Deputado que foi candidato a vice-prefeito na chapa de Leonardo Quintão em 2008, agora pretende disputar PBH
Daniel Camargos
O deputado federal Eros Biondini (PTB) vai enfrentar a ampla aliança que está sendo construída em torno da candidatura de Marcio Lacerda (PSB), que aglutina opostos como PT e PSDB. Depois da reunião da executiva do partido, na manhã de ontem, Biondini teve o nome confirmado. Membro da Renovação Carismática e coordenador da bancada católica da Câmara dos Deputados o deputado federal teve uma expressiva votação na última eleição para o congresso, conseguindo 208 mil votos. Na eleição municipal, em 2008, ele foi candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Leonardo Quintão (PMDB), derrotada por Lacerda.
Mesmo lutando com o atual prefeito, que é apoiado pelos partidos que governam o estado (PSDB) e o país (PT), o consultor político e professor da Universidade de São Paulo (USP) Gaudêncio Torquato entende que para um deputado é um "grande negócio" ser candidato a um cargo majoritário. "Alavanca o nome no meio do mandato sem nenhuma ameaça ao cargo em caso de derrota. Quem pode dizer que não é um grande negócio passar 45 dias com intensa publicidade e ainda gerar um recall na cabeça do eleitor, que vai lembrar o nome na eleição seguinte?", questiona Torquato.
Porém, o consultor político vê o outro lado da importância dessas candidaturas, por romper a polaridade gerada na capital mineira desde o último pleito, quando Lacerda venceu o segundo turno contra Quintão. "É muito difícil para um candidato situacionista perder, pois ele é beneficiado pela situação econômica que permeia o país. Existe um conforto social, pois o bolso do brasileiro está mais cheio do que em épocas passadas", observa Torquato.
Para o PTB, o melhor vice viria do PDT. E é também entre os pedetistas que Leonardo Quintão – que pretende ser novamente candidato – busca um companheiro de chapa. Um dos nomes que mais tem sobressaido no assédios de ambos os partidos é do presidente estadual do PDT, ex-deputado federal Mário Heringer. Apesar de ter rompido com Quintão e lançado voo solo, Biondini diz manter uma relação "saudável" com antigo parceiro de chapa.
O presidente estadual do PTB, Dilzon Melo, entende que o cenário é complicado e foi por esse motivo que retardou ao máximo o lançamento de candidato. "Apoiamos o Lacerda na eleição anterior e não nos arrependemos disso. Agora vamos disputar a eleição. Democracia é isso", avalia. Para a presidente municipal do PTB, a vereadora Elaine Matozinhos, os trabalhistas não podem ficar alheios ao processo. Ela volta ao passado para ressaltar a importância da legenda, citando os nomes do ex-presidente Getúlio Vargas e do ex-governador Hélio Garcia.
Na base Outra legenda que chegou a cogitar candidatura própria foi o PPS. Porém, o partido deve se manter na base de Lacerda, integrando a chapa do atual prefeito, de acordo com a presidente estadual do partido, a deputada estadual Luzia Ferreira. Está marcada para a noite de hoje uma reunião para discutir o assunto e um encontro partidário em 5 de maio, para referendar a decisão. "A tendência do PPS é apoiar Lacerda", antecipa Luzia. O partido faz parte da administração municipal, controla a Regional Nordeste e a Secretaria Adjunta de Direitos Humanos.
Entretanto, o ex-candidato a governador pelo PV, José Fernando de Oliveira, que hoje integra o PPS, ainda defende a candidatura própria. "Mostra que o chapão em torno do Lacerda não se consolidou, mesmo com o encontro dos antagônicos PT e PSDB em torno do prefeito. É apenas uma busca do poder pelo poder", analisa. José Fernando considera um erro não lançar candidatura própria. "O PPS se quiser ser partido tem que lançar candidatura própria, ou então é uma legenda de apoio a outros projetos", argumenta.
"PT é secundário em BH", diz Aécio
O senador Aécio Neves (PSDB) criticou os descontentes do PT com a aliança PSB-PT-PSDB. Depois de frisar que os tucanos apoiaram Marcio Lacerda (PSB) desde que ele tinha 2% nas pesquisas, em 2008, atacou: "O que acho é que, depois de tantas discussões, o PT devia efetivamente participar da discussão de um grande projeto para Belo Horizonte Não cabe mais esse sem-número de reuniões onde se passa a impressão que a reeleição de Marcio Lacerda depende dessas reuniões do PT". O senador disse que os petistas são bem-vindos mas chamou o PT de "partido secundário" na capital, baseado na campanha para governador de 2010. "Mesmo com o apoio do presidente Lula, da presidente Dilma, das principais lideranças do PT, alcançou 20% dos votos em Belo Horizonte. O candidato do PSDB nas eleições para governador alcançou mais de 72% dos votos".
FONTE: ESTADO DE MINAS
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