DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Rubens Figueiredo. Cientista político
Rubens Figueiredo. Cientista político
Moacir Assunção
O debate da TV Bandeirantes, para o cientista político e diretor-geral do Centro de Pesquisas e Análises da Comunicação (Cepac), Rubens Figueiredo, marcará o encontro da candidata mais bem colocada nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT), com o grande público. Figueiredo considera que muita gente que diz que votará na petista nunca a viu, apenas pretende apoiá-la porque ela é a candidata de um governo bem avaliado. "Ela vai ser apresentada, de fato, à população e sair dos nichos mais próximos da classe média. Esta é a primeira vez de que me lembro de um candidato que é líder nas pesquisas, mas quase desconhecido do grande público", diz. Para ele, entretanto, ainda há muitas dúvidas sobre como se sairá a candidata, acuada pela primeira vez por adversários calejados como José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio Arruda Sampaio (PSOL).
Os debates como este de hoje ajudam a formar o voto?
O voto é formado por um conjunto de informações que chegam ao eleitor, o que inclui as aparições de TV, rádios, jornais, comícios e atividades típicas de campanha. O debate é somente mais um elemento de formação da opinião, interligado com os demais. No entanto, no de hoje haverá alguns problemas, entre os quais a concorrência com o futebol, já que haverá o jogo entre São Paulo e Internacional (RS), mas haverá um interesse especial de parte do público que é a curiosidade por ver como se saem os candidatos sem a proteção do horário eleitoral. Nesse sentido, será a primeira vez que Dilma será acuada de verdade. Serra leva vantagem porque tem uma experiência bem maior.
Mas um debate poderia, por exemplo, mudar os rumos de uma campanha?
Não acredito nisso. O público que assiste a um debate dificilmente chega a 10% do número de eleitores. Quase sempre vence o debate quem já está na frente das pesquisas. O eleitor que já declara o voto naquele candidato tende a achar que ele se saiu melhor no embate. Lembro-me de dois debates que mudaram a eleição, como aquele entre Kennedy e Nixon, nos EUA, em 1960, e entre Collor e Lula no Brasil, em 1989, mas são casos raríssimos. Em geral, nenhum candidato esmaga o outro neste tipo de disputa. Há um vencedor, mas sempre por pequeno porcentual, embora os candidatos sempre digam que foram os vitoriosos, naturalmente puxando a brasa para sua sardinha.
Qual a força real da TV?
A TV é fundamental em qualquer análise, porque está presente em 97% dos lares brasileiros e é o nosso grande veículo de massa. Basta ver o que houve depois do último programa partidário do PT, exibido na TV em junho. Depois da exibição, Dilma cresceu sete pontos e Serra caiu uns cinco. Não temos a que creditar a mudança nos porcentuais a não ser à exposição na TV, embora não tenha sido ainda o suficiente para fazer com que o grosso da população a conheça. Os níveis de conhecimento da candidata do governo são extremamente baixos. Ela não é uma personagem do mundo político como os demais, mas egressa do setor administrativo do Estado.
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