NEM TUDO É APENAS MAROLINHA
PARA MILHOES DE ENDIVIDADOS
A Federação do Comércio de São Paulo faz a melhor pesquisa do país sobre endividamento familiar e revela, em novembro, um súbito aumento do número de famílias endividadas – um “pulo” de 41% para 46%, significando que quase 200 mil famílias se “enrolaram” com algum tipo de prestação nos últimos trinta dias.
O número não é assustador, porque ainda é bem menor do que no auge da crise em 2008 – em outubro esse número chegou a 1,897 milhão, bem mais do que o deste mês – 1,656 milhão..
O problema é que ou ocorreu uma falha na pesquisa ou houve uma perigosa reversão na tendência de queda desde abril deste ano. Em outubro ocorrera uma redução de 150 mil famílias endividadas, provavelmente já por conta do 13º mês.
A pesquisa mostra claramente o alívio dado pelo 13º, mas, ao mesmo tempo, que esse alívio durará pouco. Os endividados em atraso até 30 dias aumentaram para 25,5%, em outubro eram 20,6%. Entre 30 e 60 dias, a percentagem praticamente estagnou – 19,4% em novembro, 19,9% em outubro. Mas os atrasados entre 60 e 90 dias “pularam” de 6,3% para 14,8%! E os que já estão em falta há mais de 90 dias são agora 48%, eram 44%.
Não ficaram só nisso os números que considero “perigosos”. Mais da metade dizem estar “encalacrados” com dívidas pelos próximos seis meses. E a quarta parte afirma que esse horizonte sombrio se estica por mais de um ano.
Outro dado pequeno, mas complicador: os tipos de dívida mais usados em novembro foram exatamente aqueles que exigem taxas de juros mais altas – o cartão de crédito e o cheque especial.
No Brasil, além de nosso governo considerar que tivemos apenas uma marolinha, a recuperação é anunciada com euforia, embora ainda estejamos lutando para apresentar um pequenino resultado positivo do PIB ainda este ano.
Além disso, existe a possibilidade de uma recaída, conforme economistas de várias tendências e o próprio presidente Obama afirmam recear. Muitas causas foram apontadas para a crise, mas o endividamento das famílias americanas e o nível de inadimplência nas hipotecas imobiliárias foram, sem dúvida, os grandes catalisadores. Grandes bancos, empresas e os cidadãos mais ricos certamente recordam que a crise explodiu quando o mundo parecia mais maravilhoso do que nunca. Só o malandro Madoff os esfolou em mais de 50 bilhões de dólares.
A concentração financeira e industrial está cada vez mais intensa – aqui e no mundo inteiro. O emprego ainda não voltou aos níveis de 2007 – aqui e no mundo inteiro. Desequilíbrios fiscais e comerciais estão em ascensão – aqui e no mundo inteiro.
O futuro talvez não ofereça apenas sorrisos, como nosso ministro da Fazenda romete.
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“Acredita-se que Cícero foi o primeiro homem a ver além da superfície da política pública de César. E a temê-la, como qualquer pessoa deve temer a sorridente superfície do mar.”
Plutarco (aprox. 46 DC - aprox. 120 DC), filósofo e biógrafo grego, em Vidas Paralelas – Júlio César.
PARA MILHOES DE ENDIVIDADOS
A Federação do Comércio de São Paulo faz a melhor pesquisa do país sobre endividamento familiar e revela, em novembro, um súbito aumento do número de famílias endividadas – um “pulo” de 41% para 46%, significando que quase 200 mil famílias se “enrolaram” com algum tipo de prestação nos últimos trinta dias.
O número não é assustador, porque ainda é bem menor do que no auge da crise em 2008 – em outubro esse número chegou a 1,897 milhão, bem mais do que o deste mês – 1,656 milhão..
O problema é que ou ocorreu uma falha na pesquisa ou houve uma perigosa reversão na tendência de queda desde abril deste ano. Em outubro ocorrera uma redução de 150 mil famílias endividadas, provavelmente já por conta do 13º mês.
A pesquisa mostra claramente o alívio dado pelo 13º, mas, ao mesmo tempo, que esse alívio durará pouco. Os endividados em atraso até 30 dias aumentaram para 25,5%, em outubro eram 20,6%. Entre 30 e 60 dias, a percentagem praticamente estagnou – 19,4% em novembro, 19,9% em outubro. Mas os atrasados entre 60 e 90 dias “pularam” de 6,3% para 14,8%! E os que já estão em falta há mais de 90 dias são agora 48%, eram 44%.
Não ficaram só nisso os números que considero “perigosos”. Mais da metade dizem estar “encalacrados” com dívidas pelos próximos seis meses. E a quarta parte afirma que esse horizonte sombrio se estica por mais de um ano.
Outro dado pequeno, mas complicador: os tipos de dívida mais usados em novembro foram exatamente aqueles que exigem taxas de juros mais altas – o cartão de crédito e o cheque especial.
No Brasil, além de nosso governo considerar que tivemos apenas uma marolinha, a recuperação é anunciada com euforia, embora ainda estejamos lutando para apresentar um pequenino resultado positivo do PIB ainda este ano.
Além disso, existe a possibilidade de uma recaída, conforme economistas de várias tendências e o próprio presidente Obama afirmam recear. Muitas causas foram apontadas para a crise, mas o endividamento das famílias americanas e o nível de inadimplência nas hipotecas imobiliárias foram, sem dúvida, os grandes catalisadores. Grandes bancos, empresas e os cidadãos mais ricos certamente recordam que a crise explodiu quando o mundo parecia mais maravilhoso do que nunca. Só o malandro Madoff os esfolou em mais de 50 bilhões de dólares.
A concentração financeira e industrial está cada vez mais intensa – aqui e no mundo inteiro. O emprego ainda não voltou aos níveis de 2007 – aqui e no mundo inteiro. Desequilíbrios fiscais e comerciais estão em ascensão – aqui e no mundo inteiro.
O futuro talvez não ofereça apenas sorrisos, como nosso ministro da Fazenda romete.
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“Acredita-se que Cícero foi o primeiro homem a ver além da superfície da política pública de César. E a temê-la, como qualquer pessoa deve temer a sorridente superfície do mar.”
Plutarco (aprox. 46 DC - aprox. 120 DC), filósofo e biógrafo grego, em Vidas Paralelas – Júlio César.
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