MENSALÃO - O JULGAMENTO
Empresário reclama, entretanto, que integrantes do Ministério Público Federal nem 'tocaram nos papéis'
Entre os documentos está repasse a empresa de ex-assessor de Lula, dado identificado pela CPI dos Correios em 2005
Catia Seabra, Andreza Matais, Reynaldo Turollo Jr.
BRASÍLIA - Operador do mensalão e condenado a mais de 40 anos pelo caso, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza disse à Folha que entregou ao Ministério Público Federal documentos comprovando acusações feitas em seu novo depoimento, que envolvem o ex-presidente Lula no escândalo.
Em resposta aos que desqualificam suas acusações, Valério afirmou que os documentos foram entregues em setembro, quando falou à Procuradoria. Numa breve declaração, queixou-se: "Os procuradores não tocaram nos papéis que deixei lá".
A Folha apurou que, entre os documentos, está o registro de depósito dos R$ 98,5 mil que, diz Valério, foram usados para pagamento de despesas pessoais do ex-presidente Lula na posse e no primeiro mês de seu primeiro governo.
O cheque foi destinado à empresa de segurança Caso, de Freud Godoy, ex-assessor pessoal de Lula.
Esse depósito já havia sido identificado pela CPI dos Correios, aberta para apurar o caso em 2005, mas na época Valério nada disse.
Segundo a Folha apurou, não há registro do que foi comprado com o dinheiro repassado. Em depoimento, Freud alegou que o recurso foi empregado em gastos com segurança da posse.
Procurada, a defesa do empresário não detalhou que outros papéis foram entregues.
Foro
Condenado a 40 anos e quatro meses de prisão por ter operado o esquema, Valério responsabiliza o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha pelo desfecho do processo, com 25 condenações.
A interlocutores, Marcos Valério afirma que o processo não teria o mesmo resultado caso fosse julgado em primeira instância, com possibilidade de recursos.
Advogado de Valério, o criminalista Marcelo Leonardo conta que chegou a articular no Congresso a aprovação de emenda constitucional que dava fim ao foro privilegiado, que define o STF como tribunal para o julgamento de parlamentares.
Liderados por Dirceu, os petistas, no entanto, orientaram a bancada do partido a não dar quorum para votação do texto. A defesa pediu cinco vezes desmembramento do processo para que Valério fosse julgado em primeira instância, sem sucesso.
Fonte: Folha de S. Paulo
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