domingo, 22 de novembro de 2009

Livro conta a história dos 40 anos do Cebrap

DEU EM O GLOBO

SÃO PAULO. De ternos claros e casacos desabotoados, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva tomam café com açúcar em copinhos de plástico. Juntos no balcão, no Congresso. A cena, de 1987, está registrada no livro “Retrato de Grupo — 40 Anos do Cebrap”, que será lançado terça-feira, com um documentário, para marcar o 40oaniversário do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). As imagens de Lula e Fernando Henrique, que eram parlamentares, ilustram a entrevista que o tucano concedeu para o livro.

O ex-presidente foi um dos fundadores do Cebrap, ao lado do filósofo José Arthur Giannotti, do economista Paul Singer, da antropóloga Ruth Cardoso e do sociólogo Octávio Ianni. Outros nomes se juntaram ao grupo, a maioria da USP (Universidade de São Paulo), como os sociólogos Chico de Oliveira e Francisco Weffort. O objetivo, à época, era estudar e combater o autoritarismo.

A Fundação Ford, dos EUA, financiou a entidade.

“Seguramente, em algum momento, chegaram à conclusão de que era conveniente desenvolver ciências sociais como um elemento de dinamização de um pensamento não conservador, não autoritário, e depois passaram a financiar movimentos sociais, ações políticas favoráveis à igualdade de gênero etc. Muitas vezes a gente atribui muito mais capacidade estratégica a essas instituições do que elas realmente têm, pelo menos essa é a minha sensação”, conta Fernando Henrique sobre a Fundação Ford, no livro, do Cebrap com a editora Cosac Naify.

O Cebrap abrigou pensadores que colocaram em xeque a política autoritária vigente, como os formuladores das políticas dos governos do PSDB e do PT.

O tucano explica sua divergência com a criação do PT: ”Quando houve a discussão sobre a criação do PT, minha posição era a seguinte: estão propondo um partido à moda antiga, um partido da classe operária, dos trabalhadores, e deve-se fazer não um partido dos trabalhadores, mas dos assalariados, no qual o PT acabou se transformando”, diz o ex-presidente. “A fragmentação das classes é imensa, os interesses são muito diversos e não há por que imaginar que um partido posa unifica-los. A partir dessa descrença, veio a divisão entre mim e os que fundaram o PT.

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