DEU EM O GLOBO
"Ele perdeu oportunidade de construir democracia mais tranquila e dinamitou pontes"
Gilberto Scofield Jr.
SÃO PAULO. Após criticar o presidente Lula por “abuso de poder político” nas eleições a favor de sua candidata, Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou o PT e Lula de “dinamitadores de pontes”, numa alusão ao quanto considera difícil uma eventual aproximação entre petistas e tucanos no futuro governo.
Ele culpa a intransigência e a intolerância do governo Lula pela polarização entre os partidos e no próprio país, o que impediria um debate mais construtivo sobre o futuro do Brasil.
O ex-presidente diz que o currículo petista é ruim, caracterizado por discurso agressivo e uso escandaloso da máquina pública na defesa de interesses partidários. Ele criticou a falta de visão conciliatória de futuro do PT e disse que, nos últimos oito anos, o partido “nunca acenou para oposição nenhuma”.
— O PT e o PSDB deveriam ter trabalhado por uma reforma política agora, já deveriam estar discutindo durante a campanha.
Mas tem que criar um clima, porque isso não é de repente.
Depois da transição que eu fiz para o Lula, que foi uma coisa bastante civilizada, esperava isso: mais cooperação. Não aconteceu.
Muito pelo contrário. O governo do presidente Lula se caracterizou pela intransigência, pela intolerância, um é bom, outro é mau. Espero que isso mude, ou então não avançamos politicamente.
E o Brasil precisa de pontes, mas a ponte tem que ser construída. Por enquanto, o governo do presidente Lula e o PT foram dinamitadores de pontes.
Fernando Henrique votou no Colégio Sion, em Higienópolis.
Ele foi aplaudido duas vezes por eleitores que gritavam sentir saudades de sua gestão na Presidência.
O ex-presidente elogiou o processo eleitoral como manifestação democrática legítima no país e disse que o Brasil saiu das urnas mais forte, mas condenou a imagem de “Brasil gigante” que o PT buscou passar na campanha. Ele condenou a soberba e a petulância com que o presidente Lula conduziu todo o processo, mas disse que não nutre mágoas: — Mágoa, a gente tem quando se sente lá dentro ofendido, e Lula não me ofendeu.
Mas ele perdeu a oportunidade de ter construído uma democracia mais tranquila. Se ele fosse menos agressivo, se ele entendesse que não é todo mundo contra ou todo mundo a favor, se ele tivesse uma visão mais pluralista, se ele fosse um pouquinho mais humilde, teria sido melhor. Eu já o convidei para tomar um café. Mas um café, porque todo mundo sabe que eu sou pão-duro, né?
Perguntado sobre os desafios do governo, listou problemas e voltou a reclamar da falta de discussão sobre o futuro do país: — Além das questões econômicas, que, aliás, foram deixadas de lado, nosso problema é criar uma boa sociedade, com respeito à democracia, sem abuso de poder por parte de ninguém, muito menos do presidente da República. Mais segurança para as pessoas, educação de melhor nível, emprego, respeito aos recursos naturais — afirmou. — (Tem que) Deixar de transformar o pré-sal, que é de todos nós, num slogan de campanha, para ser uma coisa realista, para saber o que fazer para o Brasil. É ter uma visão do meio ambiente, o que vai fazer com a matriz energética. Esses são os problemas do Brasil.
"Ele perdeu oportunidade de construir democracia mais tranquila e dinamitou pontes"
Gilberto Scofield Jr.
SÃO PAULO. Após criticar o presidente Lula por “abuso de poder político” nas eleições a favor de sua candidata, Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou o PT e Lula de “dinamitadores de pontes”, numa alusão ao quanto considera difícil uma eventual aproximação entre petistas e tucanos no futuro governo.
Ele culpa a intransigência e a intolerância do governo Lula pela polarização entre os partidos e no próprio país, o que impediria um debate mais construtivo sobre o futuro do Brasil.
O ex-presidente diz que o currículo petista é ruim, caracterizado por discurso agressivo e uso escandaloso da máquina pública na defesa de interesses partidários. Ele criticou a falta de visão conciliatória de futuro do PT e disse que, nos últimos oito anos, o partido “nunca acenou para oposição nenhuma”.
— O PT e o PSDB deveriam ter trabalhado por uma reforma política agora, já deveriam estar discutindo durante a campanha.
Mas tem que criar um clima, porque isso não é de repente.
Depois da transição que eu fiz para o Lula, que foi uma coisa bastante civilizada, esperava isso: mais cooperação. Não aconteceu.
Muito pelo contrário. O governo do presidente Lula se caracterizou pela intransigência, pela intolerância, um é bom, outro é mau. Espero que isso mude, ou então não avançamos politicamente.
E o Brasil precisa de pontes, mas a ponte tem que ser construída. Por enquanto, o governo do presidente Lula e o PT foram dinamitadores de pontes.
Fernando Henrique votou no Colégio Sion, em Higienópolis.
Ele foi aplaudido duas vezes por eleitores que gritavam sentir saudades de sua gestão na Presidência.
O ex-presidente elogiou o processo eleitoral como manifestação democrática legítima no país e disse que o Brasil saiu das urnas mais forte, mas condenou a imagem de “Brasil gigante” que o PT buscou passar na campanha. Ele condenou a soberba e a petulância com que o presidente Lula conduziu todo o processo, mas disse que não nutre mágoas: — Mágoa, a gente tem quando se sente lá dentro ofendido, e Lula não me ofendeu.
Mas ele perdeu a oportunidade de ter construído uma democracia mais tranquila. Se ele fosse menos agressivo, se ele entendesse que não é todo mundo contra ou todo mundo a favor, se ele tivesse uma visão mais pluralista, se ele fosse um pouquinho mais humilde, teria sido melhor. Eu já o convidei para tomar um café. Mas um café, porque todo mundo sabe que eu sou pão-duro, né?
Perguntado sobre os desafios do governo, listou problemas e voltou a reclamar da falta de discussão sobre o futuro do país: — Além das questões econômicas, que, aliás, foram deixadas de lado, nosso problema é criar uma boa sociedade, com respeito à democracia, sem abuso de poder por parte de ninguém, muito menos do presidente da República. Mais segurança para as pessoas, educação de melhor nível, emprego, respeito aos recursos naturais — afirmou. — (Tem que) Deixar de transformar o pré-sal, que é de todos nós, num slogan de campanha, para ser uma coisa realista, para saber o que fazer para o Brasil. É ter uma visão do meio ambiente, o que vai fazer com a matriz energética. Esses são os problemas do Brasil.
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