Líder do governo encaminha carta a deputados e pede presença esta semana no Congresso para iniciar discussão
Cristiane Jungblut
BRASÍLIA. – Para evitar as divergências da semana passada, quando a sessão da Câmara dos Deputados foi abruptamente interrompida, o Palácio do Planalto e os líderes aliados tentaram fechar ontem uma estratégia para votar o projeto que cria o Regime de Previdência Complementar do Servidor Público da União (Funpresp).
A intenção dos líderes aliados é votar após o carnaval.
Ontem à noite, ainda estavam fechando o calendário de votação, em encontro com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
A ideia do líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), é votar hoje medidas provisórias e a chamada PEC da Invalidez.
Conforme o quorum, poderá ser iniciada a discussão do Funpresp.
Para tentar garantir presença dos deputados nesta semana que antecede o carnaval, Vaccarezza enviou mensagens aos deputados, cobrando o comparecimento.
Planalto quer base aliada a favor do Funpresp Para aparar as arestas, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e Vaccarezza conversaram ontem durante a posse da nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, no Rio.
A presidente Dilma Rousseff participou da posse e ficou ao lado de Maia, que, na semana passada, contrariado com o Planalto, adiou a votação do Funpresp.
A intenção dos líderes é fazer um acordo para que o Funpresp seja votado num clima menos tenso, com adesão de toda a base aliada.
Semana passada, PR e PDT ameaçavam votar contra, insatisfeitos com perdas de cargos no governo.
O Planalto quer a votação do projeto o mais rapidamente possível.
Isso deverá ser reforçado hoje pela própria Dilma, na reunião do Conselho Político.
— Vamos votar o Funpresp no dia 28.
Amanhã (hoje), quero votar duas medidas provisórias, que estão (trancando) na pauta, e a PEC da Invalidez — disse Vaccarezza.
Para o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), a votação do Funpresp será depois do carnaval.
O líder do PR, Lincoln Portela (MG), já anunciou que mudou de posição e não vai mais pedir o adiamento.
Portela apresentará emenda ao texto prevendo que o Ministério Público da União faça parte do Fundo de Previdência Complementar do Poder Judiciário, e não do Fundo do Poder Executivo, como determinaria a regra.
Segundo o líder do PR, essa é a principal reivindicação do Ministério Público da União.
O Fundo do Poder Judiciário está sendo cobiçado por várias carreiras que deveriam estar no Fundo do Poder Executivo.
Há um movimento para que todas as "carreiras jurídicas" fiquem no Fundo do Judiciário, incluindo a Defensoria Pública e a Advocacia Geral da União.
Um dos relatores do projeto, Ricardo Berzoini (PT-SP), foi procurado por todas essas categorias para tratar do assunto.
O projeto prevê a criação de até três fundos, um para cada poder: Executivo, Judiciário, e Legislativo.
Mas os servidores do Legislativo não querem ficar sozinhos, porque o volume de recursos seria pequeno.
PR vai formalizar retorno à bancada de apoio
Os dirigentes do PR não vão participar hoje da reunião do Conselho Político com Dilma, mesmo convidados.
Serão recebidos mais tarde no Palácio do Planalto, quando querem formalizar a volta do partido à base do governo no Congresso.
Quando o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) foi demitido do Ministério dos Transportes, o PR saiu da base e assumiu a postura de independente.
Agora, quer voltar à Esplanada e à base governista.
Hoje de manhã, integrantes da da Executiva do PR se reunirão para fechar uma posição a ser levada ao Planalto.
Nos bastidores, o PR reivindica a volta ao comando de um ministério, pois não considera que o ministro Paulo Sérgio Passos (Transportes) seja da cota do partido — embora filiado à legenda, é um nome da Dilma.
FONTE: O GLOBO
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