Gilberto Kassab está para José Alencar assim como Fernando Haddad está para Dilma Rousseff na eleição paulistana.
Lula viveu uma vida de disputas e de desafios, até chegar à Presidência e sair dela com estonteantes 80% de popularidade. Mas ainda quer mais. Sua nova disputa é para derrotar o PSDB no seu último grande reduto, São Paulo. Seu novo desafio é reproduzir suas criaturas Dilma e Alencar no nível municipal.
Kassab, como Alencar, começou na direita, deu um passo à frente aliando-se ao PSDB de José Serra e se transformou num parceiro suprapartidário que tem vários interesses complementares com o PT. Se a principal construção de Alencar foi a sua empresa, hoje multinacional, a de Kassab é o PSD, que já nasce como terceira bancada da Câmara.
Kassab precisa de Dilma como Alencar precisou de Lula para "subir na vida" política, mas Lula, Dilma e o PT precisam de Kassab tanto quanto precisaram de Alencar. A diferença é de proporção: uma eleição é municipal, a outra foi presidencial.
Eis o cálculo de Lula: o PT -como ele próprio- tinha um teto nacional e tem um teto paulistano. Nos dois casos, só ampliaria horizontes, financiamentos, aliados e votos compondo à direita. Danem-se as diferenças.
Uma chapa Lula-alguém da esquerda não acrescentaria nada. Já Lula-Alencar mudou tudo. Uma chapa Haddad-esquerda bate no ranço anti-PT de parte do eleitorado. Já Haddad-indicado de Kassab...
Para Alencar, o céu era o limite. Para Kassab, também. Líder patronal, Alencar virou vice do líder sindical. Ex-malufista, Kassab deve emplacar o vice do petista Haddad.
Até o "début" no PT foi igual: tanto Alencar na convenção que fechou a chapa de Lula quanto Kassab na festa dos 32 anos do partido foram o centro das atenções, vaiados pela massa, aplaudidos pela cúpula. Sei não, mas essa aliança de Lula e Dilma com Kassab ainda vai longe.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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