Em reação à oposição, que quer ouvir Lula no Congresso, governistas decidem convocar para depor o ex-presidente e o procurador-geral
João Domingos
BRASÍLIA - Numa clara retaliação às opo¬sições, que tentam ouvir Rose¬mary Noronha, ex-chefe de ga¬binete da Presidência em São Paulo, e o empresário Marcos Valério, o líder do PT na Câma¬ra, Jilmar Tatto (SP), e o sena¬dor Fernando Collor (PTB-AL), fizeram uma dobradinha e aprovaram convite para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o procura¬dor-geral da República, Rober¬to Gurgel, compareçam ao Congresso.
"Se eles querem guerra, vão ter", disse Tatto na saída da reu¬nião da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, onde foram apro¬vados os requerimentos. Antes, os partidos da base conseguiram adiar a votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, de requerimento de con¬vite para que Valério fale sobre o depoimento prestado à Procuradoria-Geral em 24 de setembro, revelado pelo Estado, no qual afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve despesas pessoais pagas pelo esque¬ma do mensalão. Tatto é autor do requerimen¬to relativo ao ex-presidente, no qual pede que o tucano explique "as informações contraditórias sobre documento relativo a doa-ções a agentes políticos" que te¬riam sido feitas pela empresa Furnas Centrais Elétricas. O do-cumento veio a público durante a CPI dos Correios, em 2005. Laudo da Polícia Federal diz que o documento é falso.
Gurgel. O convite ao procura¬dor-geral é de autoria de Collor, também presidente da Comissão de Atividades de Inteligência. O senador quer que Gurgel dê expli¬cações sobre o uso de meios de inteligência nas Operações Ve¬gas e Monte Carlo, da Polícia Fe¬deral, ambas responsáveis por desmantelar a rede de corrupção e tráfico de influência mantida pe¬lo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na CPI do Cachoeira, Collor já havia escolhido o procurador co¬mo alvo de convocações, mas foi derrotado pela maioria do cole¬giado nas tentativas.
Na mesma sessão da Comis¬são de Atividades de Inteligên¬cia que aprovou os requerimen¬tos de convite para Fernando Henrique e Gurgel, a oposição j tentou aprovar requerimentos com a mesma finalidade para ou¬vir os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Luís Inácio [ Adams (Advocacia-Geral da União) e Rosemary Noronha. * Mas o bloco foi derrotado pelos governistas.
Essa comissão tem por finali¬dade fiscalizar as atividades de inteligência. Todos os requeri-mentos, tanto os da oposição I quanto os dos governistas, usaram de artifícios e subterfúgios para conseguir encaixar no seu conteúdo alguma relação com as ; atividades de inteligência.
Jilmar Tatto, que tem lugar na comissão por acumular a função de líder da maioria na Câmara, reconheceu que foi a primeira que vez que compareceu a uma de suas sessões. Disse que gos¬tou. "É a primeira vez que participo desta comissão e gostei. Acho que vou voltar mais."
Por terem sido convidados, e não convocados, Fernando Hen¬rique e Gurgel não precisam comparecer ao Senado. O líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), disse que, se for procurado pelo ex-presidente, vai aconse¬lhá-lo a agradecer à gentileza do convite, mas a dizer que não sa¬be nem do que trata a chamada "lista de Furnas".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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