O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, com o objetivo de afirmar-se dentro do PT e disputar espaço no governo Dilma (às vésperas de deixar o cargo no final de janeiro próximo), empenha-se em propor que a instituição se envolva num conflito com o STF, tentando dissimular como defesa de autonomia institucional contra ato antidemocrático de outro Poder (a exemplo de ações do Executivo no período do regi-me militar) o uso do Congresso para a garantia de impunidade à prática por alguns de seus integrantes de grosseiros crimes de corrupção, devidamente apurados e punidos por decisão do Judiciário, a ser concluída hoje. A imprensa registra que o candidato do PMDB à presidência da Casa, Henrique Eduardo Alves, tem ignorado completamente a cruzada “autonomista” de Marco Maia, nenhuma manifestação fazendo a respeito.
Distanciamento com o qual, decerto, ele leva em conta, de saída, dois problemas que teria pela frente (se tivesse ou tiver que lidar com tal conflito no começo de sua gestão, avaliada como amplamente provável). Primeiro – o constrangimento de muitos parlamentares no convívio com três ou quatro colegas obrigados a recolher-se à prisão ao fim de cada dia, até em meio a deliberações. Segundo, e mais grave, o forte desgaste adicional da imagem do Congresso, especialmente de sua Casa, na opinião pública. E a essas motivações soma-se o interesse da direção do PMDB de distinguir-se, o mais possível, dos efeitos do mensalão.
Quanto ao maior desgaste da imagem do Legislativo com a proteção a mensaleiros, os danos transcenderiam as preocupações partidárias dos peemedebistas em face de sérias implicações institucionais que eles teriam.
“Brasil cresce pouco e fica para trás na América Latina”
Trechos de reportagem do Valor, de anteontem, com a chamada acima e o subtítulo “No biênio 2011-2012, PIB do país tem alta média de 2%, e o continente, como um todo, expansão de 3,8%”: “Dados compilados por Armando Castelar, pesquisador da FGV, e outros pelo próprio Valor, especialmente no site da Cepal, mostram que, em grande parte dos indicadores, o Brasil perde para as economias mais abertas e robustas da região. A taxa de investimento como projeção do PIB é, no período 2005-2011, a menor, 18.7% ao ano, contra 22,5% do Chile, 22,7% da Colômbia, 25,2% do México e 22,8% do Peru”. E, já na abertura da reportagem: “Com a ajuda das projeções do FMI. Castelar mostrou que no biênio 2011-2012, enquanto o Brasil cresce a uma taxa média de 2% ao ano, o Chile chega a 5,1%, a Colômbia a 5,3%, o México a 3,8% e o Peru a 6,2%”. Mais adiante: “O momento na visão do economista, é propício para que se abra um debate sobre o modelo econômico, que ele considera um híbrido entre os mais estatizantes, como o da Venezuela, e os mais abertos, como os do Chile, México, Peru e Colômbia”.
Homenagem a cassados pelo golpe de 1964
Parte da mensagem (de agradecimento) que dirigi à Câmara Municipal do Recife a respeito de ato de “devolução simbólica” de mandatos de vereadores cassados, entre os quais o meu:
“O melhor significado que atribuo a atos, como este, de homenagem a detentores de mandatos populares cassados pelo golpe de 1964 e por seus desdobramentos, é o de valorização do pluralis-mo democrático e dos instrumentos institucionais e sociais que o sustentam. Entre os quais destaca-se a liberdade de imprensa, que precisa continuar a ser exercida em sua plenitude no Brasil, com o rechaço a tentativas de restrições que estão sendo feitas a pretexto de “controle social”, inspiradas – na verdade – em projetos autoritários.”
Jarbas de Holanda é jornalista
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