Medida visa a estimular grandes bancos a investirem em pequenas instituições
Flávia Barbosa, Gabriela Valente
BRASÍLIA. Em meio à turbulência global, o Banco Central (BC) decidiu reduzir a parcela dos compulsórios sobre depósitos a prazo remunerada pela Taxa Selic, dos atuais 100% para 73% em fevereiro e 64% em abril. A medida visa a incentivar os grandes bancos a injetarem dinheiro nos de pequeno e médio portes em vez de deixá-lo parado no BC. Isso pode liberar R$29 bilhões no sistema financeiro, a partir da compra de carteiras, Certificados de Depósito Interbancário (CDIs) e Letras Financeiras (LFs).
O BC ainda criou mecanismos para que as instituições prefiram as aplicações de longo prazo. A possibilidade de uso do compulsório na compra de carteiras e CDIs foi instituída no fim de 2008, início da crise financeira. Terminaria agora e está se tornando permanente no caso da aquisição de carteiras.
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, não foi detectado estrangulamento do fluxo de recursos: a intenção é tornar mais eficiente a distribuição de liquidez. Mas exportadores e empresários têm reclamado que, com recente o agravamento da crise global, cresceu a aversão a risco das instituições médias, dificultando o acesso ao crédito.
- Não é uma preocupação com empoçamento de liquidez, os fluxos estão normais. A medida é para otimizar o que não está sendo utilizado hoje no mercado - disse Mendes.
Atualmente, os bancos recolhem 20% dos depósitos ao BC, sendo remunerados pela Selic. Há a opção de aplicar 36% desses recursos na compra de carteiras de crédito ou CDIs em instituições com patrimônio de referência (PR) de até R$2,5 bilhões - reduzido a R$2,2 bilhões.
Outra alteração foi a parcela dos depósitos a prazo sujeita a remuneração pelo BC. A partir de 24 de fevereiro, em vez de 100% serão apenas 73%. Em 27 de abril, cai a 64%. Ou seja: 36% dos compulsórios ficarão parados sem remuneração.
- Com as regras atuais, poderiam estar aplicados R$60 bilhões em carteiras e DIs, mas apenas R$31 bilhões o estão. Há um potencial de R$29 bilhões não aplicados, porque são remunerados. No momento que o BC deixar de remunerar esses recursos, estará dando um incentivo - disse Mendes.
Se o BC atingir seu objetivo, poderão sobrar mais recursos para os bancos emprestarem a empresas e famílias.
Superávit no ano do Governo Central é de R$91,1 bi
Com os investimentos represados na maior parte de 2011, o governo já cumpriu 99% da meta de superávit primário para o ano. De janeiro a novembro, o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e BC) economizou para pagamento dos juros da dívida pública R$91,1 bilhões, ou 2,41% do Produto Interno Bruto (PIB). A meta no ano é de R$91,7 bilhões.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que os desembolsos foram prejudicados pela "faxina" da presidente Dilma Rousseff após denúncias de corrupção e por ser início de governo. Para ele, 2012 será o momento do investimento.
FONTE: O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário