Aline Reskalla
Após paralisar as obras da reforma do Mineirão, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil anunciou nesta quinta-feira que a greve será mantida nesta sexta, dia em que a presidente Dilma Roussef participará em Belo Horizonte da cerimônia de abertura da contagem regressiva dos mil dias para o início da Copa do Mundo de 2014.
Cerca de 200 representantes dos 1.200 trabalhadores do estádio participaram de uma assembleia no início da tarde, em frente ao canteiro de obras, e votaram por unanimidade pela greve. Poucas horas depois, no entanto, parte dos operários voltou ao trabalho, de acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo do Governo de Minas (Secopa).
O presidente do Sindicato, Osmir Venutto, disse que 90% dos funcionários da obra cruzaram os braços nesta quinta e garantiu que o movimento deve continuar nesta sexta. A categoria reivindica aumento do vale-alimentação de R$ 60 para R$ 160 e equiparação com o piso salarial pago em São Paulo, de R$ 1.100, além de melhorias no canteiro. Ele denuncia ainda que muitos colegas ganham menos que o piso de R$ 961.
"Estou aqui há seis meses contratado como meio oficial pedreiro e exercendo a função de supervisor de área confinada. Recebo R$ 670 quando na verdade meu salário tinha que ser de R$ 961", disse um funcionário que pediu para não ser identificado, com medo de ser demitido.
"Eu quero reclamar da água. A gente toma água salobra, de dois poços que têm aqui, que é puro sal", protestou o armador Fabrício de Freitas, de 43 anos. Outro armador, que se identificou apenas como Leo, disse que os banheiros químicos "quase nunca são limpos. O cheiro é terrível, a situação deles é pior ainda".
A assessoria da Secopa informou que as questões levantadas pelos trabalhadores serão negociadas diretamente com o sindicato que representa o setor, Sitcop, da construção pesada, que não participou da paralisação desta quinta. Osmir Venutto disse que foi chamado pelos trabalhadores para coordenar o movimento porque o Sitcop-MG não quis participar da paralisação.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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