Réu do mensalão nega que tenha ameaçado o ex-presidente Lula em encontros secretos
Thiago Herdy
SÃO PAULO . O advogado de Marcos Valério Fernandes, Marcelo Leonardo, decidiu não levar seu cliente a Brasília para acompanhar o julgamento do mensalão, cujo início está previsto para a próxima semana. Leonardo segue o exemplo dos outros defensores, que, nos últimos dias, vêm informando que seus clientes não assistirão ao julgamento no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Em geral, o objetivo é evitar a exposição dos seus clientes e qualquer sentimento de afronta aos ministros, além de seguir a tradição da Corte.
Leonardo finaliza os últimos detalhes da sustentação oral que fará em defesa de seu cliente. A apresentação vai durar uma hora e será uma síntese das alegações finais apresentadas no primeiro semestre deste ano.
A Procuradoria Geral da República sustenta que Valério foi o criador do esquema clandestino que financiou o PT e outros partidos governistas. Os recursos teriam sido obtidos por meio de empréstimos fictícios com os bancos Rural e BMG - que tinham interesse em decisões do governo Lula - e contratos de publicidade firmados com a Câmara dos Deputados e o Visanet, que tem o Banco do Brasil entre seus acionistas.
O advogado de Valério sustenta que os empréstimos foram regulares, que não houve desvios na execução dos contratos de publicidade e que todos os serviços contratados às agências de Valério teriam sido prestados. O dinheiro distribuído aos políticos teria sido usado para pagar dívidas contraídas em campanhas eleitorais, e não para comprar votos no Congresso.
Leonardo alegará que, apesar de ter o Banco do Brasil como sócio na época em que a agência de Valério recebeu recursos, o Visanet (atual Cielo) não teria lidado com recursos públicos, mas privados.
- Há prova pericial e testemunhal de que o dinheiro do Visanet é privado. Até os peritos da Polícia Federal afirmam isso - sustenta Leonardo.
Operador do mensalão é amigo de diretor do Instituto Lula
Valério é acusado dos crimes de formação de quadrilha, lavagem ou ocultação de dinheiro, corrupção ativa, peculato e evasão de divisas.
O advogado do operador do mensalão negou ontem que seu cliente esteja ameaçando falar sobre encontros secretos que teria mantido com o ex-presidente Lula, tema de reportagem da revista "Veja" desta semana. Segundo a revista, Valério manteria encontros com Paulo Okamotto, que dirige o instituto Lula.
- (Valério e Okamotto) São pessoas que se conhecem há muitos anos, há mais de dez anos. A revista já plantou notícias falando que Valério fazia chantagens contra Lula e isso nunca se revelou verdadeiro. Usa o nome de Valério com afirmações divorciadas da realidade - disse Leonardo.
À revista, Okamotto reconheceu manter contato com Valério, mas disse que os encontros envolvem discussões genéricas sobre política.
De acordo com o portal "Terra", Valério também negou o teor da matéria da "Veja" ontem, ao ser abordado por um repórter quando caminhava em Belo Horizonte.
- Eu sou igual ao doutor Delúbio, nunca endureci o dedo para ninguém e não vai ser agora, às vésperas do julgamento - afirmou Valério, ao ser perguntado sobre ameaças a Lula.
FONTE: O GLOBO
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