Rosana Hessel
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) acompanhou o mercado e anunciou ontem corte na projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma de toda a produção de riquezas) neste ano. O agravamento da crise na Europa e a ineficácia das recentes medidas do governo para estimular a economia por meio do aumento do consumo fizeram a entidade reduzir a estimativa de 3%, projetada em março, para 2,1% no informe conjuntural relativo ao segundo trimestre, divulgado ontem. O PIB da indústria, segundo a instituição, crescerá menos ainda: 1,6% em vez dos 2% previstos no relatório anterior.
"Essas estimativas estão mais realistas e mostram que as recentes medidas adotadas pelo governo não serão suficientes para ajudar a economia a retomar o crescimento e aumentar a competitividade da indústria", disse o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco. "Temos problemas de demanda, crédito e tributação, além da crise global. As ações que o governo vem tomando são corretas, mas de curto prazo. Elas precisam ser complementadas por iniciativas que reduzam os custos de produção", completou.
Nesse sentido, o economista vê com bons olhos os estudos do governo para reduzir os custos da energia para o setor produtivo. "Será uma medida de longo prazo, com efeitos significativos. A energia é um custo extremamente relevante para a indústria, mas, em função da tributação, é uma das mais caras do mundo. Isso prejudica a competitividade dos produtos nacionais", afirmou Castelo Branco. Cerca de 50% da conta de luz são de encargos e impostos, e a redução desse ônus é uma das reivindicações frequentes de industriais à presidente Dilma Rousseff.
Pelo menos três desses encargos podem ser extintos pelo pacote que deverá ser anunciado pela presidente no próximo encontro com empresários, provavelmente em 7 de agosto. Outra providência será a revisão dos contratos de concessão de hidrelétricas que devem ser renovados partir de 2014, visando ao barateamento das tarifas de energia.
No relatório divulgado ontem, a CNI elevou a previsão de taxa de câmbio para dezembro de R$ 1,80 para R$ 1,94. Apesar do dólar mais valorizado desde o início do ano, a entidade reduziu a estimativa de exportação de US$ 275,4 bilhões para US$ 263,2 milhões, ou seja, apenas 2,7% acima do valor embarcado em 2011.
Brasil ameaçado no Brics
Criador do termo Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o presidente do Goldman Sachs Asset Management, Jim O"Neill, disse ontem que a posição do país no grupo pode ser questionada se o seu crescimento econômico não acelerar nos próximos anos. "O que acontecerá em 2012, em termos de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), não é tão crucial. Mas, nesta década, o Brasil precisa recuperar uma taxa de crescimento mais forte rapidamente. Se isso não acontecer, então o poder do B no termo Brics começaria a parecer um pouco questionável", disse. Ele acredita que, mesmo com a desaceleração da atividade neste ano — o avanço deverá ser de, no máximo, 2% —, o crescimento médio da economia brasileira nesta década deverá ficar entre 4,5% e 5%.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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