Vice-presidente condena atuação da polícia e diz que "força desnecessária" foi usada contra Colbert Martins
Silvia Amorim
SÃO PAULO. O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), criticou ontem a ação da Polícia Federal na Operação Voucher, que teve como alvo o Ministério do Turismo. Temer considerou um "exagero" a forma como se deu a prisão do ex-deputado peemedebista Colbert Martins Silva Filho, um dos 36 presos na operação, e disse que o uso de algemas em suspeitos de irregularidades "pegou muito mal". Ele não foi o único peemedebista a se queixar.
- Evidentemente que os exageros dos últimos acontecimentos, que são notórios, não surgiram de uma coisa gravíssima. De vez em quando, eu ouço que há provas robustas. Mas cadê as provas robustas? - questionou Temer, após cerimônia de filiação ao PMDB do ex-deputado Luiz Antonio Fleury Filho, ex-PTB.
O vice-presidente expôs publicamente insatisfação com a operação. Desde anteontem, há informações de que a presidente Dilma Rousseff ficou irritada, entendendo ter havido excessos por parte da PF no cumprimento dos mandados de prisão. Mas ela não fez, até agora, qualquer declaração sobre o assunto.
Temer também disse que o uso de algemas causou mal-estar na cúpula do governo.
- A história de usar algemas pegou muito mal. Não só eu, mas muita gente ficou muito chocada com aquilo.
Ele citou especificamente o caso da prisão do ex-deputado Colbert Martins como exemplo do "exagero". O episódio voltou a estremecer a relação entre o PMDB e o PT, embora o vice-presidente negue.
- Convenhamos, fazer o que se fez com o ex-deputado Martins foi de uma força absolutamente desnecessária. Esse cuidado é preciso tomar.
O presidente nacional do PMDB em exercício, senador Valdir Raupp (RO), foi menos diplomático nas críticas.
- A prisão do Colbert Martins, sem uma única prova, foi uma grande injustiça que fizeram com o PMDB. Se isso é tratamento privilegiado, eu não sei o que seria se não fosse - reagiu, ao ser perguntado se o PMDB estaria tendo tratamento diferenciado do governo sobre as investigações no Ministério da Agricultura em relação à faxina feita por Dilma nos Transportes, comandado pelo PR.
No caso das investigações na pasta do Turismo, Raupp ironizou a justificativa dada ao partido pelo governo de que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), não teve informações antecipadas da PF:
- A informação que chegou é que o ministro só ficou sabendo na última hora. É uma coisa muito difícil de acreditar, mas nós vamos acreditar na palavra do ministro.
FONTE: O GLOBO
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