DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Militância do PT decaiu, mas governo Lula se aproximou das centenas de milhares de movimentos sociais do país
A análise mais comum do cenário da eleição de 2010 em geral trata de política partidária, do efeito da economia sobre o eleitorado e do impacto de políticas sociais. Nesses três aspectos da conjuntura eleitoral, a situação dos oposicionistas é de ruim a deplorável. O quadro fica ainda pior se considerarmos a nova relação do lulismo-petismo com os movimentos sociais.
Quanto à política, observa-se o encurralamento da omissa oposição devido à popularidade de Lula e à indecisão do único partido viável e alternativo à continuação do governo do PT.
Confinada nesse "córner", a candidatura mais viável do PSDB, a de José Serra, padece ainda de isolamento. Aécio Neves dá sinais de que, não sendo o candidato, confraternizará com o adversário, aderindo ao centrão luliano ou com ele firmando um acordo de convivência pacífica.
Militância do PT decaiu, mas governo Lula se aproximou das centenas de milhares de movimentos sociais do país
A análise mais comum do cenário da eleição de 2010 em geral trata de política partidária, do efeito da economia sobre o eleitorado e do impacto de políticas sociais. Nesses três aspectos da conjuntura eleitoral, a situação dos oposicionistas é de ruim a deplorável. O quadro fica ainda pior se considerarmos a nova relação do lulismo-petismo com os movimentos sociais.
Quanto à política, observa-se o encurralamento da omissa oposição devido à popularidade de Lula e à indecisão do único partido viável e alternativo à continuação do governo do PT.
Confinada nesse "córner", a candidatura mais viável do PSDB, a de José Serra, padece ainda de isolamento. Aécio Neves dá sinais de que, não sendo o candidato, confraternizará com o adversário, aderindo ao centrão luliano ou com ele firmando um acordo de convivência pacífica.
Vide as conversas do governador mineiro com Ciro Gomes (PSB) e com facções do PMDB. Serra ainda sofre oposição de aliados, como parte do DEM, de falta de base no Rio e com a ruína tucana no Rio Grande do Sul. Tem crônica dificuldade no Nordeste e pode enfrentar a omissão interessada de Aécio em Minas, para citar problemas mais notórios.
Quanto à economia, 2010 deve ser muito bom. No quadriênio de Lula 2, o país terá vivido os anos de maior incremento das condições de vida em mais de um quarto de século.
Quanto às políticas sociais, a variedade do seu alcance é obscurecida pelo clichê e pelo tamanho do Bolsa Família (11 milhões de famílias, quase 40 milhões de pessoas) e pelos benefícios de até um salário mínimo do INSS, recebidos por 18,5 milhões de pessoas, que tiveram grandes reajustes. Programas de benefícios diretos e politicamente visíveis em agricultura familiar, crianças, mulheres, minorias, saúde familiar, educação etc. atingem dezenas de milhões difíceis de contar. Como proporção do PIB, o gasto social federal foi de 13% em 2002 para 15% em 2008. É um aumento grande.
Mas o governo Lula fez política por baixo também. A militância petista enfraqueceu-se, mas Lula levou para perto do governo os movimentos sociais, como mostra um relato do Ipea (no livro "Brasil em Desenvolvimento", grátis no site do Ipea). Aumentou em um terço o número de conselhos nacionais consultivos de políticas públicas. Por meio deles, incrementou a realização de conferências nacionais de políticas públicas, que tratam de direitos humanos a ambiente, de jovens a mídia etc. Mais de 2 milhões tomaram parte nas conferências, gente integrante das quase 400 mil ONGs do país. Associações das mais diversas, mas muitas "de base", têm assentos nos conselhos nacionais. A Secretaria-Geral da Presidência da República desde 2003 está encarregada de dialogar com tais movimentos sociais -foram 700 encontros só no primeiro ano.
Quanto à economia, 2010 deve ser muito bom. No quadriênio de Lula 2, o país terá vivido os anos de maior incremento das condições de vida em mais de um quarto de século.
Quanto às políticas sociais, a variedade do seu alcance é obscurecida pelo clichê e pelo tamanho do Bolsa Família (11 milhões de famílias, quase 40 milhões de pessoas) e pelos benefícios de até um salário mínimo do INSS, recebidos por 18,5 milhões de pessoas, que tiveram grandes reajustes. Programas de benefícios diretos e politicamente visíveis em agricultura familiar, crianças, mulheres, minorias, saúde familiar, educação etc. atingem dezenas de milhões difíceis de contar. Como proporção do PIB, o gasto social federal foi de 13% em 2002 para 15% em 2008. É um aumento grande.
Mas o governo Lula fez política por baixo também. A militância petista enfraqueceu-se, mas Lula levou para perto do governo os movimentos sociais, como mostra um relato do Ipea (no livro "Brasil em Desenvolvimento", grátis no site do Ipea). Aumentou em um terço o número de conselhos nacionais consultivos de políticas públicas. Por meio deles, incrementou a realização de conferências nacionais de políticas públicas, que tratam de direitos humanos a ambiente, de jovens a mídia etc. Mais de 2 milhões tomaram parte nas conferências, gente integrante das quase 400 mil ONGs do país. Associações das mais diversas, mas muitas "de base", têm assentos nos conselhos nacionais. A Secretaria-Geral da Presidência da República desde 2003 está encarregada de dialogar com tais movimentos sociais -foram 700 encontros só no primeiro ano.
Não há pesquisas para dizer se tais movimentos são "mais petistas". Mas "mais tucanos" é que não são. A maioria das centrais sindicais está com o governo, e a maioria das que não estão é de esquerda e/ou antitucana.
Na reta final da campanha, ou na urna, o eleitor pode ignorar isso tudo e decidir que quer mudança. Sabe-se lá. Mas a oposição não está fazendo coisa alguma para que o eleitor pense em novidades.
Na reta final da campanha, ou na urna, o eleitor pode ignorar isso tudo e decidir que quer mudança. Sabe-se lá. Mas a oposição não está fazendo coisa alguma para que o eleitor pense em novidades.
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