Setenta mil trabalhadores do ABC esperam nova proposta até terça
Ronaldo D"Ercole
SÃO PAULO. Cerca de 70 mil metalúrgicos do ABC paulista estão em estado de greve desde ontem, após rejeitarem proposta de reajuste salarial apresentada pelas empresas da região. São trabalhadores de autopeças, fundição e estamparia de Diadema, que negociam em grupo com seis sindicatos patronais. Representados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT, eles reivindicam as mesmas condições acertadas por seus colegas das montadoras - 10% de reajuste (sendo 2,55% de aumento real), abono e outros benefícios. Os seis grupos patronais ofereceram reajustes de 8% a 9%. Se não houver novas propostas das empresas até a terça-feira, os trabalhadores vão a assembleia votar a deflagração de greve.
Em Campinas, os empregados das fábricas da Honda e da Mercedes-Benz entraram em greve na terça-feira, depois de rejeitarem oferta das empresas. Os 3.100 empregados da Honda voltaram atrás e na quarta-feira fecharam com a montadora, levando um aumento de 11% nos salários. Como a Mercedes estabeleceu um teto de 10% de reajuste, a greve continua. Na quarta-feira, também foi a vez dos 3,5 mil funcionários da Samsung cruzarem os braços. Eles pedem 11% de reajuste.
Thiago Curado, analista da consultoria Tendências, diz que os elevados reajustes que os sindicatos vêm conseguindo, junto com o aumento de 14% no salário mínimo a partir de janeiro, são elementos de forte pressão sobre a inflação em 2012, para quando já se prevê alta acima de 5% no IPCA. No primeiro semestre, segundo o Dieese, de 353 categorias que fecharam acordos coletivos, 93% tiveram reajustes iguais ou superiores à inflação.
- Com o aumento real da renda, a economia vai continuar aquecida e, ao mesmo tempo, salários maiores significam mais custos para as empresas. Esses são dois fatores de pressão inflacionária. Esse ritmo de crescimento da renda não é sustentável porque significará mais inflação.
FONTE: O GLOBO
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