem coloca a mão na massa.
O Brasil real é nosso, e é por causa de todos nós que ainda vale a pena
acreditar.

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