Impedida de disputar a Prefeitura de SP, senadora constrange dirigentes petistas; pré-candidato se diz "chateado"
"Pergunta para ela", diz dirigente do PT sobre motivo da ausência; ex-prefeita desligou telefones durante o ato
Bernardo Mello Franco, Mariana Carneiro
SÃO PAULO - Preterida na escolha do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, a senadora Marta Suplicy faltou ontem à festa de lançamento da campanha de Fernando Haddad e causou forte constrangimento à cúpula do partido.
A atitude da ex-prefeita, que não deu explicação para sua ausência, irritou o ex-presidente Lula e o pré-candidato, que preparou discurso com elogios à gestão dela no município (2001-2004).
"Fiquei chateado, né? Todos nós gostaríamos que ela estivesse aqui", disse Haddad. Questionado se Marta deu alguma justificativa, ele foi lacônico: "Não".
O presidente municipal do PT, vereador Antonio Donato, afirmou não ter sido avisado dos motivos da senadora: "Pergunta para ela".
Marta confirmou presença, mas faltou sem avisar a ninguém e deixou o celular desligado, assim como seus assessores. A ausência inesperada levou petistas a cometer gafes em sequência.
Num dos primeiros discursos, o senador Eduardo Suplicy, ex-marido da senadora, anunciou que ela chegaria "a qualquer momento".
O deputado Paulo Teixeira chegou a escrever no Twitter que ela estava no ato, mas logo se corrigiu: "Ops, errei! A Marta não está aqui! Rs".
Apesar do desconforto, os petistas se esforçaram para não melindrar a ex-prefeita. Ela foi elogiada em quatro discursos, inclusive nos de Lula e do pré-candidato.
Impaciente com o que ainda parecia um atraso de Marta, Suplicy enviou um torpedo: "Você está sendo fortemente aguardada. Abs, Eduardo". Ela não respondeu.
Na saída, o senador ligou para a ex-prefeita diante de jornalistas, mas teve que deixar recado na caixa postal. "Olá, Marta. É Eduardo. Quando puder, me ligue. Agora já acabou a convenção."
Derrotada nas últimas duas eleições municipais, a senadora queria disputar prévias contra Haddad. O PT a forçou a desistir e entregou a chapa ao preferido de Lula sem consulta aos filiados.
Depois disso, Marta se recusou a participar dos atos da campanha e fez críticas públicas à escolha do ex-rival.
Em homenagem a Lula no último dia 21, ela disse que "não basta o novo" para vencer a eleição paulistana.
A ex-prefeita é considerada a principal puxadora de votos do PT na periferia, onde Haddad é pouco conhecido. Por isso, a sigla acredita que o apoio explícito dela é fundamental na eleição.
Produção
O PT usou toques de superprodução no evento, que reuniu cerca de 2.000 pessoas num centro de exposições na zona norte da cidade.
Na entrada de Haddad, telões simulavam uma queima de fogos, acompanhada por sonoplastia. O publicitário João Santana, que fez campanhas de Lula e da presidente Dilma Rousseff, dirigia câmeras para a propaganda de TV.
Ele apresentou o jingle da campanha, em ritmo de rap, e o slogan "O homem novo para um tempo novo". Cartazes misturavam fotos de jovens a símbolos de redes sociais para reforçar a ideia de modernidade.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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