Cristian Klein
SÃO PAULO - Depois de várias conversas informais e de bastidores, o PT fará hoje com o PSB a primeira reunião partidária oficial com um aliado do governo federal para discutir trocas de apoio para a disputa de outubro. Os petistas chegam ao encontro munidos de um amplo mapeamento do cenário eleitoral. A legenda, desde o ano passado, acompanha de perto qual a política de aliança em andamento no grupo de 118 municípios acima de 150 mil eleitores - considerados, mais do que uma prioridade, "uma necessidade". É o grupo de cidades mais relevantes, que reúne 55,5 milhões de eleitores, cerca de 41% do total do país. São polos de formação de opinião, por contarem com universidades e retransmissoras de TV, e onde despontam os líderes com projeção nacional.
O levantamento mostra que, até o momento, o PT decidiu que terá candidato próprio em 86 (73%) destas grandes cidades. Em 75 já há definição do nome e nas outras 11 o partido ainda precisa escolher quem disputará o cargo. A sigla dará apoio a outras legendas em 13 municípios; nos 19 restantes debate se sai ou não como cabeça de chapa.
PMDB e PDT são os aliados aos quais os petistas estão fazendo mais concessões nos grandes centros. Com os pemedebistas, há alianças em quatro municípios, o que pode chegar a dez. Com os pedetistas, são três, podendo totalizar nove. A quantidade de acordos está ligada ao peso destes partidos no G-118. Enquanto o PT é o líder no número de grandes prefeituras, 33 (28%), o PMDB, com 20 (17%), e o PDT, com 16 (13,5%), vêm em seguida.
Em seu resumo, o levantamento mostra surpresa pelo desempenho do PDT. "Chama a atenção o crescimento do PDT, que ultrapassou o PSDB, governando atualmente 16 cidades". Outra constatação é o definhamento do DEM, em virtude da debandada ocorrida com a criação do PSD, pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, no ano passado. "Principalmente devido à migração de seus quadros para o PSD, o DEM desidratou-se e governa atualmente apenas a cidade de Mossoró (RN)", aponta o relatório.
O PT é apenas o terceiro colocado no ranking geral dos 5.565 municípios. Elegeu 560 prefeitos (10%), atrás dos 790 (14%) do PSDB e menos da metade dos 1.199 (21,5%) do PMDB. Mas rivaliza com os pemedebistas no total de votos recebidos, por se concentrar em poucos municípios, mas com grandes colégios eleitorais. Em 2004, foi o líder do ranking, ao receber 16,3 milhões de votos a prefeito (17,2%). Em 2008, porém, com 16,5 milhões (16,6%), ficou em segundo e foi desbancado pelo PMDB, que cresceu quase 30% e conseguiu 18,4 milhões de votos (18,5%). Foi uma diferença de quase 2 milhões de votos. Ou seja, o bom desempenho nas maiores cidades é fundamental para garantir a volta ao topo.
Para o secretário nacional de organização do PT, Paulo Frateschi, o resultado nas eleições municipais terá um efeito direto na correlação de forças entre os partidos que se acotovelam por espaço na ampla base da presidente Dilma Rousseff. Ele poderá aumentar ou diminuir o poder de reivindicação e mudar, por exemplo, acordos já feitos, como o que dá preferência ao PMDB na eleição do comando da Câmara e do Senado. "Por outro lado, a palavra de ordem é cuidado", diz Frateschi, questionado se o PT planeja avançar sobre prefeituras de siglas aliadas.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
Nenhum comentário:
Postar um comentário