Estelita Hass Carazzai
CURITIBA - Líder emergente no PSDB e amigo do senador Aécio
Neves (PSDB-MG), o governador do Paraná, Beto Richa, diz que o governo federal
está "politizando qualquer assunto" desde o fim da campanha eleitoral
deste ano.
Em entrevista à Folha, Richa saiu em defesa
dos Estados que não aderiram à renovação dos contratos de concessão do setor
elétrico, proposta pelo Planalto.
Para ele, o governo federal tem tirado receitas e
"enfraquecido sistematicamente" Estados e municípios. Chamou Aécio de
"pré-candidato", disse que torce pela união entre o tucano e o
governador Eduardo Campos (PSB-PE) e defendeu um novo pacto federativo, além da
distribuição dos royalties do pré-sal --numa prévia do discurso tucano em 2014.
Folha - FHC e Sérgio Guerra lançaram o senador
Aécio Neves à Presidência. O PSDB acerta em antecipar a escolha?
Beto Richa - Sim. Há
um grande espaço que deve ser ocupado por um candidato de oposição. O Aécio se
encaixa bem nesse perfil.
Avalia ser possível uma aproximação com o PSB de
Eduardo Campos?
É viável. O Eduardo Campos é um excelente nome. Se
houvesse a união das oposições em torno dele e do Aécio, seria uma candidatura
forte. Sei que eles têm se falado. Torço por isso. O importante é que haja um namoro,
e depois discutir quem seria o cabeça de chapa.
Aécio fez pronunciamentos incisivos contra o
governo federal esta semana. Ele está certo ao ir nessa linha?
Está certo. Inclusive [a mudança no setor elétrico]
é um bom assunto para ele se pronunciar. É uma barbaridade do governo federal.
Como também discordo do veto à distribuição dos royalties do pré-sal. Temos
assistido o governo federal enfraquecer sistematicamente
Estados e municípios, tirando receitas. Parece que
querem Estados e municípios cada vez mais dependentes, de pires na mão.
A mudança da tarifa de energia gerou reação dura do
governo federal e dos Estados governados pelo PSDB. 2014 já começou?
Era esperado que, depois das eleições municipais,
já se iniciasse a campanha de 2014. Agora, qualquer assunto eles [governo
federal] estão politizando. Disseram que os Estados foram insensíveis ao não
aderirem à medida do setor elétrico. É o contrário. Estão tirando recursos da
segurança, educação, saúde e desorganizando todo o setor elétrico.
O sr. falou de royalties. O Paraná irá ao Congresso
pedir o veto do veto?
Vamos nos somar aos outros Estados. Acho injusto,
porque o petróleo é uma riqueza nacional. Por que os benefícios ficam só com
três Estados, e os investimentos com todos os brasileiros? Concordo que deve
haver compensações. Mas será trabalho árduo, porque o governo vai jogar pesado
nisso, por interesse político. Eles têm um reduto forte no Rio de Janeiro.
O sr. tem sido criticado por lentidão das ações de
seu governo, e já disse que vai mudar secretários em janeiro.
Ainda não está no ritmo que gostaria. Mas é bom em
função das condições em que eu recebi o Estado. Acho que ainda pecamos na
divulgação. Os petistas, nossos adversários, são experts nisso.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que o PSDB
está sendo coadjuvante no Paraná e que a derrota na eleição em Curitiba foi um
"castigo merecido".
Não quero polemizar com ele. Ele tem cumprido um
bom papel lá em Brasília. Em relação ao Paraná, ele tem a opinião dele e eu, a
minha. O PSDB foi o partido que mais elegeu prefeitos no Estado.
Fonte: Folha de S. Paulo
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