DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - "Não sou presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não dizer nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu assumir. Não concordo com a posição brasileira. Não é a minha posição."
Dilma Rousseff não poderia ser mais clara ao reiterar ao jornal "The Washington Post", na sua primeira entrevista exclusiva depois de eleita, a distância que guarda da recente abstenção do Brasil na votação de uma resolução na ONU que condena as violações de direitos humanos pelo governo do Irã.
Representa uma novidade em relação à posição da diplomacia brasileira. Mas representa, além disso, uma diferença em relação ao estilo de Lula, inclinado a acochambrar.
Compare: "Se começassem a desobedecer as leis deles para atender aos pedidos dos presidentes, daqui a pouco haverá uma avacalhação", dizia Lula, ao justificar por que não se colocava contra o apedrejamento de Sakineh Ashtiani pelo regime do "companheiro" Ahmadinejad. Com a frase torcida e a atitude contemporizadora, Lula acabou avacalhando os direitos humanos.
Releia agora o que Dilma disse ao "Post": "Não concordo com práticas que tenham características medievais contra as mulheres. Não há nuances. Não vou fazer nenhuma concessão nessa matéria". Para quem leva a sério "essa história de direitos humanos", são palavras que exprimem inequívoco avanço.
Há aí, certamente, um bom resquício feminista da militante de esquerda dos anos 60/70. E também, muito provavelmente, algum esforço para compensar o papelão do recuo, durante a campanha, em relação à descriminalização do aborto.
Salvo engano, o episódio marca a primeira divergência pública de Dilma em relação a Lula.
Nada que deva causar maior mal-estar entre eles. Mas Dilma fixou um ponto e já começa a se libertar do seu criador. Sua fala anuncia um governo mais ponderado e, ao mesmo tempo, mais principista que o atual.
SÃO PAULO - "Não sou presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não dizer nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu assumir. Não concordo com a posição brasileira. Não é a minha posição."
Dilma Rousseff não poderia ser mais clara ao reiterar ao jornal "The Washington Post", na sua primeira entrevista exclusiva depois de eleita, a distância que guarda da recente abstenção do Brasil na votação de uma resolução na ONU que condena as violações de direitos humanos pelo governo do Irã.
Representa uma novidade em relação à posição da diplomacia brasileira. Mas representa, além disso, uma diferença em relação ao estilo de Lula, inclinado a acochambrar.
Compare: "Se começassem a desobedecer as leis deles para atender aos pedidos dos presidentes, daqui a pouco haverá uma avacalhação", dizia Lula, ao justificar por que não se colocava contra o apedrejamento de Sakineh Ashtiani pelo regime do "companheiro" Ahmadinejad. Com a frase torcida e a atitude contemporizadora, Lula acabou avacalhando os direitos humanos.
Releia agora o que Dilma disse ao "Post": "Não concordo com práticas que tenham características medievais contra as mulheres. Não há nuances. Não vou fazer nenhuma concessão nessa matéria". Para quem leva a sério "essa história de direitos humanos", são palavras que exprimem inequívoco avanço.
Há aí, certamente, um bom resquício feminista da militante de esquerda dos anos 60/70. E também, muito provavelmente, algum esforço para compensar o papelão do recuo, durante a campanha, em relação à descriminalização do aborto.
Salvo engano, o episódio marca a primeira divergência pública de Dilma em relação a Lula.
Nada que deva causar maior mal-estar entre eles. Mas Dilma fixou um ponto e já começa a se libertar do seu criador. Sua fala anuncia um governo mais ponderado e, ao mesmo tempo, mais principista que o atual.
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