Marco Maia afirma que "não houve pagamentos mensais" a deputados; para senador Jorge Viana, PSDB criou esquema
Pela primeira vez desde que se aliou ao PT, o prefeito Eduardo Paes diz não ter dúvida da existência do esquema
Gabriela Guerreiro e Erich Decat
BRASÍLIA - Congressistas do PT romperam ontem o silêncio sobre o julgamento do mensalão. O presidente da Câmara, Marco Maia, (PT-SP) classificou de "falácia" a acusação de que houve compra de votos de políticos para apoiar o governo Lula entre 2003 e 2005.
Na segunda, o relator do processo, Joaquim Barbosa, afirmou que deputados e partidos receberam dinheiro para garantir apoio no Congresso.
"Ontem me chamou muita atenção o fato de voltar a essa tese, com muita força, do mensalão. Eu, por exemplo, acho isso uma grande falácia", afirmou Marco Maia.
"Não houve pagamentos mensais aos deputados do PT. Eles não tinham necessidade de votarem com o governo."
O STF está julgando os pagamentos a deputados do PP, PL (hoje PR), PTB e PMBD por orientação, segundo a denúncia, de Delúbio Soares, José Genoino e José Dirceu, então ministro da Casa Civil de Lula.
No Senado, o petista Jorge Viana (AC) reconheceu a existência da compra de votos, mas afirmou que o esquema tem a digital do PSDB que, segundo ele, deu início ao "valerioduto" no governo de Eduardo Azeredo (PSDB) em Minas. "Alunos mal aplicados" do PT, disse, tentaram copiar o modelo tucano. "Não estou querendo apagar algo que é real."
Na Câmara, o secretário de comunicação do PT, deputado André Vargas (PR), disse que há uma "tentativa de linchamento moral de pessoas e partidos políticos" no acompanhamento em "tempo real" do julgamento do STF.
As manifestações dos petistas ocorrem um dia depois de o partido conclamar a militância a defender Lula. Reportagem da revista "Veja" diz que Marcos Valério acusa o ex-presidente de chefiar o esquema.
Após ameaçar entrar com pedido de investigação contra Lula no Ministério Público, DEM, PSDB e PPS decidiram esperar o fim do julgamento.
Ontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que as provas são "fartas" para a condenação de Dirceu, Delúbio e Genoino.
O prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB), disse não ter dúvida de que o esquema existiu. É a primeira vez que ele, que tenta a reeleição, reafirma essa posição após aliar-se ao PT.
Ex-secretário-geral do PSDB, Paes foi sub-relator da CPI dos Correios, que analisou o caso. "Não há dúvida de que houve. Imagina. Eu escrevi aquele relatório", afirmou ao "RJTV", da TV Globo.
Colaborou a sucursal do Rio
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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