Procurador-geral já solicitou abertura de inquérito contra governador de Goiás, que pediu para ser investigado
Roberto Maltchik
BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicitou informações aos órgãos de controle para identificar possíveis irregularidades em contratos entre a Delta Construções e o governo do Rio. Com a documentação, Gurgel avaliará se cabe ou não a abertura de pedido de investigação contra o governador Sérgio Cabral (PMDB). Cabral é amigo do ex-presidente da Delta e principal acionista da empresa, Fernando Cavendish.
No caso dos contratos da Delta no Rio, Gurgel quer saber o conteúdo de possíveis ações na esfera cível que liguem a Delta ao governo do Rio. Por isso, expediu ofícios à Procuradoria da República no Rio, ao Tribunal de Contas da União e à Controladoria Geral da União, nos quais pede dados sobre irregularidades já detectadas em contratos com a empreiteira e que receberam verba federal. Gurgel ressaltou que a medida não significa haver elementos para pedir abertura de investigação contra Cabral:
- Estamos solicitando algumas informações preliminares, basicamente a respeito de contratos que envolvem a Delta. É um momento preliminar para essas informações iniciais. Não há ainda qualquer iniciativa no sentido de instauração de inquérito.
A Delta, segundo informações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, sustentava as operações do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira no Centro-Oeste. O ex-diretor da empresa na região, Cláudio Abreu, foi preso em abril pela Polícia Civil do Distrito Federal num desdobramento da Monte Carlo. As interceptações da PF indicam que Cavendish conhecia Cachoeira e que outros dirigentes da empresa também tinham contato com o grupo.
Gurgel confirmou que pedirá a abertura de inquérito contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), a pedido do próprio político. Perillo é citado inúmeras vezes em interceptações da Monte Carlo. Em uma delas, o governador telefona a Cachoeira para parabenizá-lo por seu aniversário. O tucano admite relação social com o bicheiro, mas nega que o tenha beneficiado em contratos públicos. Cachoeira também foi flagrado pela PF negociando indicação de servidores de segundo escalão.
- Como o governador se diz interessado, devemos pedir a instauração de inquérito - afirmou o procurador, ao destacar que continua analisando informações sobre a atuação do grupo de Cachoeira em Brasília, que podem resultar até mesmo na abertura de novos inquéritos, além do pedido de investigação contra Agnelo Queiroz (PT), remetido em abril ao STJ:
- Há outros fatos que estão sendo analisados pela PGR e que poderão vir a motivar novos inquéritos.
Fonte: O Globo
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