Rui Falcão, presidente da sigla, diz que imposição da candidatura Humberto Costa foi para conter "clima de fratricídio"
Gustavo Uribe, Letícia Lins
SÃO PAULO e RECIFE. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, reconheceu ontem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu respaldo à decisão da Executiva Nacional do PT de intervir no cenário eleitoral de Recife e justificou a imposição do nome do senador Humberto Costa como uma maneira de conter o "clima de fratricídio" na capital pernambucana. Em entrevista na sede nacional do partido, na capital paulista, o dirigente petista minimizou a reação do atual prefeito, João da Costa, que chamou de antidemocrática a intervenção em Recife, e afirmou não acreditar em sua eventual saída do PT. O prefeito de Recife pleiteava a reeleição e foi o vencedor da convenção.
Ao deixar anteontem a reunião da direção nacional do partido, não descartou a hipótese de sair da legenda. João da Costa será o primeiro prefeito de Recife a não disputar a reeleição.
- Nós consultamos o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que respalda a decisão. O prefeito saiu indignado, dizendo que ia sair, mas depois voltou atrás. É natural que nos processos de alta tensão política, como nas últimas semanas, as emoções tomem conta das pessoas. O agir toma o lugar do pensar. Hoje, ele já está com o pensar antes do agir - afirmou Rui Falcão.
Em entrevista ao GLOBO, Humberto Costa afirmou que não acredita que sua candidatura crie um racha na base do partido e ressaltou que conta com o apoio da presidente Dilma. O senador petista antecipou que irá pedir o apoio do atual prefeito à sua campanha eleitoral, mas garantiu que irá responder, seja em instância partidária seja em instância jurídica, caso João da Costa recorra da decisão sobre a sua candidatura.
Em Recife, o único deputado federal a apoiar o prefeito João da Costa, o deputado Fernando Ferro (PT-PE), comparou a determinação da cúpula do partido a um "estupro" e anunciou que o seu grupo político vai reagir. Hoje, após retornar a Recife, o prefeito vai se reunir com os seus seguidores e anunciar o caminho a seguir, que pode ser a desistência ou "lutar pelo seu direito". Se preciso, de acordo com Ferro, poderá apelar judicialmente.
- Por mim, de forma alguma se acata a decisão da direção do PT. É uma questão de honra, de vergonha e decência reagir contra um golpe desse porte. Daqui para a frente basta um grupo de São Paulo decidir e não se faz convenção mais em nenhum lugar do Brasil. Isso é um escândalo - disse, acrescentando: - Vamos lutar contra o golpe violento, absurdo. Foi um verdadeiro estupro, uma violência sem precedentes, uma aberração - acusou o deputado, em entrevista à CBN Recife.
FONTE: O GLOBO
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