Na tentativa de conter a insatisfação do PDT, a presidente Dilma Rousseff deve nomear o deputado Brizola Neto para o Ministério do Trabalho, relata Vera Rosa
Dilma quer definir nome do PDT para o Trabalho
Após semana de crise com aliados e rebelião do PR no Senado, presidente pretende confirmar Brizola Neto no ministério e evitar novo abalo na base
Vera Rosa
BRASÍLIA - Após uma semana conturbada por rebeliões na base do governo no Congresso, a presidente Dilma Rousseff quer mexer em mais uma cadeira da Esplanada antes da viagem à Índia, prevista para domingo. Na tentativa de conter a insatisfação no PDT, que em São Paulo namora os tucanos, Dilma deve nomear nos próximos dias o deputado Brizola Neto (RJ) para o Ministério do Trabalho.
A indicação, nesse momento, tem o objetivo de apaziguar o PDT, outro partido aliado que ameaça apoiar o provável candidato do PSDB à Prefeitura, José Serra, embora o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, tenha entrado na corrida paulistana.
Brizola Neto tem bom relacionamento com Dilma desde que ela era do PDT e conta com o respaldo das centrais sindicais. Não foi nomeado ainda por causa das resistências da bancada do partido na Câmara. Na quarta-feira, porém, o presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, fez um gesto para acabar com as intrigas.
Desafeto de Brizola Neto, Lupi assinou nota negando veto a qualquer nome do PDT para ocupar sua antiga cadeira, ainda hoje com um interino. Não foi uma manifestação espontânea. Na prática, Lupi foi pressionado a tomar a iniciativa para não perder a pasta, cobiçada pelo PTB.
Paulinho nega que vá apoiar Serra. "Nós indicamos o secretário do Trabalho no governo Alckmin, mas eu sou candidato a prefeito e não vou retirar (o nome). Não vamos nem de Serra nem de (Fernando) Haddad", afirmou.
Transportes. Enquanto Dilma afaga o PDT - em mais uma semana de teste para o Planalto, com os projetos da Lei Geral da Copa e do Código Florestal na pauta do Congresso -, o impasse com o PR está longe de ser resolvido. Na semana passada, logo após a ruidosa troca dos líderes do governo na Câmara e no Senado, Dilma perdeu o apoio dos sete senadores do PR, que agora se declaram na oposição. A bancada do PR na Câmara, por sua vez, reúne-se amanhã e vai definir se põe mais combustível na crise.
O partido do senador Alfredo Nascimento (AM) está revoltado por não conseguir emplacar ninguém para o Ministério dos Transportes. Desde julho, quando Nascimento caiu, a pasta é comandada por Paulo Sérgio Passos. Embora filiado ao PR, ele não tem respaldo da sigla.
Na semana passada, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse ao líder do PR no Senado, Blairo Maggi (MT), que Passos será mantido. Quando Maggi apresentou os nomes que o partido indicava para a cadeira, Ideli o cortou: "Deputado não pode assumir diretoria de estatal e o PR vai ficar com estatais, não com ministério". Desconcertado, o senador disse não ter mais nada a conversar com o governo.
Em São Paulo, a cúpula do PT pressiona Dilma a resolver o imbróglio para ter o PR como aliado de Haddad. "O PR não pode dar ultimato nem prazo à presidente, mas o Planalto precisa ter sensibilidade política para solucionar esse impasse, até para evitar divisão nas votações do Congresso", insistiu o deputado Luciano Castro (PR-RR).
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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