quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Serra critica aproximação do governo brasileiro com Irã

Agência Estado

Marcelo Portela

A aproximação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o regime do Irã, comandado por Mahmud Ahmadinejad, que condenou à morte por apedrejamento uma mulher acusada de adultério, foi o principal alvo do candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Em encontro com lideranças femininas de seu partido e de legendas aliadas hoje na capital mineira, o tucano classificou como "irônica" a posição do Brasil em relação à política de Teerã e acusou o governo brasileiro de ter "carinho" por um ditador que não respeita os direitos humanos, principalmente das mulheres.

No fim do mês passado, Lula ofereceu asilo a Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada a morrer apedrejada pela acusação de ter mantido relações com dois homens, incluindo o assassino de seu marido. O governo iraniano recusou a proposta e disse que o presidente brasileiro é "emotivo" mas está "mal informado" sobre a questão.

Em discurso em um comitê do PSDB em Belo Horizonte, Serra aproveitou o tema para criticar a política externa brasileira. "No Brasil se criou uma secretaria especial da mulher com status de ministro. Eu acho uma ironia o governo ter isso e considerar como amigo, ter carinho por um regime que enterra a mulher até a cintura e apedreja até a morte", disparou, referindo-se à Secretaria Especial de Políticas para Mulheres do governo federal.

Antes da polêmica em torno de Sakineh, Lula já havia se aproximado do regime de Ahmadinejad ao tentar, junto com a Turquia, intermediar negociações sobre enriquecimento de urânio pelo governo do Irã, que levanta suspeitas entre vários países de que Teerã desenvolve pesquisas para criação de armas nucleares.

Omissão

Sem citar diretamente o nome de Lula, Serra avaliou que o governo brasileiro é omisso em relação a notórias violações de direitos humanos no país do Oriente Médio. "Uma coisa é interesse econômico, outra é tratar carinhosamente, como se fosse um camarada, um regime que mata mulheres, que tortura porque, depois da viuvez, teve relação com dois homens. É a sentença de morte mais cruel que eu conheço. Não tem nada a ver trocar mercadoria, não se meter em conspirações em outros países, com deixar de defender e até justificar de maneira clara regime que viola os direitos humanos da maneira mais brutal. No meu governo nós vamos rejeitar isso. Vamos nos manifestar de todas as formas contra esse tipo de regime", observou.

Na opinião do presidenciável, só o fato de Lula oferecer asilo a Sakineh já significa que o governo brasileiro legitima a posição iraniana. "Essa oferta de asilo para ela aqui é como se ela fosse uma criminosa política. E não é. Não fez nada nesse sentido", ressaltou.

Pesquisa

Serra se recusou a comentar a pesquisa feita do Ibope que mostra Dilma à sua frente na corrida presidencial e afirmou que apenas a "crescente consciência" do eleitorado a respeito dos candidatos é decisiva na hora da definição do voto. "O Lula não será mais presidente a partir de 1º de janeiro. E nenhum presidente, em qualquer país do mundo, governa na garupa. Só se governa comandando. Portanto a população vai escolher aquele que vai dirigir o Brasil a partir de 1º de janeiro", ressaltou.


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