Partido ameaça o Planalto para não perder posto-chave na Caixa para PT
Se pressão persistir, o governo diz que irá postergar a discussão do Orçamento de 2012 para o ano que vem
Maria Clara Cabral
BRASÍLIA - O PMDB escolheu um novo instrumento no Congresso para pressionar o Palácio do Planalto a manter a influência do partido na Caixa Econômica Federal: apoiar um reajuste acima da inflação para os aposentados.
A tática visa garantir que o governo não irá ceder à vontade de petistas que querem tirar das mãos de peemedebistas o controle de um posto-chave na Caixa, que define a política de investimentos do FGTS.
A disputa entre os partidos pelo fundo se intensificou nas últimas semanas. O Planalto agiu para acalmar os ânimos de seu maior aliado no Congresso e disse que manterá o PMDB no posto.
Sem confiar cegamente no aceno do Planalto, o PMDB quer usar a ameaça de apoiar o aumento dos aposentados como "moeda de troca", nas palavras de um líder.
Hoje o plano do governo é, na discussão do Orçamento que se processa no Congresso, dar um aumento aos aposentados que ganham acima de um salário mínimo equivalente à inflação do período medida pelo INPC, 6,4%.
Mas a pressão para um índice maior, de 11,7%, é grande. E com o eventual apoio do PMDB há chances reais de esse valor ser aprovado na votação do Orçamento, marcada para a semana que vem.
Se a proposta for aprovada nesses termos, haveria um aumento substancial nos gastos públicos, cenário indesejado pelo Planalto.
Peemedebistas também calculam que o constrangimento público para a presidente Dilma Rousseff ao vetar um reajuste real para os aposentados seria maior do que vetar um eventual aumento para o Judiciário, outro fator usado pelo PMDB para pressionar o governo.
Se as ameaças persistirem, o Planalto já disse que irá postergar a discussão do Orçamento para o ano que vem, dando mais tempo a seus líderes para negociar.
PLANOS PESSOAIS
Por ora, um dos maiores interessados no reajuste para o Judiciário é o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
Além da pressão contra o Planalto, o movimento do peemedebista tem o objetivo de conseguir a simpatia entre os colegas para consolidar a sua candidatura à presidência da Câmara em 2013.
A maioria dos deputados, principalmente líderes partidários, é favorável a aumento de pelo menos 5,3% para o Judiciário, o que causaria impacto de cerca de R$ 1 bilhão ao Orçamento de 2012.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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