Agências reguladoras também param por reajuste salarial. Na GM, metalúrgicos protestam contra fim de linha de montagem
Geralda Doca, Lino Rodrigues*
SÃO PAULO e BRASÍLIA. Os funcionários da Eletrobras entraram em greve ontem, depois de não terem conseguido o aumento salarial solicitado, e querem a retomada das negociações, informou o secretário de energia da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Fernando Pereira. Também cruzaram os braços os funcionários das agências reguladoras, enquanto metalúrgicos da General Motors (GM) fizeram uma paralisação de 24 horas.
- Paramos por tempo indeterminado até o governo autorizar a reabertura das negociações - disse Pereira , da FNU, à agência de notícias Reuters.
Os trabalhadores pedem aumento salarial de 10,73%, enquanto a Eletrobras ofereceu 5,1%. Pereira disse que a adesão ao movimento "é boa", com praticamente todos os funcionários das 14 empresas do grupo parados. A exceção fica por conta dos 30% necessários para manter as atividades de operação e outras essenciais.
Ele disse ainda que os trabalhadores querem discutir a estrutura da empresa, que, segundo a FNU, tem cerca 20 mil terceirizados, além dos 27 mil contratados.
Sobre a paralisação dos funcionários das agências reguladoras, o Sinagências, sindicato da categoria, estima que metade dos sete mil servidores das dez agências, mais o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), cruzem os braços.
Segundo a a entidade, além do DNPM já aderiram os funcionários da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Agência Nacional de Transportes Aquaviários.
O diretor do Sinagências, Ricardo Holanda, disse que os fiscais da Anvisa suspenderam os trabalhos nos principais aeroportos do país. Somente estão sendo liberados produtos de emergência para UTI e transporte de órgãos.
Os funcionários da Anatel pararam em São Paulo, Bahia, Rio e Acre, enquanto os da Anac pararam em São Paulo e os de Aneel e Antaq, em Brasília. Os do DNPM estão parados em 16 estados.
Holanda disse que, além do reajuste de 22,08%, a título de reposição salarial desde 2008, os funcionários pedem mais investimentos nas agências e reforço do quadro de pessoal. Segundo ele, há meses o sindicato tenta, sem sucesso, negociar com o Ministério do Planejamento:
- O governo se recusa a negociar e empurrou os trabalhadores para a greve. A mesa de negociação com o Planejamento é só enrolação.
O ministério informou que as negociações vão continuar e que, mesmo com a greve, nenhuma agência está paralisada.
GM fez paralisação
Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, os metalúrgicos da GM fizeram uma paralisação de 24 horas contra os planos da montadora de encerrar a produção no setor de Montagem de Veículos Automotores (MVA), onde são feitos Corsa, Classic e Meriva. O setor emprega 1.500 funcionários. Na sexta-feira, a GM havia anuciado o encerramento da produção da Zafira, da mesma linha de montagem. Segundo o sindicato local, com a paralisação, que englobou os 7.500 empregados da unidade, deixaram de ser fabricados 750 veículos.
O diretor de assuntos institucionais da GM do Brasil, Luiz Moan, se disse "surpreso" com a paralisação e acrescentou que a montadora vai entrar com ação na Justiça do Trabalho pedindo a reparação dos prejuízos.
Sobre as demissões na MVA, Moan afirmou que elas não passam de boato e que qualquer decisão será tomada na reunião com o sindicato no fim deste mês.
* Com agências internacionais
FONTE: O GLOBO
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