Grupo serrista quer indicar secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, mas DEM, dono de tempo de TV, quer o cargo
Julia Duailibi
A ação de tucanos e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), para emplacar o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider (PSD), como candidato a vice na chapa de José Serra (PSDB) na eleição pela Prefeitura deflagrou uma queda-de-braço entre partidos aliados e integrantes do próprio PSDB.
O DEM ameaça apoiar o pré-candidato do PMDB, Gabriel Chalita, caso o vice seja indicado por Kassab, desafeto dos democratas hoje. Integrantes do DEM já pressionam a direção do partido parar abrir negociações formais com os peemedebistas.
No PSDB, aliados do governador Geraldo Alckmin preferem um vice do DEM. O tucano é fiador do acordo eleitoral PSDB-DEM ao indicar Rodrigo Garcia para a Secretaria de Desenvolvimento Social. Há ainda a avaliação de que o PSD na vice fortalece Kassab, visto como adversário de Alckmin em 2014, quando o governador tenta se reeleger.
Schneider é o nome preferido dos serristas. Ex-tucano, tem como padrinho no PSDB o senador Aloysio Nunes Ferreira. A coluna Radar, da revista Veja desta semana, afirmou que Serra e Kassab já resolveram que ele será o vice. Nas reuniões internas, Serra manifestou ser natural que o PSD fique com o cargo e mandou recado ao DEM dizendo que não aceitaria "veto" a quem escolher, conforme o Estado informou na sexta-feira. Serra chegou a reclamar a Garcia da pressão do DEM. Dono do quarto maior tempo de TV na propaganda eleitoral, o partido diz não abrir mão da indicação. Para serristas, o DEM, enfraquecido nacionalmente, não estaria em condição de demandar a vice, principalmente após escândalo envolvendo o senador Demóstenes Torres (GO). Uma saída, dizem, seria contemplar a sigla com espaços num futuro governo.
"Essa matéria vai ser discutida na época oportuna", afirmou o senador José Agripino Maia, presidente do DEM. "Não há nada fechado. Vamos deixar as coisas caminharem, sem muita pressa. Não é algo para ser definido agora", disse o ex-governador Alberto Goldman (PSDB).
Impasse. Alckmin até defendeu internamente a indicação de um vice do PSDB como saída para o impasse entre DEM-PSD.
O problema é que a chapa puro-sangue alimenta a especulação de que Serra não cumpriria os quatro anos do mandato na Prefeitura. A renúncia dele em 2006, um ano e três meses após eleito prefeito, para disputar o governo do Estado é apontada como um "telhado de vidro" da campanha. Kassab também mencionou como alternativa para o impasse que o vice fosse indicado por outro aliado: PTB ou PSB.
Os tucanos só baterão o martelo sobre o cargo após decisão da Justiça sobre a distribuição do tempo de TV no horário eleitoral. O PSD quer novo critério de rateio da propaganda gratuita, hoje baseado no tamanho da bancada de deputados federais eleita na última eleição, ou seja, em 2010. Criado no ano passado, o PSD tem direito à participação marginal no Fundo Partidário e no tempo de TV e reivindica que o critério passe a ser o tamanho da bancada atual - a sigla é a terceira maior da Câmara. Se vencer a discussão na Justiça, o PSD se fortalece na discussão da vice.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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