segunda-feira, 19 de março de 2012

BH: Lacerda sim, mas sem o PSDB

Tese do apoio à reeleição do prefeito socialista foi majoritária entre delegados do PT, mas a maioria rejeitou a presença dos tucanos na aliança. Definição será no domingo

Alessandra Mello e Juliana Cipriani

A escolha dos 500 delegados que escolherão domingo que vem o posicionamento do PT nas eleições de Belo Horizonte apontou para a aliança pela reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB), mas com a rejeição do PSDB na chapa. A tese de coligação com o socialista incluindo os tucanos teve 1.855 votos, ou 42,4% do total, enquanto a de candidatura própria recebeu 1.739, ou 39,7%. Um terceiro grupo de petistas, que pode ser o fiel da balança na hora da escolha final, preferiu o apoio a Marcio Lacerda, porém sem a participação do PSDB: foram 779 votos ou 17,8%.

Somados, os petistas que optaram pela candidatura própria ou por uma aliança sem o PSDB representam 57,5% dos 4.373 que participaram da eleição de ontem, quando foram escolhidas as chapas de delegados para o encontro de domingo. Defensor da aliança com Lacerda, o deputado federal Miguel Corrêa Jr. comemorou a vitória da tese e disse que caberá ao partido definir a composição da chapa no encontro. O parlamentar acredita que, ao final, a presença do PSDB será garantida. "Toda conversa tem que ser feita e vamos buscar um acordo para construir a unidade no partido", disse.

Mesmo com a tese de candidatura própria que defende derrotada, o vice-prefeito Roberto Carvalho aprovou o resultado. "Muitos defendem a aliança sem o PSDB, o que é próximo de quem defende a candidatura própria. Vamos ter discussões durante a semana", argumenta. O grupo dos que defendem a aliança sem o PSDB é formado por representantes da tendência Articulação alinhados com o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e pela ala da Democracia Socialista.

Tom conciliador Durante a votação, o discurso ontem foi de defesa da unidade do partido e recheado de promessas de que a decisão da maioria será acatada, independente do resultado das urnas. Apesar do tom conciliador, as divergências entre as principais lideranças não foi amenizada. Praticamente ao mesmo tempo, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e o ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, deram entrevistas completamente opostas. Patrus defendeu a exclusão do PSDB do palanque como condição fundamental para que o PT continue apoiando Lacerda. Já o ministro disse que não vê nenhum problema em estar ao lado dos tucanos na disputa, "se essa for a posição do PT".

Pimentel elogiou a administração de Lacerda e disse que não há porque romper uma parceria que existe desde 1993, quando o PSB indicou Célio de Castro para ser vice de Patrus Ananias. "Não temos por que mudar. É um governo que está indo bem, mas essa é minha opinião a decisão que o partido tomar eu vou seguir". Para Patrus, BH não pode ser discutida de forma isolada. "O PSDB tem dito que o principal oponente do partido em Minas é o PT e que há uma clara determinação para nos derrotar nas cidades que já governamos e nas que temos reais chances de vencer, como em Uberlândia e Juiz de For a. Isso é muito complicado para o partido. Como é que vamos concorrer com o PSDB no interior e aparecer junto em BH. Isso confunde a disputa", afirma. Para o presidente do PT mineiro, deputado federal Reginaldo Lopes, a melhor coisa que poderia ocorrer é o PSDB se retirar da aliança. "Seria um favor ao PT".

Entenda a escolha interna

Ontem os filiados do PT escolheram os 500 delegados que vão decidir no dia 25 a posição do partido em relação à disputa municipal. Eles integrarão o colégio eleitoral para definir se o partido vai lançar candidato próprio ou apoiar a reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB), indicando o candidato a vice-prefeito. Por isso, quem conseguir eleger o maior número de delegados têm mais chances de emplacar no domingo uma dessas propostas. Cada uma das chapas elege um número de delegados proporcional à quantidade de votos recebidos por cada uma.

FONTE: ESTADO DE MINAS

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