quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Debater é preciso, mas... :: Eliane Cantanhêde

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Hoje é um dia nervoso para os candidatos à Presidência. Debates ao vivo pela TV não elegem ninguém, mas bem podem derrotar alguém. Quem está na frente vai pronto para simplesmente não errar. Quem está atrás tem que "criar fatos novos" -expressão muito comum em política- na dose suficiente para avançar, mas sem extrapolar.

Consta que José Serra, pelo passado de prefeito, governador, deputado e senador, tem mais cancha e conteúdo, enquanto Dilma Rousseff, neófita nesse tipo de embate, entra em desvantagem.

Mas Dilma tem maior número de aliados, mais tempo na propaganda eleitoral gratuita, pilhas e pilhas de informações e dicas que os ministros lhe passam. E Serra vai entrar no estúdio num momento em que tudo parece dar errado na sua campanha: desânimo, desmobilização, dúvidas quanto a Aécio, deserção de prefeitos no Nordeste, risco de perda do palanque no DF.

Isso pode dar mais moral a Dilma e mais insegurança a Serra. O que conta -e muito. Em TV, a forma supera o conteúdo.

A última contra Serra foi a informação de que sua campanha foi a que menos arrecadou até julho: R$ 3,7 milhões, contra R$ 11,6 milhões para a de Dilma e de R$ 4,6 milhões para a de Marina.

Pode ser por desorganização, mas cria uma dúvida interessante: o PT vive dizendo que Serra é "de direita" e "candidato das elites", mas os financiadores estão despejando mais dinheiro em Dilma?

A questão "direita" versus "esquerda" deve permear o debate de hoje, mas subliminarmente.

A grande massa de eleitores não tem a menor ideia do que se trata -se é que se interessa por debates políticos. E o financiador de campanhas não está nem aí. O que interessa não é ideologia; é quem tem mais chance de ganhar e garantir seus lucros. Banqueiros, empresários e PMDB, tudo a ver.

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