Ministro da Fazenda rebate previsão de 3,5% do Banco Central para PIB de 2012 e mantém expectativa de retomada na casa dos 5% puxada, segundo ele, pelo aumento dos investimentos públicos e privados, do salário mínimo e do consumo
5% ou 3,5%? Mantega e BC divergem sobre crescimento
Ministro da Fazenda atenua estimativa do Relatório de Inflação da autoridade monetária para o PIB de 2012 e afirma que o governo vai agir para manter a economia brasileira aquecida, pois “usa variáveis diferentes”
Simone Cavalcanti
BRASÍLIA - Se por um lado o Ministério da Fazenda tem as projeções de inflação muito bem alinhadas com as do Banco Central, a rota é totalmente oposta quando se trata das estimativas para o crescimento da economia brasileira. Essa diferença se mostra muito acentuada com relação às perspectivas de 2012, um ano que chega ainda carregando muitas incertezas sobre o desenrolar da crise nos países desenvolvidos. Ontem, durante café da manhã marcado justamente no horário de divulgação do Relatório de Inflação do BC, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi questionado sobre a expectativa de alta de 3,5% para o Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem feita pela autoridade monetária. Oficialmente, Mantega mantém 5% no Orçamento Federal, mas ontem reafirmou que é possível apurar algo entre 4% e 5% de acordo com o desenvolvimento da crise externa. O ministro minimizou o papel da autoridade monetária em relação às projeções sobre o desempenho da economia.
“A previsão do Banco Central é mais precisa no que diz respeito à inflação, que é de 4,7% para o ano que vem e isso me parece bastante razoável. Em relação ao crescimento, eles são menos precisos.”
Mas não é bem assim. O BC tem acertado mais do que o Ministério da Fazenda, tanto nos documentos que divulgam publicamente como nas declarações. Em setembro deste ano, por exemplo, a equipe do presidente Alexandre Tombini ja projetava alta de 3,5% para o PIB enquanto Mantega ainda falava em 4%. Só após a divulgação do resultado do terceiro trimestre pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de um crescimento anualizado de 3,2% é que Mantega admitiu que as riquezas do país podem expandir em algo entre 3% e 3,5%. “Mas ainda acreditamos em um crescimento maior.”
No ano passado, quando a evolução do PIB surpreendeu positivamente, foi o BC que primeiro divulgou em seu documento oficial a projeção de 7,3% enquanto a Fazenda ainda mantinha oficialmente uma alta de 6,5%. Muito embora siga firme no discurso de que a política monetária ainda tem “gordura para queimar”, ou seja, que há espaço para seguir reduzindo a taxa básica de juros, a Selic, é sempre bom lembrar que Mantega tem a caneta na mão. Significa dizer que, qualquer impacto maior ou indesejado da crise internacional sobre o mercado interno, pode levá-lo a colocar em prática um arsenal de estímulos econômicos para impulsionar o crescimento.
Foi assim em 2009 quando a equipe do Ministério da Fazenda focou em setores específicos, como automóveis e de linha branca, ampliando fortemente o consumo e a produção industrial. Naquele momento, o BC também contribuiu baixando a Selic ao seu menor nível (8,75% ao ano) desde que o sistema de metas de inflação foi criado em 1999.
2012
“Para o próximo ano, vamos crescer mais que este porque já administramos uma parte dos impactos da crise. Nossa previsão é diferente porque usamos variáveis diferentes, cenários diferentes”, disse. “Eu sou mais o cenário nosso: de 4% a 5%, sendo que 4% se a situação internacional continuar complicada, mas sempre existe a esperança de que os europeus consigam rsolver seus problemas". Os desafios para 2012? Justamente evitar o contágio na economia brasileira da crise que pode piorar. Para isso, entre outras medidas, o ministro citou a intensificação da defesa comercial brasileira, como antecipou o Brasil Econômico esta semana, o aumento do nível de investimentos e da massa salarial.
FONTE: BRASIL ECONÔMICO
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