SÃO PAULO - As alianças ainda não ocorreram em São Paulo, onde o candidato petista, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, está isolado. Mas o balanço do PT mostra que as legendas que mais apoiam seus candidatos nas grandes cidades são os aliados históricos do campo da esquerda - o chamado "bloquinho", pela atuação conjunta que já tiveram no Congresso. O PCdoB é a sigla mais generosa. Já acertou apoio em 32 cidades, podendo chegar a 49, o que daria 41% do total de 118 municípios. O PSB e o PDT vêm praticamente juntos em seguida, com 22 apoios (com potencial de atingir 37) e 24 (podendo alcançar 36). Até o DEM, adversário tradicional dos petistas, dá sua colaboração. Fechou aliança em dois municípios, na capital do Maranhão, São Luís, e em Carapicuíba (SP), e negociam em mais duas: Praia Grande (SP) e Divinópolis (MG).
Em São Paulo, no entanto, a situação tem gerado preocupação para os petistas. O objetivo da cúpula é fazer com que o PSB seja o primeiro a declarar logo apoio a Haddad para se criar um fato político e facilitar também uma coligação com o PCdoB e o PDT - esta mais difícil.
O PSB, contudo, está dividido. A direção nacional é favorável a uma coligação com o PT, mas os paulistas preferem apoiar o ex-governador tucano José Serra. O dirigente regional do partido, Márcio França, é secretário estadual de Turismo do governador Geraldo Alckmin.
Ao mesmo tempo em que procura ganhar tempo para convencer França a desistir dos tucanos, o presidente nacional do partido, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, tenta tirar vantagem da pressa do PT nas negociações.
Será esse seu objetivo na reunião de hoje, em Brasília, na qual o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, e o secretário de organização do PT, Paulo Frateschi, colocarão sobre a mesa municípios que podem entrar como moeda de troca para a coligação com Haddad.
De acordo com o primeiro-secretário do PSB, Carlos Siqueira, a legenda quer como contrapartida que o PT apoie seus candidatos em cidades como Campinas (SP), Aracaju (SE), João Pessoa (PE), Duque de Caxias (RJ), Ferraz de Vasconcelos (SP), Suzano (SP), Mossoró (RN) e capitais onde o PT não tiver nomes fortes. "Campinas é uma questão importantíssima. Nosso candidato [o deputado federal Jonas Donizete] está em primeiro lugar nas pesquisas."
Frateschi, por sua vez, afirma ter dificuldade de se comprometer a incluir Campinas na negociação. Ele cita o apoio de Donizete ao grupo que levou à cassação do então prefeito petista Demétrio Vilagra. "Só se o Lula atuar e zerar o jogo", afirma, lembrando que há previsão de prévia entre o ex-secretário municipal Tiãozinho e o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.
Pelo levantamento do PT das alianças no Estado de São Paulo, o PSB já acertou apoio a seus candidatos em nove cidades, enquanto apenas cinco para o PSDB. Por outro lado, o PT só cedeu em uma (São Vicente) ao passo que os tucanos oferecem apoio em Campinas e São José do Rio Preto, onde o prefeito do PSB tem direito à reeleição. (CK)
FONTE: VALOR ECONÔMICO
Nenhum comentário:
Postar um comentário