Reportagem da "Veja" afirma que imóvel no qual ministro vive de aluguel está em nome de dois jovens de classe baixa
SÃO PAULO. Depois da polêmica provocada pela rápida elevação de seu patrimônio, nova suspeita pesa sobre o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci: segundo a revista "Veja" desta semana, Palocci mora num apartamento alugado e avaliado em R$4 milhões no luxuoso bairro de Moema, Zona Sul de São Paulo, que está em nome de dois jovens de 17 e 23 anos, de classe média baixa.
Segundo a revista, o apartamento foi transferido à Lion Franquia e Participações Ltda, mas está registrado no 14º Ofício de Registro de Imóveis de São Paulo em nome de dois sócios: Dayvini Costa Nunes, com 99,5% das cotas, e Filipe Garcia dos Santos, com 0,5%. Filipe tem apenas 17 anos e só foi emancipado no ano passado, enquanto Dayvini tem 23 anos, é representante comercial, mora nos fundos de um casabre na periferia de Mauá, no ABC paulista, e é ex-funcionário da prefeitura da cidade, administrada pelo petista Oswaldo Dias.
Em entrevista à revista, Dayvini se declara um pobre "laranja". Já ganhou a vida como vendedor de uma loja de roupas e atualmente sobrevive transportando videogames com sua Saveiro, comprada em 60 prestações. Deve R$400 a uma administradora de cartões de crédito e abandonou curso de Administração na faculdade por não conseguir pagar a mensalidade e até está sendo processado pela escola por não ter quitado o débito de R$3.200. Até seus telefone fixo e celular foram cortados por falta de pagamento. Tem um salário de R$700 e é sustentado pela mãe, uma professora da rede pública.
- Estou surpreso com essa história. Nunca tive bem algum - disse Dayvini à "Veja".
O nome dele começou a aparecer na escritório do imóvel onde Palocci mora em janeiro de 2008. Ele aparece como sendo beneficiário de uma hipoteca de R$233.450, que foi garantia para a compra do apartamento de Moema onde Palocci mora.
- Eu sou pobre. Como eles poderiam ainda me dever?
Em setembro de 2008, o imóvel de Dayvini foi transferido por doação para a Lion Franquia e Participações Ltda. A Lion diz ter recebido o apartamento de Gesmo Siqueira dos Santos, tio de Dayvini.
Segundo a revista, a Lion usou endereços falsos em suas operações nos últimos três anos. Gesmo responde a 35 processos por fraudes em documentos, adulteração de combustível e sonegação fiscal. O outro sócio da Lion, Filipe Garcia dos Santos, forneceu ao cartório um endereço fictício no Paraná. A sede formal da Lion fica na cidade de Salto, a 100km da capital paulista.
No dia 29 de dezembro do ano passado, quando Palocci já era tido como o principal ministro da presidente Dilma Rousseff, Dayvini assumiu 99,5% das cotas da Lion Franquia. Ele disse que jamais recebeu um centavo do aluguel - que, segundo imobiliárias, seria de aproximadamente R$15 mil - de Palocci.
Depois dessa entrevista, segundo a revista, Dayvini ligou para a "Veja" na última sexta-feira, para mudar sua versão. Não negou que era laranja da Lion, mas afirmou que entrou no negócio para ajudar um parente.
- Eu quero tirar essas empresas do meu nome (...). Esse problema envolve pessoas com quem eu não tenho como brigar, como Palocci - disse o laranja à "Veja".
FONTE: O GLOBO
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