Partido luta para angariar apoio na disputa pela prefeitura paulistana, mas encontra resistência por lançar nomes próprios nas capitais em vez de ajudar outras legendas
Paulo de Tarso Lyra
BRASÍLIA – Isolado em São Paulo e com dificuldade para encontrar parceiros que alavanquem a pré-candidatura de Fernando Haddad à prefeitura paulistana, o PT corre para buscar, entre os aliados no plano federal, quem esteja disposto a emprestar o tempo de tevê e o capital político a Fernando Haddad, candidato que patina nos 3% de intenção de voto a oito meses das eleições. Mas o partido esbarra na própria autossuficiência que apresenta em outras cidades importantes.
Em apenas 11 das 26 capitais que elegerão novos prefeitos em outubro o PT aceita não ser cabeça de chapa. Dessas 11, apenas Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Manaus e Curitiba contam com mais de 1 milhão de eleitores. No Rio, a parceria é estratégica com o PMDB de Eduardo Paes, e na capital mineira a decisão de permanecer ao lado de Marcio Lacerda (PSB) só será confirmada dia 15. Semana passada, os delegados da legenda em Belo Horizonte votaram uma resolução em que confirmam apoio ao socialista, mas pedem que seja colocada em pauta a exclusão dos tucanos, o que foi entendido por parte do PT como um veto. Na interpretação de outros, foi apenas uma recomendação.
Em Curitiba, a possibilidade de apoiar o pedetista Gustavo Fruet deve-se mais à falta de opções internas do que à simpatia pelo ex-deputado federal e ex-tucano, uma das vozes mais ativas contra o PT durante a CPI do Mensalão. E Manaus não é, exatamente, uma joia da coroa cobiçada pela direção nacional petista.
O ressentimento dos aliados não é segredo. O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, disse a interlocutores próximos que não aceitará coligar-se com o PT nos municípios. "O único pedido que fizemos foi o apoio à Manuela (deputada federal Manuela D"Ávila, candidata à Prefeitura de Porto Alegre) e eles lançaram um nome que não tem sequer peso eleitoral", reclamou o comunista, referindo-se ao deputado estadual Adão Villaverde.
Outro aliado que está na berlinda com os petistas é o PSB. O secretário de organização do PT, Paulo Frateschi, e o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, fazem a primeira reunião, hoje, para definir em quais cidades as legendas poderão estar juntas em outubro. O PT está desesperado para convencer os socialistas a apoiar Haddad em São Paulo. O presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, reuniu-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada e prometeu que o PSB não vai ajudar o tucano José Serra, mas não assegurou que estará ao lado de Haddad, adiando a resposta para junho.
O PSB espera uma contrapartida do PT. Em João Pessoa, por exemplo, a legenda governa a cidade, com Luciano Agra, mas os petistas lançaram o nome do deputado estadual Luciano Cartaxo, rompendo a parceria – a Paraíba também é governada pelo PSB. Outros aliados procurados pelo PT também estão na muda. "Não dá para tomar nenhuma decisão sem definir nossa situação nacionalmente. Saímos do Ministério (dos Transportes) como bandidos. É a vida de nosso partido que está em jogo. Como ficaremos?", indagou o presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM).
Sem egoísmo O secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, não acha que o partido esteja sendo egoísta ao pleitear a cabeça de chapa nas principais capitais. Ele lembra que a legenda, durante as eleições de 2010, fez um gesto de abrir mão de várias candidaturas aos governos estaduais, na Câmara e no Senado para garantir a vaga de Dilma Rousseff na Presidência e eleger uma base de sustentação mais confortável no Congresso. Segundo ele, no início de 2011, quando os partidos aliados começaram a conversar sobre as eleições de outubro deste ano, todos manifestaram o desejo de ampliar os poderes políticos. Frateschi afirmou que os planos do partido, agora, também passam pela maior inserção nos municípios.
FONTE: ESTADO DE MINAS
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