DEU EM O GLOBO
Justiça nega rever o caso e iraniana seria executada na semana que vem. Lula não fará comentários, diz assessor
Graça Magalhães-Ruether e Chico de Gois
* Correspondente
BERLIM e BRASÍLIA. Em mais uma manobra que leva o caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani a uma corrida contra o tempo, a Justiça do Irã rejeitou ontem a reabertura do processo da mulher acusada de adultério , e informou que está analisando o pedido de execução de Sakineh feito pelo promotor de Tabriz, Hossain Nobacht. O caso foi transferido agora para o viceprocuradorgeral, Saeed Mortazavi, que deverá anunciar a pena na semana que vem. Segundo Mina Ahadi, líder da Comissão Internacional contra a Pena de Morte e o Apedrejamento, a sentença pode ser aplicada 24 horas após o seu anúncio.
O regime islâmico mandou uma mensagem política. Apesar de muitos protestos e da preocupação internacional com (Sakineh) Ashtiani, o regime islâmico continua a aterrorizar as pessoas e, especialmente, as mulheres.
Colocar o futuro de Ashtiani nas mãos de Saeed Mortazavi é um sinal muito ruim. Eles estão preparando a execução de Ashtiani.
Esse é um sinal muito claro de que a justiça no Irã não tem nada a ver com ser justo, mas em ser uma ferramenta política para opressão e autopreservação do regime islâmico, disse Mina Ahadi, em nota.
Rejeição do Irã não afeta elo com Brasil, diz Garcia Em entrevista ao GLOBO, Mina apelou outra vez à comunidade internacional e ao presidente Lula pela vida da iraniana.
Os iranianos veem de forma crítica o que o presidente tem feito até agora. Lula apertou as mãos de um regime de terror.
Ignorou os crimes bárbaros do regime contra dissidentes. Mas agora, tem a chance de ajudar para evitar que uma inocente seja executada. O Brasil deve usar suas relações econômicas com o Irã para exercer pressão contra o regime de Ahmadinejad.
Ontem, o assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, afirmou que Lula não voltará a falar publicamente sobre o assunto sem, no entanto, detalhar se há nos bastidores uma negociação pela libertação de Sakineh. Segundo ele, o fato de o Irã se negar a atender ao pedido do presidente não afeta as relações entre os dois países.
Uma coisa é importante: não queremos agora dar a esse episódio um tratamento tão público que possa prejudicar a eficácia maior, que é resolver o problema dela. Nós não vamos...
Um dia o porta-voz diz uma coisa, o embaixador diz outra, fica uma guerra de declarações pela imprensa concluiu Garcia.
Em Brasília, a Câmara aprovou, em votação simbólica, uma moção que exorta o governo do Irã a libertar Sakineh.
Autoridades e agências de notícias iranianas noticiaram ontem que a sentença de morte contra Sakineh seria não apenas por adultério, mas também por ter participado do assassinato do próprio marido, há cinco anos. Mina, no entanto, nega. Ela afirma que tem toda a documentação do processo, garantindo que a versão de assassinato tem em vista apenas confundir a opinião pública internacional.
Sakineh foi presa e condenada à morte por sexo, e não por homicídio.
Desaparecido desde o mês passado, Mohammad Mostafaei, um dos dois advogados da condenada, foi preso segunda-feira na Turquia. Segundo a imprensa local, o governo turco deteve Mostafei sob a acusação de imigração ilegal. O advogado, que pediu asilo político a Ancara, disse que fugiu de seu país depois de ser ameaçado de morte.
Organizações de direitos humanos mostraram preocupação sobre a segurança do homem e a possibilidade de a Turquia, grande aliada do Irã, deportar Mostafei para Teerã. As ONGs agora lutam para que ele consiga asilo politico em um outro país.
Justiça nega rever o caso e iraniana seria executada na semana que vem. Lula não fará comentários, diz assessor
Graça Magalhães-Ruether e Chico de Gois
* Correspondente
BERLIM e BRASÍLIA. Em mais uma manobra que leva o caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani a uma corrida contra o tempo, a Justiça do Irã rejeitou ontem a reabertura do processo da mulher acusada de adultério , e informou que está analisando o pedido de execução de Sakineh feito pelo promotor de Tabriz, Hossain Nobacht. O caso foi transferido agora para o viceprocuradorgeral, Saeed Mortazavi, que deverá anunciar a pena na semana que vem. Segundo Mina Ahadi, líder da Comissão Internacional contra a Pena de Morte e o Apedrejamento, a sentença pode ser aplicada 24 horas após o seu anúncio.
O regime islâmico mandou uma mensagem política. Apesar de muitos protestos e da preocupação internacional com (Sakineh) Ashtiani, o regime islâmico continua a aterrorizar as pessoas e, especialmente, as mulheres.
Colocar o futuro de Ashtiani nas mãos de Saeed Mortazavi é um sinal muito ruim. Eles estão preparando a execução de Ashtiani.
Esse é um sinal muito claro de que a justiça no Irã não tem nada a ver com ser justo, mas em ser uma ferramenta política para opressão e autopreservação do regime islâmico, disse Mina Ahadi, em nota.
Rejeição do Irã não afeta elo com Brasil, diz Garcia Em entrevista ao GLOBO, Mina apelou outra vez à comunidade internacional e ao presidente Lula pela vida da iraniana.
Os iranianos veem de forma crítica o que o presidente tem feito até agora. Lula apertou as mãos de um regime de terror.
Ignorou os crimes bárbaros do regime contra dissidentes. Mas agora, tem a chance de ajudar para evitar que uma inocente seja executada. O Brasil deve usar suas relações econômicas com o Irã para exercer pressão contra o regime de Ahmadinejad.
Ontem, o assessor para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, afirmou que Lula não voltará a falar publicamente sobre o assunto sem, no entanto, detalhar se há nos bastidores uma negociação pela libertação de Sakineh. Segundo ele, o fato de o Irã se negar a atender ao pedido do presidente não afeta as relações entre os dois países.
Uma coisa é importante: não queremos agora dar a esse episódio um tratamento tão público que possa prejudicar a eficácia maior, que é resolver o problema dela. Nós não vamos...
Um dia o porta-voz diz uma coisa, o embaixador diz outra, fica uma guerra de declarações pela imprensa concluiu Garcia.
Em Brasília, a Câmara aprovou, em votação simbólica, uma moção que exorta o governo do Irã a libertar Sakineh.
Autoridades e agências de notícias iranianas noticiaram ontem que a sentença de morte contra Sakineh seria não apenas por adultério, mas também por ter participado do assassinato do próprio marido, há cinco anos. Mina, no entanto, nega. Ela afirma que tem toda a documentação do processo, garantindo que a versão de assassinato tem em vista apenas confundir a opinião pública internacional.
Sakineh foi presa e condenada à morte por sexo, e não por homicídio.
Desaparecido desde o mês passado, Mohammad Mostafaei, um dos dois advogados da condenada, foi preso segunda-feira na Turquia. Segundo a imprensa local, o governo turco deteve Mostafei sob a acusação de imigração ilegal. O advogado, que pediu asilo político a Ancara, disse que fugiu de seu país depois de ser ameaçado de morte.
Organizações de direitos humanos mostraram preocupação sobre a segurança do homem e a possibilidade de a Turquia, grande aliada do Irã, deportar Mostafei para Teerã. As ONGs agora lutam para que ele consiga asilo politico em um outro país.
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