Teixeira recebeu, em 2004, o Prêmio Faz Diferença do GLOBO por seu trabalho
Filho do brigadeiro Francisco Teixeira, subchefe do Estado-Maior das Forças Armadas durante o governo João Goulart e um dos principais opositores militares ao golpe de 1964, o professor Aloísio Teixeira se formou na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro em 1978. Cinco anos depois, obteve o título de mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, em 1993, concluiu o doutorado Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob orientação da professora Maria da Conceição Tavares. Ultimamente, Teixeira era professor titular do Instituto de Economia da UFRJ, instituição onde ingressou em 1981 e da qual foi dirigente máximo entre 2003 e 2011.
Em sua trajetória como economista e administrador público, antes de ocupar o posto de reitor, Teixeira foi diretor de planejamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), superintendente da Superintendência Nacional de Abastecimento (Sunab) e esteve à frente do Conselho Interministerial de Preços e da Secretaria Especial de Abastecimento e Preços, no Ministério da Fazenda, em 1986 -1987, na época do congelamento de preços. Teixeira assumiu ainda os cargos de secretário-geral do Ministério da Previdência e Assistência Social e diretor de administração da Embratel.
Na vida acadêmica, Aloísio Teixeira foi protagonista de um dos episódios mais polêmicos da história da UFRJ. Em 1998, foi o mais votado na eleição para reitor da instituição, mas o então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, decidiu nomear o terceiro colocado no pleito para o cargo, José Henrique Vilhena. A indicação iniciou um grande conflito interno na UFRJ, com a ocupação do prédio da reitoria e conflitos constantes entre Vilhena e os estudantes.
Em 2003, um ano após tomar posse, Carlos Lessa renunciou ao cargo de reitor para assumir a presidência do BNDES, no início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma nova eleição foi realizada, e Aloísio Teixeira saiu vitorioso. Desta vez, o ministro da Educação na época, Cristovam Buarque, optou por seguir a indicação da instituição.
A sua gestão à frente da UFRJ foi marcada pelo alinhamento junto ao Ministério da Educação (MEC) dos anos Lula. Nos seus mandatos, a universidade aderiu ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), instituiu a reserva de 30% das vagas para cotas sociais e aprovou substituição do vestibular próprio pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do MEC. Entre as suas principais conquistas estão a recuperação da posse do terreno onde funcionava o Canecão e um bingo, em Botafogo, e a criação de um Plano Diretor com metas até 2020.
Pelo trabalho na reitoria da universidade, o economista recebeu, em março de 2004, o Prêmio Faz Diferença do jornal O GLOBO, na categoria Megazine. Ele foi escolhido por jornalistas, personalidades de diferentes áreas e internautas pelos projetos implementados para aproximar alunos do campus da UFRJ de comunidades vizinhas, como o Complexo da Maré. Na ocasião, Lessa elogiou o sucessor: "Tudo o que o Aloísio ganhar é merecido. É um belo economista, um belo professor, um bom dirigente universitário e um bom brasileiro".
Políticos e acadêmicos manifestaram pesar pela morte do ex-reitor. A presidente Dilma Rousseff divulgou nota lamentando a perda de um "importante pensador e colaborador da educação no país". Diz a nota: "Um brasileiro que abraçou a educação como grande instrumento de transformação da sociedade e fez do exercício de educar um compromisso de vida, como mostrou seu trabalho à frente da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lamento profundamente sua morte e associo o meu pesar ao dos seus familiares, colegas e alunos".
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também comentou o falecimento. Em nota divulgada pela assessoria de imprensa do MEC, ele disse que "o mundo acadêmico brasileiro ficou mais pobre. Aloísio Teixeira fará falta para a UFRJ e para a pesquisa brasileira".
Em outra nota de pesar, o atual reitor, Carlos Levi, disse que "o professor Aloísio imprimiu à UFRJ a marca do diálogo, da preocupação com o acesso universal ao ensino superior e, sobretudo, da reflexão, características de sua longa trajetória na administração pública e no ensino. Para ele, as ciências humanas e sociais deveriam ter a centralidade no processo de reestruturação da universidade, instituição indispensável para a construção de um projeto nacional sólido para a nação". Levi foi pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da universidade durante a gestão de Teixeira.
Aloísio Teixeira faleceu na manhã de ontem, vítima de um ataque cardíaco aos 67 anos. Ele passou mal em casa e chegou a ser levado para um hospital, mas não resistiu. O corpo do economista será cremado hoje, às 10h30m, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Teixeira deixa a esposa, a economista Beatriz Azeredo, cinco filhos e quatro netos.
FONTE: O GLOBO
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