O IPCA de maio, divulgado ontem pelo IBGE, surpreendentemente bem comportado, está provocando uma derrubada geral nas projeções para a inflação. Depois da freada no ritmo de alta dos preços no mês passado, não há mais quem aposte em inflação acima de 5%, no fim de 2012.
Em relação a abril, a variação do IPCA veio não só abaixo das expectativas. Também trouxe comportamento baixista em todas as medidas de núcleo, com especial moderação no grupo dos serviços, de maior pressão inflacionária recente.
São sinais de que o freio na inflação tem origem no freio do ritmo de expansão da economia. Se ainda não afeta o emprego e os salários - a evolução da massa salarial ainda mostra firmeza -, as perspectivas de menor crescimento este ano, combinadas com níveis mais altos de endividamento das famílias, já estariam provocando maior cautela entre os consumidores.
A essa possibilidade se soma o fato de que os estoques continuam altos, apesar dos estímulos ao consumo. A desova desses estoques não é, pelo menos por enquanto, suficiente para alimentar novas pressões inflacionárias. Ao contrário, o esforço para reduzir os estoques, até que se regularizem, opera sobre os preços em sentido baixista.
Outro fator que tem operado para aliviar pressões inflacionárias pode ser o resultado líquido do cotejo entre os efeitos inflacionários da desvalorização cambial e os impactos do recuo nas cotações de commodities. Eles têm se anulado e a tendência é o desempate, em favor de menores pressões sobre os preços domésticos.
Todas as projeções, agora, indicam continuidade do movimento de queda da inflação. Mas isso não quer dizer que, em 12 meses, o índice continuará a cair. Nem significará, se isso ocorrer, que a inflação terá entrado em zona de perigo.
Pode ocorrer um soluço, em junho e julho, pelo simples razão de que, em 2011, nesses dois meses, o IPCA andou quase nada, em torno de 0,15%. Mas, daí em diante, a tendência é de estabilização nas alturas de 5%.
Ainda falta mais de meio ano para o fim de 2012. Mas já é possível concluir que o problema macroeconômico do ano não é a inflação, mas, sim, o que está ajudando a dissolver as preocupações com ela: o baixo crescimento da economia.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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