Segundo Dieese, governo fica com R$ 1,8 bi de imposto, dinheiro que poderia ir diretamente para o consumo
Trabalhadores vão entregar pedido aos ministros Gilberto Carvalho e Guido Mantega e ao Congresso
Venceslau Borlina Filho
SÃO PAULO - Os 780 mil metalúrgicos, químicos, petroquímicos e bancários da Grande São Paulo reivindicaram ontem o fim da cobrança do IR (Imposto de Renda) sobre a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) das empresas.
Cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) feitos a pedido dos sindicatos apontam que a arrecadação do imposto atinge R$ 1,8 bilhão dos valores recebidos pelos trabalhadores.
Segundo os sindicalistas, ao extinguir a cobrança, o valor poderia ser injetado diretamente na economia. "Queremos a redução das alíquotas imediatamente e o fim da cobrança", disse o presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre.
Os trabalhadores vão entregar hoje aos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República) e Guido Mantega (Fazenda) um abaixo-assinado pedindo as alterações. O documento também chegará ao Congresso Nacional.
Segundo a Secretaria-Geral da Presidência, o pleito será analisado e discutido com as categorias. No ano passado, uma discussão chegou a ser iniciada com o Ministério da Fazenda, mas não houve prosseguimento.
BITRIBUTAÇÃO
Para o advogado tributarista Sérgio Igor Lattanzi, o pleito dos trabalhadores é legítimo porque há bitributação sobre os lucros. "As empresas já fazem a tributação como pessoa jurídica, e os trabalhadores, como pessoa física", disse.
A manifestação dos trabalhadores ocupou a pista marginal da via Anchieta, do km 23,5 ao 19. A organização estimou 10 mil pessoas. A Polícia Militar não forneceu estimativa de participantes.
Atualmente, a PLR de um trabalhador da Volkswagen chega a R$ 12 mil por ano. Nesse exemplo, o leão abocanha R$ 2.576 do valor recebido pelo trabalhador.
Segundo o Dieese, a PLR registrou aumento real (descontada a inflação) de 74% de 1996 até agora. Já o salário mínimo teve variação de 95%. No período, a produção de veículos cresceu 113%.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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