Órgão prevê que número de desempregados no mundo chegue a 202 milhões, em razão de medidas contra crise
Agência da ONU diz que política de contenção de gastos piora situação do trabalho e pode levar Europa a nova crise
O relatório "World of Work Report 2012" da OIT (Organização Internacional do Trabalho), agência da ONU, revela que as medidas de austeridade fiscal tomadas pelos países em crise deixam o mercado global de trabalho em situação "alarmante".
As informações do documento foram reveladas ontem por Raymond Torres, diretor do Instituto Internacional para Estudos do Trabalho, ligado à OIT.
O relatório prevê que o número de desempregados chegue a 202 milhões neste ano, um crescimento de 6,1% em relação ao ano passado.
Segundo o texto, a austeridade fiscal e as reformas trabalhistas em países em crise são responsáveis pela falta de criação de empregos.
"Austeridade não produziu crescimento econômico", disse Torres, o principal autor do relatório. "As ineficientes reformas trabalhistas não vão funcionar no curto prazo. Reformas em situações de crise tendem a produzir mais desemprego."
Sobretudo na Europa, a resposta à crise tem sido corte de gastos, o que vem gerando reação política e social.
Ontem, milhares de espanhóis saíram às ruas contra medidas do governo, em um país com 24,4% de desempregados, uma das maiores taxas do continente.
Na França, o favorito para vencer a eleição de domingo, o socialista François Hollande, faz campanha com críticas aos cortes.
A reação é tamanha que mesmo a maior defensora da austeridade, a chanceler alemã Angela Merkel, prometeu anteontem uma "agenda de crescimento".
Auge
Em média 40% daqueles que procuram trabalho em países desenvolvidos no auge profissional (entre os 25 e 49 anos) estão sem emprego há mais de um ano, informa o texto.
Até 2016, especialmente em países europeus, não se espera que a taxa de emprego volte a ser como era antes da crise de 2008. Esse cenário virá acompanhado de queda na produção. Estima-se que 196 milhões de pessoas estavam desempregadas no mundo no fim de 2011.
Segundo Torres, o desemprego cresce desde 2011 em mais de dois terços de países da Europa. "O foco de muitos países da zona do euro na austeridade fiscal está tornando a crise de empregos mais profunda e poderia, inclusive, levar a Europa a uma outra recessão", disse.
O mercado de trabalho também patina nos Estados Unidos e no Japão.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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