"Não se pode subestimar o esforço propriamente teórico por trás desta coletânea de textos ocasionais. Um esforço que, por si só, seria valioso, mas que se traduz em textos nos quais é difícil não ver também a intenção de uma intervenção política no sentido direto e até imediato do termo. Ator e fatos – para retomar, por fim, um dos motivos de inspiração clássica mais caros ao nosso autor – costumam se alhear, com resultados práticos sempre custosos: contando com a insciência do ator, especialmente aquele que, por sua posição no mundo, tem a responsabilidade maior de sustentar os temas da igual-liberdade, os fatos em geral adquirem uma realidade autônoma, fantasmagórica, terminando por fazer as vezes de uma Providência particularmente indiferente aos melhores desígnios humanos. Aqui, no entanto, o ator (a esquerda brasileira e as forças democráticas em geral) encontra razões e argumentos para um discurso moderno, articulado e pluralista. Um discurso, por isso mesmo, potencialmente capaz de hegemonia, nesses nossos tempos de dificílima apreensão conceitual. Não é pouco e é indispensável."
Luiz Sérgio Henriques, editor de Gramsci e o Brasil. Prefácio ao livro de Luiz Werneck Vianna, Modernização sem o moderno – análises de conjuntura na era Lula. Fundação Astrojildo Pereira/Contraponto, Brasília, 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário