Cúpula do partido, ex-presidente Lula e ministros apoiaram a comissão, que pode atingir petista
Governador do DF tem integrantes de seu governo citados nas investigações sobre a atuação de Cachoeira
Leandro Colon
BRASÍLIA - O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, 53, disse ontem à Folha que não foi abandonado pela presidente Dilma Rousseff nem pelo seu partido, o PT, na movimentação a favor de uma CPI para investigar os negócios e as relações do empresário Carlinhos Cachoeira.
Integrantes do governo de Agnelo são citados na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que investigou uma máfia de jogo ilegal no Centro-Oeste supostamente comandada por Cachoeira.
Diálogos gravados pela PF indicam cobrança de propina no governo do DF em relação a contratos de lixo da empresa Delta Construções.
Para desgastar o DEM e o PSDB, que têm parlamentares envolvidos no escândalo, a cúpula do PT, o ex-presidente Lula e ministros do governo Dilma apoiam a abertura de CPI mesmo que isso possa enfraquecer Agnelo.
"Tenho certeza de que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula têm tanta confiança que o governo do DF não tem envolvimento com isso, que não têm dúvida nenhuma de que não tememos a CPI", disse. "Há solidariedade integral do PT."
Na entrevista, o governador disse que não se opõe a depor na CPI do Congresso, mas fez ressalvas: "Até agora não tem acusação sobre a minha pessoa. Não vou para fazer palanque para gente que está atolada com esse tipo de coisa, como [integrantes do] DEM e PSDB".
Segundo o petista, há uma tentativa de envolver o seu nome no caso. "Há interesses gigantescos em botar o PT no meio disso."
O governador reafirmou a versão de que esteve com Cachoeira uma só vez, em 2010, quando era dirigente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Dias antes, o petista havia negado ter se reunido com o empresário.
O encontro, segundo ele, foi para discutir com empresários atividades do setor farmacêutico. Cachoeira, segundo a PF, controla um laboratório.
"Fiz várias reuniões com empresários desta área, mas essa reunião, que ele tenha participado como interessado, foi uma única vez. Nunca mais encontrei com ele."
Na terça, o chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, deixou o cargo após divulgação de gravações em que o grupo de Cachoeira discutiria pagamento de propina a ele. Agnelo disse não acreditar que o ex-assessor tenha recebido dinheiro.
A Folha revelou recentemente que um ex-assessor do governo de Agnelo é investigado por envolvimento na compra e-mails interceptados ilegalmente. "Jamais faria uma coisa dessa [ordenar esse tipo de ação]."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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