A presidente Dilma Rousseff está sob fogo cruzado. O tiroteio vem de fora, com a crise econômica que agora ameaça o "triplo A" da França, e de dentro, com a insubordinação e as ameaças da base aliada no Congresso.
Ela tenta manter o foco na questão econômica, que não permite otimismo, apesar do refresco de ontem: reequilíbrio das Bolsas e anúncio de reservas internacionais de US$ 351 bilhões, mais de 60% acima das da crise passada.
Mas Dilma não pode se descuidar do flanco interno. A CPI, que seria só no Senado e só sobre a roubalheira no Ministério dos Transportes, ganha duplo upgrade: a nova coleta de assinaturas é para uma CPI mista (Câmara e Senado) e sobre a corrupção nos ministérios em geral. Ou seja: sobre o governo.
A ameaça, explícita na oposição (PSDB, PSOL, DEM e PPS), é dissimulada nos partidos aliados (PMDB, PR, PTB, PP e PSC), que fazem "operação padrão" no Congresso Nacional, contra o PT e o governo. Reclamam um pouco da não liberação de emendas e muito da "faxina ética" em ministérios. Sentem-se "vítimas".
Não bastasse, começa uma nova frente de batalha: Dilma mandou, e o Ministério da Justiça resolveu bater de frente com a Polícia Federal, questionando as dezenas de prisões no Turismo e a volta ostensiva de algemas, com altos funcionários sendo fotografados algemados, apesar de serem ainda suspeitos.
O argumento do Planalto e da Justiça é que a prática contraria os limites estabelecidos pelo Supremo em 2008 (algemas, só com risco de fuga ou resistência à prisão).
Dilma disse que está "tranquila" com a queda de seis pontos de popularidade na pesquisa CNI/Ibope divulgada anteontem, mas não deveria estar tanto. Até porque a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, parece sozinha ao dar ordem unida às tropas aliadas. E ela é aquela, sim, que o ex-ministro Jobim chamou de "fraquinha".
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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