ENTREVISTA - Alexandre Schwartsman: Ex-diretor do BC
Leandro Modé
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Quando o Brasil iniciou, em janeiro de 2004, a política de recomposição de reservas cambiais, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC) era Alexandre Schwartsman, atualmente economista-chefe do Banco Santander para América Latina.
Para o especialista, o BC acerta ao “emprestar” (verbo que, neste caso, para ele, é mais preciso do que vender) dólares ao mercado. “É para esse tipo de situação que servem as reservas.” No início de 2004, o País tinha, sem contar o dinheiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), cerca de US$ 20 bilhões em reservas. Hoje são quase US$ 210 bilhões.
Como avalia a decisão do BC de vender dólar?
Não é uma venda de dólar. É uma venda com compra, ou seja, o BC vende agora com o compromisso de que as pessoas que compraram vão revender para ele no futuro. É um empréstimo em dólar. A idéia é suprir o mercado no momento em que falta liquidez.
Como está a liquidez?
Vivemos uma situação no sistema financeiro internacional na qual quem tem liquidez sentou em cima. Realmente empoçou. Os mercados interbancários lá fora travaram. Quem tem recursos obviamente tem de segurar, pois não sabe se os terá de volta caso empreste. Essa dinâmica lá fora levou a uma contração de crédito global.
As reservas vão cair com isso?
Em princípio, isso não implica redução das reservas, porque o dólar sai, mas depois volta. Durante um tempo, claro, as reservas ficarão menores. O objetivo do BC não é ganhar dinheiro com isso, mas vai ganhar (porque cobrará um juro mais alto de quem tomar o empréstimo do que a remuneração dos títulos do Tesouro dos EUA, onde está aplicada a maior parte das reservas brasileiras).
Para isso servem as reservas?
Para isso, entre outras coisas. Nos momentos em que falta liquidez, é preciso ter alguém com condição de pôr o mercado para funcionar.
Qual a tendência para o dólar?
É para cima. O fundamental é a perspectiva para os preços das commodities. Com a desaceleração global, os preços de commodities devem, na melhor das hipóteses, ficar estáveis. Mas provavelmente vão cair. É um dos principais fatores que pressionam o câmbio para cima.
Leandro Modé
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Quando o Brasil iniciou, em janeiro de 2004, a política de recomposição de reservas cambiais, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC) era Alexandre Schwartsman, atualmente economista-chefe do Banco Santander para América Latina.
Para o especialista, o BC acerta ao “emprestar” (verbo que, neste caso, para ele, é mais preciso do que vender) dólares ao mercado. “É para esse tipo de situação que servem as reservas.” No início de 2004, o País tinha, sem contar o dinheiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), cerca de US$ 20 bilhões em reservas. Hoje são quase US$ 210 bilhões.
Como avalia a decisão do BC de vender dólar?
Não é uma venda de dólar. É uma venda com compra, ou seja, o BC vende agora com o compromisso de que as pessoas que compraram vão revender para ele no futuro. É um empréstimo em dólar. A idéia é suprir o mercado no momento em que falta liquidez.
Como está a liquidez?
Vivemos uma situação no sistema financeiro internacional na qual quem tem liquidez sentou em cima. Realmente empoçou. Os mercados interbancários lá fora travaram. Quem tem recursos obviamente tem de segurar, pois não sabe se os terá de volta caso empreste. Essa dinâmica lá fora levou a uma contração de crédito global.
As reservas vão cair com isso?
Em princípio, isso não implica redução das reservas, porque o dólar sai, mas depois volta. Durante um tempo, claro, as reservas ficarão menores. O objetivo do BC não é ganhar dinheiro com isso, mas vai ganhar (porque cobrará um juro mais alto de quem tomar o empréstimo do que a remuneração dos títulos do Tesouro dos EUA, onde está aplicada a maior parte das reservas brasileiras).
Para isso servem as reservas?
Para isso, entre outras coisas. Nos momentos em que falta liquidez, é preciso ter alguém com condição de pôr o mercado para funcionar.
Qual a tendência para o dólar?
É para cima. O fundamental é a perspectiva para os preços das commodities. Com a desaceleração global, os preços de commodities devem, na melhor das hipóteses, ficar estáveis. Mas provavelmente vão cair. É um dos principais fatores que pressionam o câmbio para cima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário