SUS enfrenta escassez de serviços
BRASÍLIA. A rede privada de Saúde tem quatro vezes mais médicos do que o Sistema Único de Saúde (SUS). Para cada mil usuários de planos de saúde, existem 7,6 postos de trabalho ocupados por médicos, enquanto no SUS a taxa é de 1,95. No Brasil, os usuários de planos dispõem de 3,9 vezes mais profissionais que os pacientes da rede pública, considerando a população atendida pelo SUS de 145 milhões de pessoas e a usuária das operadoras, superior a 46 milhões. Os dados são da pesquisa Demografia Médica no Brasil, divulgada ontem pelos conselhos Federal de Medicina (CFM) e Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
O número de médicos na rede particular fica acima da média nacional no Centro-Oeste, Nordeste e Sul - 10,3, 9,6 e 9,5 para mil usuários. A pesquisa destaca a grande distorção na Bahia, onde o índice chega a 1,25 médico na rede pública por mil pacientes, enquanto os usuários de planos de saúde têm à disposição 15,14 médicos. No estado, 89% da população usa a rede pública. O levantamento não avalia se o contraste se reflete em melhor qualidade e acesso à assistência médica, mas a tendência de concentração de profissionais nas operadoras de saúde, que oferecem mais vagas de emprego.
- (A diferença) pode estar contribuindo para escassez de serviços públicos. Se não invertermos a equação, iremos aumentar a desigualdade no (setor) público e privado - disse Mário Scheffer, coordenador da pesquisa e professor da Faculdade de Medicina da USP.
As taxas foram calculadas com base nos postos de trabalhos ocupados em hospitais privados que atendem a planos de saúde e em unidades financiadas pelo governo, como instituições públicas, filantrópicos ou conveniadas. Não foram contabilizados consultórios particulares.
O governo resolveu lançar, em janeiro, uma forma de saber o que os usuários do SUS acham do serviço. Quem for internado ou fizer algum procedimento de alta complexidade (como quimioterapia e radiologia) nos hospitais públicos receberá pelo correio um questionário para avaliar a equipe médica e de enfermagem que o atendeu, além das instalações do hospital. São cinco perguntas, que poderão ser respondidas pelo correio, e-mail ou por telefone. O governo espera medir o nível de insatisfação e monitorar irregularidades.
FONTE: O GLOBO
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