Sindicalistas reunidos protestaram em frente à sede do Banco Central em SP, na Avenida Paulista
Roberta Scrivano
O cheiro do churrasco de sardinha preparado pelas centrais sindicais em frente à sede do Banco Central em São Paulo, na Avenida Paulista, era sentido a alguns quarteirões de distância. "Sardinha é o símbolo da pobreza", gritava Paulinho, da Força Sindical.
O motivo da churrascada, acompanhada de uma tímida manifestação que, segundo a Polícia Militar reuniu 250 pessoas - mas aos presentes não parecia alcançar 100 -, era protestar contra a alta taxa de juro do País. "Não é mole não, juro alto provoca demissão", insistiam em coro os líderes sindicais. O gancho da manifestação foi a reunião ontem do Comitê de Política Monetária (Copom).
Paulinho, com o discurso afiado, disse que não vê motivo para uma taxa Selic tão alta. "E os burocratas do Banco Central estão fazendo a cabeça da presidente Dilma para subir mais o juro."
Questionado se o aumento da taxa básica é um meio eficiente para conter a inflação, Paulinho foi enfático e disse que não. "Temos uma inflação de commodities internacionais. É o preço das commodities que está subindo", justificou.
Para o líder sindical, é preciso reduzir a taxa básica de juro para estimular os investimentos no setor produtivo e, consequentemente, gerar empregos. "Temos que enfrentar os banqueiros e os especuladores", disse.
Paulinho considera que a Selic ideal é entre 7% e 8% ao ano. Para conseguir o recuo desejado, as centrais sindicais prometeram em discurso organizar manifestações similares sempre que o Copom se reunir para decidir o que fará com o juro (de 40 em 40 dias).
Nem todos os participantes da manifestação sabiam explicar o que é a Selic e qual o impacto que a alta taxa acarreta no bolso do trabalhador. "Não sei o que muda, não", disse Claudiana, que não quis que seu sobrenome fosse publicado.
João Gomes, assessor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, era um dos que mostrava conhecimento sobre o assunto. "Se a Selic sobe, usar o cartão de crédito fica mais caro", explicou. "O juro sobe e o salário não. Isso diminui o nosso poder de compra", emendou.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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