O PT de São Paulo aperta os cintos. Lula está chegando à campanha. Dois dias depois de roer a lei eleitoral no Programa do Ratinho, o ex-soberano participou do ato de lançamento formal da candidatura de Fernando Haddad a prefeito da capital paulista. Faixas e cartazes exibiam o mote que o marqueteiro João Santana escolheu para a campanha: “O homem novo para um novo tempo.” Mestre das mumunhas palanqueiras, Lula cuidou de fornecer o discurso que justificará o rótulo.
Sem mencionar o nome de José Serra, Lula referiu-se a ele como um “adversário desgastado”. Transitou entre a ironia –“Eu não sei por que ele quis ser candidato”— e a crítica –“Foi eleito e não ficou na prefeitura. Usou a cidade como trampolim. Foi candidato a governador, elegeu-se mas achou que era pouco e tentou sair para presidente. Mas tomou uma tunda da companheira Dilma.”
Em poucas palavras, Lula estruturou a campanha Haddad. O “novo” contra o “desgastado”. O risco do “trampolim” contra a segurança de um prefeito para todo o mandato. O novato dos 3% contra o veterano dos 30%. Um veterano que Dilma ‘Ex-desacreditada’ Rousseff já provou que não é imbatível. “Quando você for conhecido, vai chegar aos 35% que temos historicamente em São Paulo”, disse Lula, voltando-se para Haddad.
Muito pouco para quem precisa de mais de 50% para prevalecer. “Aí, o seu desafio será falar com quem não vota no PT”, ensinou o patrono ao pupilo. Falando com a voz do marketing, Haddad grudou sua retórica à de Lula. Contrapondo-se à imagem de Serra, esboçada pelo “grande líder”, o candidato disse coisas assim: “Não sou alpinista político”. Ou assim: “Não sou profissional de eleições.” Ou ainda: “São Paulo cansou de prefeitos de meio expediente.”
Como se vê, o norte da propaganda eleitoral está dado. Resta agora saber como o eleitor, depois de ser bombardeado pelo lero-lero, responderá às seguintes indagações: vale a pena confiar no novo que, para ser levado a sério, depende do prestígio do velho? O que vale mais, a onipotência da imaturidade ou ponderação da experiência? Se o eleitor pender para o novo e a imaturidade, Serra estará em apuros. Do contrário, Haddad logo, logo terá sua jovialidade atenuada pelo fragor de uma boa derrota, dessas que fazem nascer cabelos brancos.
FONTE: BLOG DO JOSIAS
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