sábado, 17 de dezembro de 2011

PMDB apoia reajuste para pressionar por cargo na Caixa

Partido ameaça o Planalto para não perder posto-chave na Caixa para PT

Se pressão persistir, o governo diz que irá postergar a discussão do Orçamento de 2012 para o ano que vem

Maria Clara Cabral

BRASÍLIA - O PMDB escolheu um novo instrumento no Congresso para pressionar o Palácio do Planalto a manter a influência do partido na Caixa Econômica Federal: apoiar um reajuste acima da inflação para os aposentados.

A tática visa garantir que o governo não irá ceder à vontade de petistas que querem tirar das mãos de peemedebistas o controle de um posto-chave na Caixa, que define a política de investimentos do FGTS.

A disputa entre os partidos pelo fundo se intensificou nas últimas semanas. O Planalto agiu para acalmar os ânimos de seu maior aliado no Congresso e disse que manterá o PMDB no posto.

Sem confiar cegamente no aceno do Planalto, o PMDB quer usar a ameaça de apoiar o aumento dos aposentados como "moeda de troca", nas palavras de um líder.

Hoje o plano do governo é, na discussão do Orçamento que se processa no Congresso, dar um aumento aos aposentados que ganham acima de um salário mínimo equivalente à inflação do período medida pelo INPC, 6,4%.

Mas a pressão para um índice maior, de 11,7%, é grande. E com o eventual apoio do PMDB há chances reais de esse valor ser aprovado na votação do Orçamento, marcada para a semana que vem.

Se a proposta for aprovada nesses termos, haveria um aumento substancial nos gastos públicos, cenário indesejado pelo Planalto.

Peemedebistas também calculam que o constrangimento público para a presidente Dilma Rousseff ao vetar um reajuste real para os aposentados seria maior do que vetar um eventual aumento para o Judiciário, outro fator usado pelo PMDB para pressionar o governo.

Se as ameaças persistirem, o Planalto já disse que irá postergar a discussão do Orçamento para o ano que vem, dando mais tempo a seus líderes para negociar.

PLANOS PESSOAIS

Por ora, um dos maiores interessados no reajuste para o Judiciário é o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Além da pressão contra o Planalto, o movimento do peemedebista tem o objetivo de conseguir a simpatia entre os colegas para consolidar a sua candidatura à presidência da Câmara em 2013.

A maioria dos deputados, principalmente líderes partidários, é favorável a aumento de pelo menos 5,3% para o Judiciário, o que causaria impacto de cerca de R$ 1 bilhão ao Orçamento de 2012.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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